30 de julho de 2016
Diário!!!!
Amanhã já é o último dia do mês e senti que ainda não fiz nada de jeito neste.
Ok, ainda tive uns exames e consegui tirar boas notas... sim, finalmente saíram e tanto o 13 como o 15,7 me souberam a mel. Finalmente, estou livre, livre disto tudo! Não poderia estar mais feliz e, sobretudo, descansado.
Essa felicidade traduziu-se também no meu irmão. Quem imaginaria que ele fosse ficar contente por mim? Aquele pirralho é, sem dúvida, único.
Vou contar-te uma coisa que achei curiosa da parte dele. Uma pergunta que me deixou, por momentos, sem resposta. Para perceberes bem, o meu irmão confia muito em mim. Cena de irmãos, não é? Acredito que também tenhas a mesma relação com os cadernos aqui do quarto (que comparação tão estúpida), mas percebeste o importante.
– Pedro... O que achas que deva fazer?
- Como assim?
- Sim... tipo, como é que soubeste para que curso seguir? Se escolhias Ciências ou Humanidades? Foram os pais que disseram? Que te...
- Não, Marco... - respondi, tentando abafar o riso ao perceber que ele estava mesmo a falar a sério. – Ouve-me... - disse-lhe, ajoelhando-me até ficar ao seu nível. – Tu é que escolhes! És o único com esse poder. Tu tens esse direito. Tal como Harry escolheu combater o mal, ao invés de se acomodar com base no que os outros o diziam.
- Tinhas mesmo de comparar com Harry Potter? – perguntou ironicamente, rindo-se.
- Escolhas o que escolheres, tens sempre apoio. E as tuas notas são até boas...
- MUITO BOAS!
- Sim, muito boas! Mas isso deixa-te escolher o que quiseres. Porque tu és bom em tudo! Tens de pensar o que gostavas de fazer... o teu sonho. Não há limites.
- E se escolher mal?
- Se escolheres mal voltas atrás! Aprendes com isso e depois segues em frente. E só tens de te orgulhar disso. De saber reconhecer o erro. De reconhecer que não estavas feliz a seguir esse caminho. Nunca te podes esquecer de uma coisa.
- Do quê?
- De que o caminho para voltar a casa, por mais longo que te possa parecer, estará sempre lá para ti!
Se havia coisa que admirava no meu irmão, era o quão fácil era falar com ele. Parecia, por vezes, tão sábio ou com dilemas tão... tão "adultos" que me espantava a maneira como depois os verbalizava. Possivelmente aprendia nos livros que lia. Adorava ler. Adorava ver as notícias e, no seu tempo no computador, vaguear pelas diversas enciclopédias online. E, vê-lo agora com estas perguntas, lembrava-me do quão difícil tinha sido também para mim. Não ter um irmão mais velho que me pudesse mostrar o caminho. Tive sorte com os meus pais, que me deixarem seguir o que queria. Que me fizeram pensar e refletir com as suas palavras, nas longas horas a conversar à mesa. A eles estava verdadeiramente grato e esperava que o meu irmão contasse agora com um apoio mais reforçado.
A conversa com o João também correu bem! Bastante bem. Tinha ficado incrédulo quando disse o que andava a sentir pela Sofia. Riu-se ainda na minha cara ao dizer-me: "Mas tu mal a conheces!"! E ele tinha razão. E também me ri disso, mas sem dúvida que me tinha escutado e aconselhado. E estou pronto para seguir o seu conselho. Atrever-me a falar mais com a Sofia. Agora que estou resolvido com o Carlos e comigo mesmo, a nível académico, tenho de tentar o meu lado pessoal.
E farei isso agora!
Ok! Depois de amanhã!
Segunda-feira, hei de correr por Leiria inteira. Hei de a encontrar. Nem que chegue ao final do dia com as pernas bambas de tanto correr. Sei onde mora, mas a ideia de a encontrar por Leiria acho mais satisfatória. Poderei juntar-me a ela. Começar por ser "um amigo de corrida". Abandonar a sua ideia de parceiro. E assim, quem sabe, evoluir para algo mais.
Mas verás! E saberás!
Abraço,
Pedro
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P.S.: Ficas Comigo? (Nova Edição)
Teen Fiction««« Nesta nova edição, Diogo Simões reúne-se com a revisora Ana Ferreira para um revisitar da história que alcançou mais de 4 mil leituras. »»» Passaram cinco anos desde que aquilo aconteceu. Desde que... desde que "aquilo" me marcou para o resto da...