Meu coração já não aguentava a dor de estar longe da única pessoa que o fez bater mais forte. Levanto da cama porque sei que não posso deixar Lúcia sustentar tudo sozinha. Até a comida não tem mais sabor. Meu único refúgio é a lembrança do dia em que fizemos amor. A maciez dos seus lábios contra os meus. Cada toque era uma descoberta de sensações... As vezes desejo acabar com tudo mas seria um ato de covardia e não passei por tanta provação para simplesmente me deixar cair. Não é cristão! O que posso fazer é rezar para que Tony volte pra mim. É implorar para não ser esquecida e sentir, nem que seja uma vez mais, o gosto de seus beijos e o som de sua voz.
Acordei com um sorriso no rosto e o corpo dolorido de uma maneira gostosa. Sexo rejuvenesce e com certeza libera algum hormônio da felicidade porque não consigo tirar esse sorriso do rosto. Procurei o Jamie na cama, mas tinha escapulido, provavelmente para tomar café. O diário de Laura estava jogado sobre a cama. Li para ele alguns trechos antes de cairmos no sono, noite passada. Jamie acreditava que, se a mãe fosse viva, seriamos amigas. Deveria ser uma mulher amável e uma verdadeira dama. Sim, talvez tivéssemos nos dado bem. Infelizmente nunca saberíamos. Levantei e peguei uma das suas camisas, fechando apenas alguns botões. Desci as escadas devagar quando ouvi a voz de uma mulher, que falava um inglês fluente. Entrei na cozinha e a primeira coisa que vi foi a bela mulher. Loira, pernas longas e um rosto belíssimo. Meu coração acelerou senti o gosto amargo do ciume.
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Estava intimidada. Nunca me senti tão insegura com relação ao Jamie e outra mulher. Fiquei nervosa e não consegui entender nada do que era falado em inglês. Ela reclinou um pouco sobre a bancada e os seios saltaram no discreto decote. Jamie estava sentado de costas para mim e de frente para ela que falava sorrindo e tocando propositalmente os próprios lábios em uma paquera descarada. Não fui capaz de ver sua reação. Provavelmente olhou, como qualquer homem safado e deve ter dado abertura ou ela não estaria praticamente com os peitos em seu rosto. Dei alguns passos em direção aos dois e ela logo se recompôs, fingindo polidez e recato. Mas uma mulher conhece quando outra é uma ameaça e essa, seja lá quem fosse, nutria a esperança de cair na cama do meu marido. Marido? Não! Estamos divorciado. Do meu namorado? Mas ele não me pediu em namoro. O que diabos nos somos, então? Não importa! Ele está comigo e ninguém vai cair de paraquedas no meio do nosso caso. — Aí está você. Achei que não acordaria tão cedo — Jamie me puxou para dentro de suas pernas e me beijou. Gostei disso! — A culpa é sua, por me deixar acordada a noite inteira — falei em português, imaginando que essa tinha sido a mesma que ligou uns dias atrás e entenderia o nosso diálogo. Ela pigarreou e Jamie sorriu voltando-se para ela. — Amor, essa é Annika Sarkozy, minha secretaria executiva e assistente pessoal. — Olá... cumprimentei com o sorriso forçado. Ela estendeu a mão e aceitei. As unhas eram bem feitas e pintadas de vermelho. Em contra partida, as minhas estavam ruidas e sem ver um alicate a dias. Minha mãe teria um troço se as visse. — Prazer em conhe-la, senhorita. — pegou o tablete e começou a digitar sem parar. — chegaram alguns convites, separei os mais importantes. Precisará que o acompanhe de novo? — Falou, olhando em minha direção, como se esperasse ser questionada sobre o o fato de acompanhar o Jamie em eventos sociais. — Tita irá comigo, não é amor? — Jamie segurou meu rosto e fitou meus olhos. Era como se soubesse das minhas inseguranças e quisesse mostrar que não tinha motivos e que o seu amor era apenas meu. Beijou minha boca abraçando meus ombros, trazendo a cabeça para descansar em seu peito.
