Capítulo 30 - 25 de julho (Sofia)

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25 de julho de 2016

Meu diário,

Parece que toda aquela alegria que me moldou recentemente, desapareceu. Sinto-me novamente "eu" mesma. Acho que foi uma alegria provocada pelo meu estado depressivo de há dias. Confesso que não sabia que, a memória do que aconteceu à minha irmã, tinha ainda tanto poder sobre mim. Mas, sou estúpida também. Ela será sempre a minha irmã. A dor irá acompanhar-me sempre.

Mas agora sinto-me renovada. Sinto que, de alguma maneira, consegui aceitar o que aconteceu. Aceitar o possível, claro. Mas, ainda assim, o suficiente para me fazer querer sorrir. O suficiente para afastar o pânico que sentia sempre que passava pela porta do seu quarto. E, na verdade, estou precisamente a escrever-te em cima da cama dela. Ainda está tal e qual como ela a deixou. O luto dos meus pais é diferente do meu, é certo, mas, agora, todos nós achámos a melhor maneira de lidar com a sua partida.

A minha mãe está radiante por voltar a ver vida nos meus olhos e o meu pai é incapaz de não me abraçar, todas as manhãs, ao me ver. Voltei a sentir-me, sem dúvida, integrada na família.

E é com essa confiança que eles me deixam ir também. Me deixam ir porque sabem que irei voltar, sempre. Irei passar uns dias a casa das Gémeas. Umas noites de raparigas. Falar de roupa, unhas, desporto, histórias de terror, chorar a ver pela milésima vez A Melodia do Adeus e o Austrália e rir das comparações parvas que fazemos com as pessoas da nossa turma. Mas gostamos muito delas todas, claro. Talvez por aqui até se fale de rapazes..., mas, agora, falar deles é algo que, sinceramente, não me apetece.

Claro que poderás perguntar pelo Pedro. E estás no teu direito. Mas não sei até que ponto desenvolver uma paixoneta por ele, ou uma amizade, estando ele tão presente na vida do C... do Carlos, seria o melhor para mim.

O melhor é mesmo esperar pelos próximos capítulos desta história. Não irei fazer mais planos. Não vale a pena. Serei feliz à minha medida. Deixarei de tentar. Irei antes abraçá-la. Abraçar a felicidade que me rodeia, pelas pessoas que me rodeiam. É delas que sou feita. E sem elas, tinha-me, sem dúvida, perdido...

Beijinhos,

Sofia

P.S.: Ficas Comigo? (Nova Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora