O ranger da porta ecoou pelo quarto escuro. Era a quarta vez que Harry tentara entrar sem me acordar. Das outras vezes, eu estava muito cansada ou com muito sono para abrir os olhos, então não me incomodava. Demorou dois dias para eu perceber que Harry estava me ignorando. Ele saía antes de eu acordar e voltava quando eu já estava dormindo. Passava o dia inteiro fora do esconderijo, se ocupando em ajudar pessoas e expandir o território sulista. Mas isso era só uma desculpa para não ter que olhar na minha cara ou falar comigo. Eu sabia que ele se sentia culpado. Estava ferido por dentro por causa de sua família. Ele fez uma decisão. Me escolheu ao invés de escolher sua irmã. E talvez tivesse arrependido.
- Harry? – o chamei, me sentando na larga cama. Ele pulou de susto, não esperava me ver acordada.
- Desculpa. Fiz muito barulho? – neguei com a cabeça. Ele estava prendendo a respiração.
- Eu estava te esperando. Faz tempo que não te vejo. – disse. Ele andou alguns passos começando a desabotoar o colete de seda azul. – Sinto sua falta.
- Desculpa, eu tenho estado muito ocupado com a guerra. Você sabe, está indo muito depressa. – Harry coçou a cabeça, ainda não olhava em meus olhos. Ficou lá, parado no meio do quarto.
- Está mesmo, Harry? Está mesmo ocupado? – meu peito doía. Eu não queria que ele se sentisse daquele jeito. – Você... se arrependeu?
Ele fitou as botas por longos segundos, tentando entender o que eu acabara de falar. Arregalou os olhos em seguira, me fitando: - Não! É claro que não, Jane.
- Porque se você tiver, não tem problema. Podemos continuar juntos de al... – Harry me interrompeu. Avançou pelo quarto e se sentou na cama, ao me lado. Segurou meu rosto com as duas mãos e respirou fundo antes de me olhar novamente.
- É o que eu mais quero agora, Jane. Quero me casar com você, tornar isso permanente. – sua voz soava desesperada, como se não conseguisse respirar. – O mais rápido possível.
- Não vai demorar tanto. – o assegurei, derretendo antes da conversa acabar. Ele queria realmente isso. – Depois que tudo acabar, a guerra e tal.
- Sabe que Niall vai querer algo rápido, não é? – Harry acariciou meu rosto com as costas da mão. – Por causa do Cameron e tal.
- Sim, eu sei. – ficamos em silêncio, aproveitando a sensação de nossas peles juntas, quando falei de novo: - Me desculpa fazer você passar por isso. Sei que nunca pensou em ser rei e agora será obrigado a tal coisa.
- Não estão me obrigando a nada. Se essas forem as circunstâncias para ter você para mim, então assim seja. – aproximamos os rostos, e pude sentir a respiração de Harry acelerar. Até que juntamos nossos lábios, como se fossemos imãs, incapazes de ficarem separados.
Foram apenas quatro dias sem estar com ele, sem poder tocar ou conversar. Mas só quando nos beijamos de novo, vi o quão ruim foi. Estava ficando cada vez mais difícil ficar longe dele.
- Sabe que eu já sou sua, não sabe? – ou eu estava muito apaixonada ou os olhos de Harry se iluminaram por completo. Ele me puxou para o seu colo. Estávamos em perfeita sincronia. Não estávamos com pressa mas também sabíamos que não tínhamos o tempo todo do mundo antes de alguma coisa ruim acontecer. – Vai ser tão engraçado quando pudermos fazer isso como marido e mulher.
Harry soltou um riso abafado: - Preciso aprender a me controlar. Na hora do casamento, eu só vou querer te arrastar dali e tirar todo o seu vestido.
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Reinado // h.s
Teen FictionA vida na realeza, de coroas e vestidos vastos, era apenas uma realidade para Jane. Ninguém, jamais, poderia se encaixar tão bem no papel que lhe fora dado: rainha da Inglaterra. E ela nasceu pronta para tal. Até que Harry, que nunca se encaixou em...