Capítulo 8 - 5 de julho (Sofia)

107 8 0
                                    

5 de julho de 2016

Olá diário,

Duas entradas no mesmo dia? Aposto que é nisto que estás a pensar. Até eu estou impressionada, mas é a verdade. E não somos os únicos impressionados! Os meus pais parece que ficaram radiantes ao vir a descobrir que me tinha ido encontrar com um rapaz. Claro que isto aconteceu graças à grande boca das M&M (a Marta e a Marlene, é como me refiro quase sempre a elas). Eu adoro-as, claro! Tanto como os chocolates (ok, os chocolates mais).

Voltando ao que interessa tive a "brilhante ideia" (leia-se estúpida ideia) de, ao entrar em casa, pousar o telemóvel na mesa do hall de entrada e o pôr em altifalante enquanto me descalçava. O que fiz foi até por uma razão válida, mas estava eu tão perdida no meu relato do (MARAVILHOSO) lanche que tive, que me esqueci que tinha os meus pais em casa de férias. Rapidamente trocaram os seus programas de televisão por esta nova novela da minha vida.

(Vou aqui contar-te uma pequena e muito, mas muito resumida história sobre mim e os meus pais. Nos últimos anos não nos temos vindo a dar bem. Falo com eles, sim. Amo-os. Imenso! Mas fui-me afastando. Não por culpa deles, é algo que tens de saber, mas por mim. Deves estar a perguntar-te se tenho esta consciência, porque não mudo (?). Esta é uma pergunta acertada, em que a resposta é, na verdade, simples. Não me sinto ainda capaz. Sei que já passou muito tempo, mas não consigo. Ainda parece que consigo ver aqueles olhos sem vida e sem vontade a olhar para mim. Não deves estar a perceber bem o que estou a dizer, mas agora não te consigo explicar melhor... desculpa!)

Rapidamente despachei os meus pais com uma gargalhada meio cínica e consegui escapulir-me para o meu quarto, depois de ter desligado a chamada na cara das Gémeas (muito provavelmente terei uma espera delas amanhã de manhã).

Voltando ao lanche. Foi fantástico!

Em primeiro lugar, tenho de realçar o quão diferente das mensagens ele é. Atenção que não é para pior! Ele é bastante seguro de si mesmo e foi com essa segurança que se aventurou, com sucesso, a fazer-me rir com ele. Contudo, não pude deixar de ficar perplexa por ele me querer já pagar o lanche, uma deliciosa waffle que ele fizera questão de me oferecer:

- Vá lá! Não sejas teimosa! – retorquiu ele afavelmente. – Olha que, se não me deixares pagar, acho que terei de te roubar um beijo.

Eu ria-me, feita parva. E ele... bem, ele rapidamente percebeu que teria mesmo de se ficar pelo "pagar". Mas posso jurar-te, meu diário, que a minha atitude até o deixou mais contente consigo mesmo. Não sei se estás a perceber bem o que estou a querer dizer. Acredito que possa estar um pouco confusa, mas isto tudo é completamente novo para mim. Estou completamente fora de mim. E sabes o porquê? Porque mesmo após umas duas horas a conversar sobre o que ambos estávamos a estudar, bem como de algumas histórias divertidas passadas nas salas de aula, depois de ter pago o lanche, como que se calou. Não de uma maneira abrupta, mas claramente que aquilo fazia parte da sua estratégia de sedução. E digo-te isto porque, se se tinha calado verbalmente, fisicamente falava. E muito! Desde uma tentativa bem-sucedida de acariciar a minha mão, até à presença constante do seu corpo junto ao meu com cada passo que dava.

Deixou-me duas ruas antes da minha casa – por uma razão que não queria admitir, queria manter a minha casa privada - e, antes de se despedir educadamente, beijou-me calorosamente a bochecha e piscou-me o olho.

- Desculpa estar calado no regresso..., mas é raro encontrar alguém com quem me sinta confortável no silêncio. Tu és uma dessas pessoas... até me fazes lembrar...

Vi-o abanar a cabeça, claramente a afastar um pensamento que parecia há muito esquecido, e pegou-me na mão, beijando-a.

– Até mais logo, Sofia.

Vi-o afastar-se de mim, com o coração aos pulos pela maneira com que tinha sussurrado o meu nome.

- Acho que me estou a apaixonar – silabei para mim.

E, vendo-o afastar, comecei alegremente a caminhar até minha casa.

Beijinhos,

Sofia

P.S.: Ficas Comigo? (Nova Edição)Onde histórias criam vida. Descubra agora