Capítulo 29

8.4K 1K 116
                                    

Jamie

Era muita coisa sobre meus ombros ultimamente. Edgar, Megan, Sophia, Tita e agora minha sogra. Pedi outro uísque e virei em um único gole. Queria encher a cara e estava fazendo um bom trabalho. A bebida desceu suave e quente.
— Senhor Carter, talvez fosse melhor leva-lo pra casa. — Annika murmurou ao meu lado depois que almoçamos com alguns empresários. Tita deveria estar aqui ao meu lado e não minha assistente. — Posso pedir um táxi e...
— Pode ir embora. Vou chamar o motorista pra buscar o carro. — voltei a minha atenção ao copo e percebi que ela não saiu do lugar.
— Sei que sua esposa não me suporta e não quero causar mais problemas. Já aceitei minha transferência e acho que será bom para minha carreira, além do aumento de salário. — sentou-se do outro lado da mesa. — Trabalho ao seu lado a mais de sete anos e posso dizer que o conheço muito bem. Podemos não ser amigos mas sempre o admirei.
— Onde essa conversa vai chegar? — rosnei querendo ficar sozinho e odiando o tom pessoal que ela estava levando.
— Pode contar comigo para desabafar. Qualquer coisa que quiser...
— Não sei de onde tirou a ideia que desejava conversar e justamente com você. Jamais falaria da minha vida pessoal com um funcionário e muito menos sobre a minha esposa, se é essa a sua intenção. Agradeço sua lealdade e que me tenha tanta admiração mas nossas conversas se restringem apenas no âmbito profissional. — levantei para ir ao banheiro e esperava não encontra-la quando voltasse. Tenho que resolver as coisas com a Tita, não posso deixar nossa situação continuar  dessa maneira. Ela precisa relaxar e tirar o foco nessa gravidez. Li que nesses casos a ansiedade pode prejudicar e na maneira em que está esse filho não vai acontecer. Talvez  leva-la para viajar, mesmo que seja por um fim de semana poderia ajudar a relaxar. Vitória tinha que resolver aparecer justo agora. Mulher dos infernos! Voltei à mesa para terminar minha bebida, o copo estava cheio e nenhum sinal da minha assistente. Virei a bebida e resolvi voltar para casa, hoje sentariamos e resolveríamos todas as nossas divergências. Paguei a conta e ao levantar senti minha visão turva, mesmo assim continuei andando até a calçada. Pegaria um táxi e depois pensaria no meu carro. Tudo ficou escuro derrepente.
— Que porra é essa? — perdi os sentidos.

                                                                                             **********

Minha cabeça latejava e não conseguia abrir os olhos sem que uma dor aguda atingisse meu cérebro. Abracei a Tita e senti os seus seios sobre meu peito. Seu cheiro havia mudado e não gostei desse perfume.
— Estou de resseca. — murmurei quando tentei abrir novamente os olhos. Nem ao menos sabia como tinha chegado em casa. Nunca havia tida aminesia pós bebedeira. Na verdade nem bebi tanto assim para estar com tanto mal estar.
— Bom dia querido! — que diabos!
— Oh, oh, oh! Que merda é essa? — pulei da cama como se tivesse com meu corpo em chamas. Fiquei tonto e quase vomitei. Não era real! Queria estar tendo uma alucinação. Fechei os olhos e cravei as unhas na palma da mão, afim de despertar desse pesadelo. Olhei novamente Annika completamente nua sobre a cama. Que diabos estava acontecendo? Levei minha mão na cabeça e rosnei com ódio.
— O você fez? — minha cabeça martelou e a dor foi bem vinda. Senti nojo de tudo a minha volta e uma raiva que beirava a loucura. Iria mata-la se as minhas suspeitas estivessem corretas.  
— O que fizemos, você quer dizer?
— Filha da puta! — lutei para não avançar sobre ela e esganar seu pescoço. Estava também nu e nunca me senti tão sujo. — Você me drogou, sua vagabunda. — peguei minha calça no chão e vesti. meu sangue queimava e ódio era visível na minha voz. Ela percebeu e mesmo assim parecia dissimulada.
— Não precisa fingir, sua esposa não precisa saber de nada. — a menção a Tita me deixou desesperado. Avancei sobre ela e segurei firme seu braço.
— Quem te ajudou? Responde! Quem te ajudou a me trazer aqui? — ela sorriu olhando onde estava apertando. Não poderia ter ela me acusando de agressão. Soltei e me afastei.
— Ontem a noite foi incrível. — afastou o cabelo do pescoço e deixou evidente uma marca avermelhada com o formato dos meus dentes. — podemos repetir e ninguém precisa saber. Sempre desejei você mesmo em sua forma malvada.
— Não aconteceu nada! Não teria condições para isso. — precisava sair daquele lugar e voltar pra casa. Pensar... Deus! O que fui fazer... Nada fazia sentido e deixei seu apartamento com vontade de socar meu rosto.

                                                                                     ***********

Tita estava sentada no início da escada com a cabeça encostada no joelho. O nariz vermelho como sinal de uma noite chorando. Foi um inferno saber que era por minha culpa seu sofrimento.
— Onde você estava? — teria que falar a verdade, não poderia mentir pra ela e fingir que estava tudo bem.
— Precisamos...
— Olha quem resolveu aparecer. — Vitória entrou em meu campo de visão e quase podia ver ela levando a Tita embora depois que descobrir o que aconteceu. Não posso contar nada enquanto essa mulher estiver entre nós.  Precisava de tempo e estar calmo para essa conversa e de garantiasde que Tita ouvisse tudo até o final.
— Vou tomar um banho. — passei por elas e só queria tirar o cheiro daquela vadia da minha pele. Nem mesmo Edgar conseguiu me fazer ter tanto nojo do cheiro que estava em meu corpo. Passei a esponja com força deixando minha pele avermelhada e soquei a parede para conter minha raiva. Fui um estúpido em manter aquela mulher ao meu lado. A idéia de ter sido enganado, manipulável fez o ódio crescer.
— Não vai fugir dessa conversa. — Tita falou quando voltei para o quarto. — Onde estava Jamie? Com quem passou à noite? — olhei em seus olhos e fui covarde porque preferia morrer a perde-la de novo.
— Bebi um pouco mais que o normal e preferi dormi no apartamento do centro. Não queria discutir com você de novo estando sobre efeito do álcool.
— E em nenhum momento pensou em me ligar e avisar? — gritou e vi a preocupação em seus olhos. Não era ciúmes, porque ela tem toda confiança em meu amor e o quanto sou incapaz de trai-la.
— Como disse, bebi demais e acabei dormindo assim que entrei no apartamento. — ela estreitou o olhar para ver se estava mentindo mas sou um jogar e posso dissimular sobre tudo. Tita nunca precisou me ver como um jogador porque foi minha escolha não mentir para ela. Agora o empresário precisava aparecer e esconder a sujeira da única pessoa que amo de verdade.

— Certo! Nunca mais faça algo estupido desse jeito. — puxei ela para um abraço apertado. Ela como sempre retribuiu e a culpa pesou em meus ombros.

— Eu te amo! Te amo mais que a minha própria vida e sinto muito ter causado tamanha preocupação. Nunca mais vou passar uma noite longe de você.

— Também quero me desculpar por ontem...

— Vamos esquecer o dia de ontem. Perdemos à cabeça e fomos forçados a fazer coisas que não queríamos.

— Vou pedir que minha mãe fique em um hotel. — queria dizer que era uma boa ideia mas não queria coloca-la nessa posição com sua mãe. Vitória iria usar de artificio para deixar Tita culpada e com isso nos distanciarmos.

— Não precisa fazer isso. Posso lidar com minha sogra sem cair em seu jogo. Sei que ela está chateada por ficar longe de você e acredita que sou culpado por sua decisão.

— Desde quando ficou tão compreensivo? Deve estar ardendo em febre. — ficou na ponta dos pés e me beijou enrolando os braços em meu pescoço. Tentou me puxar para cama mas não podia transar com ela sem saber o que aconteceu de verdade com a Anikka.  
— Preciso trabalhar. — me afastei e ela sorriu tirando a blusa e exibindo os seios. A preocupação fez a excitação esvair. Se transei com aquela vadia teria que ter certeza sobre sua saúde e agora a minha. Nunca colocaria Tita em risco por causa daquela mulher. Também não era certo! Não posso tocar em minha mulher com tamanha duvida.
— Alguns minutos de atraso não irão faze-lo perder o emprego. — peguei a blusa no chão e entreguei a ela que me olhou surpresa e envergonhada.
— É o trabalho...
— Tudo bem! Também estou atrasada para o curso. Bom trabalho.

                      ***********

— Precisa fazer um exame toxicológico para provar o uso da  substância que o fez cair nessa armadilha. — Silveira me falou quando pedi sua orientação.
— Pensei nisso! Provavelmente tem câmeras na saída do restaurante e no prédio em que fui levado, quero que as consiga. Como não me recordo de nada, provavelmente fui carregado.
— Com o seu peso jamais conseguiria sozinha, então ela tem cúmplices.
— Com certeza! — depois de colocar minha cabeça no lugar começavaa traçar um plano para provar que fui enganado. E rezar para Tita não me abandonar no final.

LOUCA OBSESSÃO Livro 2 Onde histórias criam vida. Descubra agora