Tita
Acordei como meu estômago querendo sair pela boca. Respirei fundo e levei um susto com o Jamie me encarando sentado em uma poltrona. Vestia sua roupa de malhar e parecia ter participado de um triátlon. O rosto vermelho transbordava o ódio e a frustração por não ter conseguido quebrar o Beto ou Daniel na porrada. Os olhos me assustaram um pouco, sempre fixos em mim. De novo meu estômago deu sinal de vida e já previa uma gastrite nervosa. Foda! Isso só acontece comigo. Ele não falou nada e dei aquele gelo do caralho, que só mulher sabe como fazer. Tinha dormido nua, só para perturbar e quando levantei estiquei os braços exibindo minha bunda. Fui para o banheiro e tranquei a porta. Queria ele frustrado. Liguei o chuveiro e entrei embaixo do jato de água quente. Peguei o sabonete e de novo senti o mal estar. Com certeza foi alguma coisa que comi na festa. Corri para o vaso e vomitei horrores. Fiz meu melhor com o banho e cobri a palidez com maquiagem. Voltei para o quarto e ele continuava do mesmo jeito, quase não se movia. Troquei de roupa no closset e saí. Mal cheguei na escada e tudo escureceu. Respirei fundo e minha visão foi melhorando. Desci devagar agarrada ao corrimão. Tomei um café da manhã reforçado e melhorei um pouco. Por um milésimo de segundo sonhei que estivesse grávida. Impossível! Minha menstruação nunca esteve tão certa. Não tive nenhum atraso. Ele apareceu usando um terno completo e sentou na ponta da mesa. Serviu apenas de um café e abriu o jornal para ler.
— Próxima semana estamos nos mudando para Nova York. Comece a arrumar o que precisa levar. Sua mãe não vai! — demorei um pouco para assimilar suas palavras. Estava perplexa.
— Não vou morar em Nova York. Você enlouqueceu? Tenho faculdade e não vou deixar minha mãe sozinha. — ele não me respondeu. Levantou e saiu sem me dizer nada.
— Espero não atrapalhar. — falei para o Beto. Ele viajaria no dia seguinte e passei em seu hotel para me despedir e conversar um pouco.
— Já estava pronto para te ligar — tirei meus sapatos e deitei esparramada na cama. Ele ficou me olhando com uma sobrancelha arqueada.
— O que? Não me olhe desse jeito.
— Seu marido quer me matar?
— Um pouquinho assim — abri os braços e ele sorriu.
— Quer falar sobre o acontecido na festa? — suspirei cansada e fechei os olhos. — Porque tanta tensão entre vocês? o que aconteceu que deixou você vidrada olhando em direção das bebidas? E porque me usou para fazer ciúmes no Jaime?
— Desespero! É a resposta para as três perguntas. — peguei a cesta de chocolates em cima do criado-mudo. Abri o kitkat e quase taquei tudo na boca. Depois que engoli contei tudo sobre o Jamie e Annika. Beto é o melhor ouvinte que já encontrei. Ele escuta quieto e sempre me deixa desabafar.
— Porque ele não fez uma queixa formal? — dei de ombros.
— Ele não queria chamar a atenção com um escândalo. Acho que sentia vergonha também. Jamie é muito orgulhoso e cair numa armadilha dessas, é como mostrar fraqueza. — abri um sonho de valsa e detonei em segundos.
— Como está sua cabeça em relação a tudo? — sentou do meu lado e abriu um pacotinho de bolachas.
— Em curto circuito. Ontem ela apareceu em minha festa e jogou na minha cara que não posso ter filhos. Doeu pra cacete, sabe? Eu queria esfregar a cara dela no chão e arrancar aquele sorriso superior. Ao mesmo tempo que... Beto, eu estava com inveja. — foi muito difícil admitir mas também era libertador. Engoli o choro e ele me abraçou. — Queria muito estar no lugar dela. Daria tudo para ter um bebezinho em meus braços e aninhá-lo com amor. Sentir o cheirinho que só bebê tem. Não me importaria engordar cem quilos ou ficar os nove meses em uma cama. Juro que não reclamaria de nada, faria qualquer sacrifício.
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LOUCA OBSESSÃO Livro 2
RomansaSegundo livro da duologia Obsessão. Aproveitem para adicionar em suas bibliotecas. Em breve o prólogo será lançado.