Capítulo 47 - 4 de agosto (Pedro)

40 6 0
                                    


4 de agosto de 2016

Meu amigo,

Ontem foi dia de visitar também outro amigo, o João. Ele já pensava que eu tinha desaparecido, pelo que foi até bastante bom o tempo que estive com ele, para conversar e explicar tudo aquilo que se andava a passar. Sendo ele um excelente ouvinte e, igualmente, um bom conselheiro, ficou contente com esta minha nova etapa de vida. Contudo, não deixou de expressar surpresa e alguma relutância, por causa da situação com o Carlos. Por isso, foi tão imperativo contar-lhe da conversa que tivera com ele. Ele tinha de perceber com toda a clareza o que tinha acontecido. E percebeu-o.

Sei que deves estar a perguntar-te como correu o café e eu digo-te: mais para lá, do que para cá. Ou seja, mais para o lado dela, do que para o meu. E digo-te isto porque sinto que meti, por completo, os pés pelas mãos.

Lembras-te de te ter contado do encontro sexual que tive com a Júlia? A do programa Erasmus? Pois bem, as Gémeas devem ter comentando com ela e quase que me atirou aquilo à cara. Eu consigo percebê-la. E porquê? Porque foi quando estávamos a falar em ir correr novamente que ela mencionou a rapariga, perguntando se eu não a queria convidar e eu, "estupidoimbelicilburro" que sou, disse-lhe que tinha sido algo de "passagem". E ter dito isto a uma rapariga, que praticamente tinha saído de uma ("estranha" curta) relação, não era o ideal. Não a queria fazer sofrer! Não podia. Não só por mim, mas por ela e pela promessa feita ao Carlos...

Como deves calcular, o caminho para casa, em que ela teve a amabilidade de me trazer de carro, foi quase que feito em silêncio. Ambos tínhamos pedido desculpas um ao outro. Mas, tens de saber isto, diário: nós humanos somos muito complicados. E, apesar das desculpas, as palavras já há muito tinham sido proferidas. Era impossível esquecer. Quase impossível remediar.

Hoje fomos, então, correr. Foi estranho, no início. Ambos percebemos que estamos a entrar num território já, há muito, diferente do "território da amizade", mas após a primeira meia hora, rapidamente começamos a comentar o tempo, a nossa estação do ano favorita (a dela é o inverno, para poder estar abraçada aos cobertores), até aos filmes, artistas e comida favorita. Curiosamente, os nossos pratos favoritos passavam pelos italianos e, foi com isto que ela se lembrou de algo... (SIM! FOI ELA!!!), convidou-me para, depois do jantar, irmos comer um gelado italiano. Novamente ao pé da praça...

Fiquei mais que contente. Não esperava que ela tivesse a iniciativa, depois do momento constrangedor da noite passada. Mas fizera-o. E, advinha só, eu vou buscá-la! Fiz-me homem e disse que só ia se ela aceitasse que a fosse buscar. Ela conduzia maravilhosamente bem, digo-te já, mas agora era a minha vez.

- Queres mesmo ir a minha casa buscar-me? Não te dá trabalho? Eu posso...

- Eu vou... - retorqui, exausto pela longa e animada corrida. – Diz-me a que horas estás pronta e estarei lá!

E assim foi. Vou agora buscá-la. Vou mais cedo, porque não quero chegar atrasado. Não lhe quero dar uma má impressão minha. E, sabes que mais, vou bater à porta. Vou ouvir a campainha ribombar e esperar, ansiosamente, pelos seus pais abrirem a porta. Para me conhecerem. Para conhecerem, quiçá, aquele que será o futuro genro deles...

É isso! É isso mesmo!

Tenho de ir, meu companheiro. Prometo contar-te tudo!

Até amanhã,

Pedro


P.S.: Ficas Comigo? (Nova Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora