28 de julho de 2016
Meu diário,
Já passaram alguns dias e a conversa que tive com o Carlos não fez por me deixar. Contudo, tenho de admitir que, isso, é mera culpa minha.
Penso na conversa ao acordar, ao olhar para o telemóvel, ao tomar banho, ao comer e, mais recentemente, ao correr.
Antigamente corria sem destino. Os meus pés é que me conduziam.
Ontem não foi assim. Ontem foi o meu cérebro, comandado pelo meu coração (se é que isto em termos biológicos faz qualquer sentido), que me levou até às imediações da casa da Sofia. Quando me apercebi, voltei a dar uma volta ao quarteirão, tentando afastar-me. Claro que isso não aconteceu.
Que ingénuo que tinha sido.
Voltei lá! E não voltei a correr. Obriguei-me a parar. A olhar para a casa. Para as suas janelas. Pensei ainda, por diversas vezes, se ela estaria atrás de uma. A olhar para a rua. A olhar para mim...
Claro que culpei o cansaço. Mas quem queria eu enganar, diário?
E foi com isso em mente que fiz o impensável: toquei à campainha.
Sei que, naquela altura, tudo o que queria era um buraco para me enfiar. Ou melhor, que os meus pés tomassem a iniciativa de me afastar dali para fora.
Mas isso não aconteceu e, depois do que pareceram ser uns cinco minutos, vendo que ninguém atendia à chamada do meu coração, afastei-me.
Teria sido um sinal?
Oxalá que fosse. Assim, poderia seguir em frente, novamente conduzido pelos meus pés. Infelizmente, sei que isso não acontecerá tão rapidamente. Sei que irei apenas seguir em frente, mas conduzido pelo meu coração.
Não vou fugir ao que sinto.
Mereço sentir.
Mereço seguir.
E quero conhecê-la. Preciso, urgentemente, de saber se o que ela me faz ao pensamento é passível de ser verdadeiro ou não. Se não se passa de uma paixoneta de verão, ou mesmo algum desejo sexual perverso escondido, algures, no meu inconsciente.
Achas que tenho razão, diário?
Seria bom se pudesses falar. Se o conseguisses fazer. És o único que sabe o que sinto. O único que sabe tudo desde o início. Que conhece os meus verdadeiros sentimentos.
Mas sabes, isto deu-me uma ideia!
Vou falar com o João. Confio nele e, não podendo falar deste assunto com o Carlos, quem melhor que o João?
É isso!
Até me sinto mais energético! Cheio de esperança. Ele irá ouvir-me. E, neste momento, é tudo o que mais quero.
Até mais,
Pedro
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P.S.: Ficas Comigo? (Nova Edição)
Teen Fiction««« Nesta nova edição, Diogo Simões reúne-se com a revisora Ana Ferreira para um revisitar da história que alcançou mais de 4 mil leituras. »»» Passaram cinco anos desde que aquilo aconteceu. Desde que... desde que "aquilo" me marcou para o resto da...
