19 de julho de 2016
É engraçado, sabes?
É engraçado como a vida nos prega partidas.
Como se, de um momento para o outro, deixássemos de sentir aquele calor dentro de nós para passar a sentir um frio impiedoso. Como se aquela violenta chama da paixão, que nos movia, fosse extinta.
É assim que me sinto.
Já não tenho uma chama a aquecer-me. Já não tenho aquela vontade de acordar a sorrir pela manhã. Já não tenho vontade de ser feliz.
Não tenho vontade de tentar...
Já faz alguns dias que o Carlos terminou o que quer que tivéssemos.
Desculpa, não é bem assim.
Faz alguns dias que eu e o Carlos terminámos o que quer que tivéssemos.
E foi quase com um olhar que nos apercebemos do que estava a acontecer.
Desculpa também a minha ausência de organização em te transmitir o que quer que seja, mas este rompimento levou muito mais que isso.
Faz dias que parei de contar. Deixou-me exausta.
Contar o tempo que passou desde que senti o seu olhar sobre o meu, pela última vez.
Contar o tempo que passou desde que o vira sorrir para mim, pela última vez.
Contar o tempo que passou desde que, com o seu último olhar e sorriso, levou também o meu sorriso.
E ele levou parte do meu coração.
Se tu fores capaz de sentir, peço-te desculpa pelas marcas que as minhas lágrimas te estão a deixar. Mas isto é tão difícil.
Consigo pensar num milhão de razões para poder ficar com ele. Desde a sensação dos seus olhos nos meus, até ao calor das suas mãos ao envolverem as minhas. As suas piadas, os abraços, sorrisos e gargalhadas. Por me ter feito voltar a sorrir para a vida. Milhões de razões para tentar estar com ele. Mas tentar, como te disse, está difícil. Já percebeste o quão repetitiva estou. Estou assim por dentro também. O meu coração bate descontrolado, no meu peito, e os meus pensamentos são piores que um novelo de lã.
São milhões de razões para ficar com ele, mas bastou uma para acabar tudo. Para me voltar a atirar para o meu quarto e para estas paredes que tão bem conhecem o meu sofrimento.
Foi só uma que bastou...
Uma memória. Uma breve sinapse que atingiu a minha parte lógica e me destruiu com ela. Uma descarga elétrica que me fragmentou.
E não só por ter que dizer "adeus". Mas por me ter lembrado de tudo.
De ter lembrando o porquê de aquele olhar ser tão familiar. O porquê de o olhar do Carlos ter falado comigo.
Porque eu conhecera-o antes. Quando ele era um jovem apaixonado e feliz. Um jovem feliz e apaixonado pela minha irmã.
A minha Ana...
A minha irmã mais velha. Aquela que me orientou quando me ia abaixo só por uma simples paixoneta.
Ana, onde estás agora?
O que fui fazer eu? Apaixonar-me pelo teu antigo namorado.
Ele nunca mais foi capaz de amar depois de ti e ao conhecer-me...
Fui a única depois de ti.
A única por quem ele não se deveria apaixonar.
O destino é tão cruel. Porquê?
Porquê...?
Eu sei que ele se poderia apaixonar por mim. Sei que eu me poderia apaixonar por ele, mas..., mas seria tão estranho.
Mas...
A minha nova palavra amiga.
Eu gosto dele, mas não podemos ficar juntos.
Eu gosto dele, mas a minha irmã namorou com ele.
Eu...
Será que é mais que gostar?
Tudo isto é tão estranho.
É tão irreal!
Parece ser. E quem me dera poder acordar deste pesadelo.
Acredita, já me belisquei tantas vezes que deixei de sentir o braço. Na verdade, o que eu queria era deixar de sentir esta dor. Mas, deixar de a sentir, está longe de ser possível.
Sofia
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P.S.: Ficas Comigo? (Nova Edição)
Fiksi Remaja««« Nesta nova edição, Diogo Simões reúne-se com a revisora Ana Ferreira para um revisitar da história que alcançou mais de 4 mil leituras. »»» Passaram cinco anos desde que aquilo aconteceu. Desde que... desde que "aquilo" me marcou para o resto da...