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- Todos já comeram, Alteza. – Olga me avisou e logo depois saiu do quarto.

Eu sabia que minha mãe estava exagerando, mas eu não queria quebrar o meu orgulho para dizer isso. Me privar de todos os acontecimentos públicos, me prender dentro do castelo (não que faça uma grande diferença.) e não deixar que eu conviva com outras pessoas que não seja minha família e os criados é obviamente um exagero. A rainha da Escócia concordou que seria uma ótima ideia para o filho dela o que, também, não faz diferença para a maioria das pessoas.

Só tinham se passado dois dias e foi uma tortura porque não podia nem sair para falar com o Phillip, que mal tinha tempo de ficar na Inglaterra. Mandávamos bilhetinhos para o outro três vezes ao dia. O último que eu recebi me deixou animada:

Alteza,

Me encontre na biblioteca daqui a uma hora.

*sem segundas intenções*.

Confesso que minha imaginação fez meu rosto corar mas mesmo assim, pedi que Olga me avisasse quando todos voltassem a trabalhar porque eu estava fazendo uma "greve-sem-refeições-com-família" para minha mãe se sentir culpada de me deixar de castigo. Quando terminei de me arrumar, fui para a biblioteca me encontrar com Phillip.

Dei de cara com algumas criadas que passaram por mim nos corredores deixando uma reverência. Quando cheguei na sala de dois andares, recheadas de livros, não havia nenhum sinal de Phillip. Até que eu ouvi uma risada. Vinha de trás das prateleiras. Outra risada. Subi em uma das escadas que davam acesso ao teto. Era Harry.

Ele estava lendo um livro, sentado em uma poltrona afastada. E estava rindo.

Tentei descer as escadas sem fazer qualquer barulho, mas acabei pisando errado, me fazendo desequilibrar.

- É isso que dá espionar as pessoas. – ele estava me observando, perto da janela.

- Não tem outro lugar para você ficar, não? – arrumei o vestido assim que pisei no chão, tentando não ficar sem graça. – Preciso que saia, eu vou encontrar alguém aqui.

- Pensei que estivéssemos de castigo. – ele falou e se encostou na janela. – Eu que mandei o bilhete.

- O quê? – talvez isso explicasse a forma como estava escrito.

- Você só achou que era o Phillip, e olha que eu nem assinei. – Harry estava de terno, mas mesmo assim seu cabelo parecia um ninho de pássaros.

- Eu não estou entendendo.

- Quero te mostrar uma coisa. – ele caminhou até a outra parte da biblioteca, onde havia vários livros abertos e espalhados. – Sobre o príncipe Cameron.

- Harry, você estava rindo do que? – perguntei surpresa com o que eu estava vendo.

- Ah, esse livro é um clássico. Não importa. – Harry me pediu para sentar, logo depois me trazendo três livros com uma tira azul. Livros de história. – Você está vendo? Olha a reputação da família Quinn.

- Só está dizendo que eles ganham várias guerras e... – li o trecho o qual Harry apontou.

- Que eles trapaceiam, Alteza. – ele suplicou. – Não pode se casar com ele.

- O que está havendo? – me levantei da poltrona. – Isso tudo é para que?

- Não vai querer se casar com alguém que maltrata os criados e dá golpes nas pessoas. – ele leu mais alguns trechos de livros, mas para mim tudo aquilo parecia ser pessoal.

- Você está gostando de mim?

- O quê? – foi tudo o que ele disse antes de começar a rir muito alto, me fazendo ficar exageradamente vermelha.

Reinado // h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora