25 de julho de 2016
Meu diário,
As raparigas são confusas. Decerto que isto seria algo que já deveria ter aprendido, mas ao que parece, ando redondamente enganado.
Como te disse, fui à praia hoje e encontrei-a! Parte de mim, aquela que se tinha apaixonado instantaneamente por ela, tinha desejado isso mesmo. Mas outra parte, uma que parecia tornar-se dominante, focava-se ainda nas dúvidas que tinha e que continuo a ter. A dúvida do motivo dela se ter, de repente, interessado por mim. Okkk... interessar não é, propriamente, a palavra acertada, mas acho que estás a perceber a ideia.
Encontrei-a na praia mal chegara. Podia jurar que estava exatamente no mesmo sítio e a fazer exatamente o mesmo. A pôr o protetor nas costas. Juro-te que, desta vez, deixei a minha imaginação fluir e não pude evitar ter de me distrair a montar o meu estaminé para ver se a "tensão" passava. Ainda fiquei um bom bocado a ler um dos livros que tinha para ler, mas foi quando estava a mudar da página 47 para a 48 que duas vozes me cumprimentaram. As Gémeas!
Juro-te! Elas estavam tão contentes..., não sei porquê! É uma verdade, mas lá me convidaram para ir para ao pé delas. Não fui de ânimo leve. Acredita em mim quando te digo que procurei demorar o máximo que podia com a toalha e o livro e tudo o mais. E porquê? Porque estava a tremer por dentro. Não sabia o que ela ia pensar. Não sabia o que significava para mim mesmo ter aceite.
Não sabia por mim.
E não sabia pelo Carlos. Estava aterrorizado se ele soubesse que andava a falar com a rapariga por quem ele nutria tanto carinho.
Mas fui. Fui, cumprimentei-a, e voltei à minha leitura. Claro que tirar os olhos dela era difícil. Desde o seu cabelo caído, às suas costas ainda com vestígios do protetor mal espalhado (como desejei passar os meus dedos por lá) e os seus seios, quando se ajeitava na toalha e lançava pragas à areia.
– Queres ir ao mar? – acabei por lhe perguntar, arrumando o livro e querendo, desesperadamente, afogar o stress que tomava conta de mim.
- Bora! – proclamou.
E não esperei mais. Ajudei-a a levantar-se e corremos pelo areal, até chegarmos ao mar.
Ela volveu o olhar para mim, de costas para o mar.
Parecia pensativa. Tão pensativa quanto eu.
Mas o pensamento acabou quando uma onda se aproximou e rebentou em cima dela.
- NÃO ME AVISASTE??? – berrou!
E eu ri-me. Perdido no divertimento de a ver daquela maneira. Completamente transtornada, mas com um brilho único no olhar.
- Desculpa... - articulei, abafando o riso.
Virou costas e atirou-se ao mar.
Sem medo. Sem qualquer réstia de receio.
E emergiu, ajeitando, num movimento escaldante, o seu cabelo.
Ela era forte. Destemida. Fazia-se, acreditava. Claramente que o seu olhar a traía de cada vez que me olhava. Perdida em pensamentos. Também ela deveria pensar o quão errado poderia ser estar ali comigo. A conviver com uma pessoa próxima ao seu antigo interesse amoroso.
Entrei, também, no mar, mergulhando e deixando o sal sarar as feridas da minha alma. Os dois sofríamos. E sofríamos de uma maneira tão diferente, mas, ao mesmo tempo, tão igual...
Saímos do mar, constrangidos pelos momentos trocados anteriormente, e deitámo-nos nas tolhas. Sem trocarmos uma palavra mais. A não ser quando nos despedimos, desejando um "até uma próxima", que obviamente, nos seus olhos, desejava que não fosse tão cedo.
E eu, diário... Eu moro na dúvida do que sentia, do que sinto e do que não deveria sentir.
Tenho de falar com o Carlos!
Sim! Tenho mesmo de o fazer! E de hoje não passa!
Até à próxima,
Pedro
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P.S.: Ficas Comigo? (Nova Edição)
Teen Fiction««« Nesta nova edição, Diogo Simões reúne-se com a revisora Ana Ferreira para um revisitar da história que alcançou mais de 4 mil leituras. »»» Passaram cinco anos desde que aquilo aconteceu. Desde que... desde que "aquilo" me marcou para o resto da...