Capítulo 4 - 3 de julho (Pedro)

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                                                                                                                                               3 de julho de 2016

Meu caro caderno preto,

Estou a morrer de sono. Quase que me atrevo a dizer que é "literalmente".

Eram umas três e meia da manhã quando cheguei a casa, já mais para lá do que para cá. Para te ser sincero, nem me lembro como cheguei ao quarto. Terei subido as escadas de gatas? Olha que não seria a primeira vez...

Bem... não penses que andei propriamente na má vida. Não! Até porque já houve alturas em que cheguei a casa quase a tempo de ver a lua aparecer no céu do dia seguinte.... Eu estou é quase a morrer por ter acordado ainda não eram oito da manhã para estudar. Em pleno domingo e muito antes de todos acordarem cá em casa! (Devo estar mesmo queimado para fazer isto.... Ai vida!)

Voltando ao que me levou a escrever-te tão cedo: a noite de ontem. Pois bem, eu disse que te contava as coisitas todas, incluindo umas eventuais aventuras e é o que pretendo fazer. Bem... para ser sincero não aconteceu nada de mais. Não andei aos beijos, nem dei uso aos preservativos que pus na carteira antes de sair de casa. Naaaada disso! Mas a noite em si foi porreira, sabes? Estava a precisar deste convívio com os meus amigos. Um convívio em que Gestão não fosse a nossa acompanhante. Eles também estão preocupados com os próximos exames, mas, na noite de ontem, a universidade foi um assunto como que tabu. Dançámos (tentei pelo menos), bebemos (litros, infelizmente) e fomos dando cenário em plena Praça Rodrigues Lobo (já agora, a noite em si estava fantástica e a organização fez, sem dúvida, um trabalho excelente! Só a maneira como as luzes pareciam pulsar nos candeeiros de papel fazia valer a pena ter saído de casa. Como se eu também precisasse de muitos motivos...).

Estou a ouvir barulhos no quarto do meu irmão, pelo que é uma questão de tempo até ele aparecer no meu quarto a vangloriar-se que está de férias, por isso deixa-me apressar isto...

A música estava a bombar. As cervejas eram as nossas damas da noite, mas foi precisamente quando acabara de beber uma, que uma rapariga foi de encontro ao Carlos. Coitada! Devias ter visto!!! Ao contar-te agora não posso negar a força que faço para não me rir. O Carlos, que nos últimos tempos se tem refugiado no álcool, estava tão atónito que, primeiro que se apercebesse do que tinha acabado de acontecer, demorou eternidades.

Que fiz eu? Podes perguntar tu. Ora eu, elegante como sou (desculpa já esta autoestima, o cansaço traz à tona o parvo que há em mim), estendi-lhe a mão.

E foi aí que a minha noite ganhou significado.

Ok! Eu sei que parece estúpido... e não sei se os meus pensamentos estavam a ser toldados pela bebida (o que é ALTAMENTE provável), mas as mãos dela! Quero eu dizer, quando a agarrei... tão macias. E as suas unhas, contrastando com a minha pele morena, excitaram-me tanto. Fiquei com vontade de, ao puxá-la para cima, a agarrar contra o meu peito musculado (outro elogio... acho que ao terceiro me atiro da janela) e de sentir a sua respiração no meu pescoço.

Agora perguntas novamente:

- E que fizeste tu, seu bêbado?

Olha... eu controlei-me e, bem... ajudei-a a levantar-se. Foi nessa altura que o Carlos, tomou consciência do que tinha acontecido, se aproximou e "ajudou-me" com a rapariga.

Ela ficou encantada com ele... acho que foi este pensamento que me fez acordar cedo. Sonhava constantemente que me perdia nos seus olhos verdes, como se labirintos fossem para um jardim que há muito aguardava ser descoberto.

Quando conseguir, prometo contar-te o resto. Já estou a ouvir os passos daquele piolho, no soalho, a caminho daqui.

Até à vista, meu compincha,

Pedro

P.S.: Ficas Comigo? (Nova Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora