Capítulo 32

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O dia amanheceu e acordei revigorada. Era uma sensação de poder e satisfação. Jamie ainda dormia e resolvi levantar e ir preparar o café da manhã. Glória estava de folga mas por sorte deixou tudo pronto. Passei um café e coloquei a mesa.
— Feliz natal, meu amor — minha mãe me abraçou forte.
— Feliz natal — terminei tudo é reservei algumas coisas na bandeja para o Jamie.
— A noite foi boa — apontou para meu pescoço e toquei no provavelmente roxo deixado pelo Jamie — pelo visto fizeram às pazes.
— Estamos bem, é o que importa.
— Vera vai reunir os vizinhos e celebrar em casa. Vamos comigo? Vai ser ótimo! — achei chocante ver o quanto se empenhava em me ver mal com meu marido.
— Vou ficar com o Jamie. Evocê também vai ficar aqui e passar com sua filha e seu genro.
— De jeito nenhum. Não suporto olhar muito tempo para aquele cara com quem se casou — fiquei furiosa ao ouvi-lá ofendendo o Jamie.
— Então vai embora. Se não aguenta o meu marido, pode voltar para Monte Alegre. Estou cansada dos seus insultos — fez uma cara de drama que não me convence mais.
— É assim que me trata depois de tudo que fiz. Sacrifiquei minha vida e a minha carreira...
— Não sacrificou nada. Ficou grávida e ninguém aceitou contrata-la por não ter um marido — joguei verde e pareceu que acertei — nunca soube quem era o meu pai biológico e o Nuno assumiu por estar cego demais para ver a verdade — o tapa em meu rosto foi rápido e quente. Não houve tempo para esquivar.
— Nunca mais fale comigo desse jeito. Moleca mal criada — peguei a bandeja e antes de deixar a cozinha falei:
— Te amo mãe — ela vacilou — E  nem doeu — corri quando abaixou para pegar a sandália.
— Vou mostrar que ainda posso dar uma surra. Nunca apanhou quando pequena... — deixei brigando sozinha. Jamie ainda dormia. Estava completamente nu. As pernas abertas deixava a mostra o saco pesado e o pau caído para o lado. Resonava baixinho. Não parecia tão sexy. Era apenas um homem normal. Meu homem e de mais ninguém. Talvez a convivência com ele esteja me deixando possessiva. Deixei a bandeja sobre a mesa de cabeceira e deitei quietinha ao seu lado. Fiquei ali admirando cada traço bonito em seu rosto. Seus olhos abriram e revelaram todo o amor que nos envolvia.
— Humm, cheiro de café — sussurrou rouco.
— Trouxe o café da manhã — peguei a bandeja e coloquei sobre a cama — tem café preto sem açúcar pra você e...
— Café com bastante açúcar e um pouco de leite pra você — completou.
— Parece que me conhece muito bem.
— Tudo que diz respeito a você é do meu interesse — deitei a cabeça em seu ombro enquanto bebia o café.
— Vamos estar sempre unidos, não é?
— Como o inferno e o diabo — brincou.

                
                    **************
Recusei passar a véspera de natal longe do Jamie. Minha mãe foi para casa da tia Vera depois que brigamos. Ela estava com raiva e não mudaria seu humor tão cedo. Não questionei ou seria um inferno tendo que segurar sua língua afiada. Jamie até que estava com muita paciência ultimamente e acredito que seja por culpa. Passei o dia na cozinha preparando a ceia e quando terminei percebi que tinha feito comida para mais de vinte pessoas. Perdi a mão na quantidade e fui me empolgando. Geralmente passo o natal com a casa cheia e esse ano seria apenas o Jamie e eu. Olhei o peru gigante no forno e me senti culpada por tanto desperdício. Meus amigos estariam com seus familiares, Jamie não tem amigos e muito menos família. Quer dizer, tem a irmã...

                   **********

Jamie

Fiz uma porrada de comida — Tita entrou em meu escritório com um avental sujo e cabelo branco de farinha. Ela estava linda com as bochechas coradas pelo tem na cozinha — Pedi ao Silveira que convidasse os seguranças para jantar conosco.
— Não gosto de misturar as coisas. Preferia que também não fizesse.
— Natal não é pra ser solitário. É pra ter a casa cheia de amigos e familiares.
— Somos uma família! — ela sorriu sem muita vontade.
— Somos um casal sem amigos, já percebeu?
— Desde quando isso é importante?
— Desde o momento em estamos sozinhos em uma casa enorme. Se não tivesse perdido o bebê estaríamos comemorando o primeiro natal sendo uma família de verdade — doeu ouvir seu lamento — É horrível pensar que temos apenas os empregados como companhia.
— Podemos ir para casa da sua amiga, se vai te fazer feliz.
— Não! Temos comida suficiente para um batalhão. Passei o dia preparando tudo e quero ficar em casa — Tita sempre gostou de viver rodeada de pessoas e festas. Sou o tipo de homem que gosta de ficar em casa e detesto barulho e aglomerado de gente. Foi uma mudança difícil para ela.
— Chame quem quiser, não tem problema — correu em minha direção e pulou em meu colo.
— Te amo, viu.
— Também te amo — beijou meu rosto várias vezes.

LOUCA OBSESSÃO Livro 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora