LOUCA OBSESSÃO Livro 2

Prólogo

Prólogo Louca Obsessão 2

Ele era real e estava em minha porta. As mãos dentro do bolso da calça, a camisa azul impecável e uma jaqueta de couro preta. Era a mistura poética de um bad boy com um executivo de alto escalão. Não sabia o que fazer. As palavras fugiram de minha boca e a única coisa que veio em minha foi de fechar a porta. Sim, fechei a porta na cara do meu ex marido. Atitude infantil mas necessária. Precisava voltar ao meu estado normal e controlado, não estava disposta a voltar àquela dependência quase doentia. Não passei os dois anos fazendo terapia para agora fugir como uma garotinha medrosa. Respirei fundo e abri novamente a porta.

– Está frio aqui fora – Falou como se fossemos velhos amigos e não houvéssemos um passado triste juntos. Jamie sorriu e notei alguns hematomas que endureciam seu rosto. – Posso entrar?

– Melhor não – Olhei para mesa onde mamãe falava alegremente. Fechei um pouco mais a porta com medo que ela visse o homem parado em minha frente – Minha mãe está aqui e não quero mentir explicando sobre quem é você. Como deve saber, Lucia está comigo e amanhã peço que entre em contato com você para conversarem – Estreitou seu olhar e quase me perdi na imensidão dos seus olhos verdes.

– Quem é esse? – Meu plano de manter o Jamie afastado foi por água abaixo quando mamãe apareceu e escancarou a porta.

– Jamie? O que faz por aqui? – Grunhi quando escutei a voz de Lúcia em minhas costas.

– Essa pergunta é minha. O que diabos está fazendo aqui? Como é que simplesmente some como se fosse uma adolescente rebelde. Passei horas procurando por você. Cristo! Houve momentos em que pensei que estivesse morta em algum beco de Nova York – Conhecia aquele olhar assassino do Jamie e estremeci quando ele deu um passo à frente – Ah, Lúcia... Estou pensando seriamente em interna–la em um asilo.

– Eu limpei sua bunda branca e malcriada. Não se esqueça disso. E acho bom começar a me respeitar. Asilo... Vê se pode uma coisa dessa Vitória?

– Minha filha me internou em um manicômio como uma louca. Logo eu, uma dama do teatro. Cantei para o governador e industriais do mais alto nível, sendo jogada em um quarto branco com uma camisa de força.

– A senhora nunca usou uma camisa de força – Não me senti mal por suas queixas. Me acostumei a muito tempo com seu drama decadente de diva. Na verdade até ficava feliz com as suas reclamações. A muito tempo não tinha a minha mãe lucida.

– Detalhes... – Arrumou o cabelo e me afastou de onde tentava bloquear a passagem do Jamie – Deixe o rapaz entrar. Então é filho de Lucia? – Jamie entrou e ficou em minha frente. Os olhos não deixavam e me afastei querendo ganhar forças para não toca–lo. Lembrei de seus abraços e a sensação de proteção que me causava.

– Jamie não é meu filho – Lúcia esclareceu.

– É como se fosse – Ele estendeu a mão para minha mãe – Jamie Carter.

– Vitoria Menezes Cavalcante – Seu olhar quase brilhou – Você não me é estranho – Mamãe o cumprimentou – Ah! Lembrei – Quase gemi com o circo que iria se formar – Você foi namorado da Tita. Aquele da revista, lembra filha? O que inventaram que era seu marido. – Jamie me olhou e pareceu compreender que minha mãe não sabia de tudo.

– Ficamos juntos por um tempo – Ele esclareceu – Podemos conversar Lucia?

– Não irei para aquele lugar novamente – Não entendia de onde vinha toda aquela raiva de Lúcia. Ela sempre foi muito amável com o Jamie e em nenhum momento alterava o tom de voz.