O tédio me consumia por inteiro e não tinha nada que eu quisesse fazer naquele imenso e exagerado castelo. Abri várias portas a procura de algo que não fosse tomar chá ou conversar com o meu pai sobre meu país. Vi uma biblioteca grande, um pouco menor do que a que eu tinha em casa, com três andares e repleta de livros taxados. Entrei, me certificando de que estava vazia; eu não conhecia muitas pessoas da corte, então a minha estadia estava sendo solitária.
Passei a mão pelas prateleiras intocadas, pescando um livro de filosofia. Me sentei perto da janela, onde eu tinha a visão privilegiada dos ensaios de dança das mulheres no pátio, não que fosse algo sensual. Eu já estava ficando incomodado com as linhas sem nexos dos livros. Eu queria voltar para casa.
O castelo era convidativo e eu tinha certeza que encontraria algo para fazer. Eu só não estava acostumado a dormir e acordar com muitas pessoas. Puxar assunto ou ir para as comemorações inúteis. Eu fiz uma nota mental de que eu precisava beber. E tinha certeza que o bar seria o lugar mais frequentado por mim.
Depois de um tempo, a parte externa do local ficou silenciosa e eu tentava me concentrar no terceiro livro. Desabotoei a camisa e mantive os olhos no papel. Alguém abriu a porta, com a respiração desregulada e jogando algo no chão em seguida. De onde eu estava, dava pra ver a garota sem que ela me visse. Seus olhos castanhos vagavam pelas prateleiras, assim como os meus momento antes. Se sentou na cadeira e começou a paginar o objeto.
Era a princesa. A futura rainha da Inglaterra. Eu nunca tinha a visto, mas fiquei decepcionado no momento, esperava algo mais admirável. Ela fazia expressões engraçadas enquanto movia os olhos, lendo. As vezes soltava grunhidos e arregalava os olhos. Mas apesar das expressões estranhas, ela tinha um semblante calmo e a respiração sempre controlada. De qualquer modo, agia como devia até mesmo quando ninguém estava vendo.
Passei uns minutos observando-a e depois voltei para o que estava fazendo. Não estava tão incomodado por dividir o local com ela e parecia que tinha ficado mais confortável com duas respirações. Depois de umas duas horas, alternando meu olhar no livro e na garota, me levantei e caminhei entre as prateleiras em direção a porta, com o livro e com a imagem de uma princesa esparramada sem os seus sapatos e com os olhos fechados.
- Que bela vista. – debochei, reprimindo o riso. – Vossa Alteza sem a vestimenta adequada, dormindo na biblioteca.
Ela me olhou, confusa. E desceu o olhar para o meu corpo, fitando minha camisa aberta. Falou: - Quem é você?
- Ah, não se preocupe. Não direi a ninguém o horror que seus pés são. – continuei o caminho, satisfeito com a indignação da dona da voz estridente.
- Você não pode falar assim comigo. – ela pulou da cadeira, me impedindo de sair. Me virei e me reverenciei, por pura gozação. O que eu posso ou não, não é da sua conta. – Como ousa?
- Por favor, não precisamos de tanta formalidade. – falava de maneira simples e completamente informal. – Você entrou, sentou e leu um livro. A mesma coisa que eu fiz, antes de você.
- Você estava aqui? – a pergunta foi retórica e fiquei sem paciência. Ela era tão lenta. Eu esperava um princesa, não uma garota.
- Peço desculpas pela minha inconveniência, Vossa Alteza. – tentei não parecer entediado, mas não quis prolongar a conversa. – Garanto a você que mantive meus olhos no livro. Você não me interessa.
- Fico feliz de não precisar lidar com mais um canalha. – rebateu, dengosa.
Concordei que aquela era minha deixa. Eu agradeci por não ter que lidar com mais um pé no saco da realeza. Porém, um pouco incerto sobre as minhas palavras. Antes que eu pudesse sair, um guarda entrou na biblioteca apressado, procurando pela garota de cabelos castanho.
- Vossa Alteza, preciso que venha comigo agora. – parei na porta, curioso com o motivo da dramatização. – Sua mãe foi encontrada desacordada.
Eu cogitei a possibilidade da rainha estar morta e o caos que aconteceria a partir dali. Os meus pensamentos se voltaram para a princesa, que ficou paralisada, em choque com a notícia. Seu semblante expressava medo e vulnerabilidade que, até então, tentou esconder. Passou por mim correndo, me olhando pela última vez.
Voltei a parte principal do castelo. Eu precisava de uma distração maior.
***
o que acharam? mais uma vez, obrigada pelas visualizações e todos os comentários, eu estou muito feliz e por isso, amanhã já tem mais um.
o que vocês esperavam da primeira impressão de harry? eu queria que vcs pudessem ver o que ele pensa em todos os caps, é tão bonitinho. Mas não se enganem com ele, não é o que parece.
ps: é bem pequeno porque eu quero a opinião de vcs, se gostam desse tipo e se querem mais versões dele. estou aberta a sugestões!
até o próximo, fiquem com Deus.
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Reinado // h.s
Teen FictionA vida na realeza, de coroas e vestidos vastos, era apenas uma realidade para Jane. Ninguém, jamais, poderia se encaixar tão bem no papel que lhe fora dado: rainha da Inglaterra. E ela nasceu pronta para tal. Até que Harry, que nunca se encaixou em...