A cafeína corria nas minhas veias e por mais que eu quisesse fechar os olhos, e quem sabe descansar, eles se recusavam a sequer piscar. Gemma falava sobre qualquer coisa em que meu cérebro escolhera ignorar.
- Não é legal? – ela sorriu, animada. Desviei meu olhar tentando adivinhar o que ela falou durante vinte minutos. Gemma suspirou, balançando a cabeça. – O que foi?
- Não me lembro de muita coisa ontem. – confessei.
A noite anterior passava como um vulto para mim. Algumas cenas muito constrangedoras iam e voltavam na minha cabeça e eu não conseguia distinguir o que era real. Sem contar com a dor de cabeça que eu tentava ignorar ingerindo café a manhã toda. Eu precisava saber o que tinha acontecido, eu estava ficando louca. Talvez tivessem quebrado todos os ossos do meu corpo, por causa do meu mal-estar.
Gemma segurou a minha mão e me guiou entre os itens de decoração pelo corredor. Ela chamou algumas pessoas para "brincar" já que ela não tinha nada de legal para fazer. Dizendo ela, queria aproveitar seus últimos momentos sendo solteira e criança. Thomas e meus irmãos apareceram dizendo que queriam brincar de esconde-esconde, já que era do que sempre brincávamos na Inglaterra. Todos eles estavam tendo uma estadia muito mais tranquila do que a minha.
Então, como sempre, eu precisava correr e me esconder enquanto alguém contava até cem. Eu não conhecia aquele lugar, onde eu supostamente deveria me esconder? Então eu abri a primeira porta que vi depois de dois minutos correndo que nem uma desengonçada por causa do vestido estampado pesado. Parecia mais com uma dispensa ou algo do tipo.
- Isso não foi feito para dois. – era uma espécie de voz rouca misturada com diversão. Harry. Por mais que eu estivesse no escuro, todos os sentidos do meu corpo apontavam para ele. Estava dormindo ou o que?
- Ah, não sabia que estava se escondendo aqui. – falei, sem graça. Mais um movimento e eu encostaria nele. Não estava falando da brincadeira. Eu sabia que era uma espécie de esconde-esconde dele contra o mundo. – Você está me ignorando?
- Não. – ele respondeu, insinuante.
- Eu não me lembro muito de ontem... – comecei, olhando para o vácuo no escuro. Tateei um pouco a parede até achar um interruptor. Harry estava sentado, com os braços apoiados nas pernas. E me olhava com os olhos em alerta. Fui um pouco para trás, na tentativa de me sentar de frente para ele sem nenhum contato.
- Você quis me beijar e eu disse não. Então você me vendou e me levou para um quarto. – contou. – Eu tentei fugir mas você é muito forte.
- Mentira. Eu nunca beijaria você. – olhei, desconfiada. Não tinha tanta certeza daquela afirmação.
- Parece que ontem foi seu dia de sorte. - ele falou, provocativo.
- Harry, eu estou surtando. Você não apareceu a manhã toda. Está me evitando e eu acordei em um quarto, sozinha. – soltei rápido demais causando uma risadinha em Harry.
- É o meu quarto. – ele respondeu. Então ele havia me deixado sozinha, no quarto dele antes que eu acordasse. Ou talvez tivesse esperado eu dormir para sair. – Não dormimos juntos, se é o que está pesando. Quer dizer, dormimos juntos. Mas só dormimos. Tipo, fechar os olhos e...
- Tá bom. Eu acredito em você. – passei a mão no rosto, tentando organizar as imagens que apareciam na minha cabeça. – O que mais aconteceu?
- Você me perguntou sobre Deise. E foi muito má com ela. – imagens entraram na minha cabeça e eu precisei rir, não estava nos meus melhores momentos. – Você queria contar para todo mundo sobre a "nossa história" e não duvido nada que vá contar sobre o beijo.
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Reinado // h.s
Teen FictionA vida na realeza, de coroas e vestidos vastos, era apenas uma realidade para Jane. Ninguém, jamais, poderia se encaixar tão bem no papel que lhe fora dado: rainha da Inglaterra. E ela nasceu pronta para tal. Até que Harry, que nunca se encaixou em...