48-

1.2K 108 88
                                    


Para os sulistas, a guerra não podia estar melhor. Eles tinham, praticamente, toda a Irlanda em suas mãos. Chamavam o território de Sul para diferenciar do Norte. Faltavam poucas cidades antes de chegaram na capital, o que não duraria nem cinco dias. A Irlanda do Norte estava a ponto de cair. Porém, estava sendo fácil demais.

O rei tinha suas táticas. Ele deixou com que os rebeldes se aproximassem, algumas cidades caíram nas mãos deles, com as pessoas se entregando sem lutar. Mas só fazia parte do plano. Seus súditos começaram a lutar contra os invasores de uma hora para outra. Alguma coisa mudou em suas cabeças, eles não queriam mais o rei fora.

E foi assim que fomos atacados mais uma vez. Eu estava dormindo, sozinha, quando dois homens sulistas derrubaram a minha porta e me arrastaram para fora. Os rebeldes corriam de um lado para o outro, pegando equipamentos e roupas. Era diferente. Ninguém estava preparado. Ninguém esperava uma mudança tão repentina, estávamos ganhando e de repente...

- Cadê o Harry? – gritei, um dos homens me carregava no colo e o outro ia na frente, cobrindo-nos.

- Alteza, ele tentou chegar até você mas precisou ir. – respondeu. Parecia mais desesperado do que tudo. – Vamos levá-la para um lugar seguro.

- Vai ficar tudo bem. – disse o outro da frente.

Entramos na passagem secreta, e algumas pessoas passavam por ela com a gente. Eu não via ninguém diferente dos sulistas, tentei pensar em onde os invasores estavam. Talvez no hall. Mas não precisei pensar muito porque os tiros me responderam. Um grupo armado começou a atirar nas pessoas do corredor, correndo contra o fluxo. Rapidamente, tentamos voltar.

- Alteza! – eu estava no chão. Tinham acabado de atirar no homem que me carregava. Ele estava por cima de mim. Um tiro na cabeça ainda se mostrava recente quando sangue começou a escorrer por sua testa.

- A princesa está ali. – gritou um dos atiradores.

- Você precisa correr, ache Amandla. Ela estava esperando por nós. – o outro sulista tirou o homem de cima de mim depressa e se virou, apertando o gatilho de sua arma. Parou o grupo por um instante, me dando tempo para correr.

Para onde eu deveria ir? A imagem do cara morto rodava na minha cabeça e eu precisava vomitar. Mas corri. Fui para o andar de cima, parecia o menos cheio. Tateei as pares, à procura de uma trava ou alavanca. Quando uma porta se abriu, me joguei lá. Era um corredor com pouca iluminação, e as luzes piscavam como se fossem se apagar a qualquer momento.

- Ei, você. – disse alguém. Era um homem velho, talvez uns cinquenta anos. Ele estava alguns metros à frente. Estava ferido e sangrava muito. – Um grupo atirou uma faca em mim e me deixou aqui. Aparentemente, não sou um problema.

- Qual é seu nome? – fitei a poça de sangue ao seu redor. Tudo era vermelho. A roupa estava encharcada mas a faca estava lá, perto de suas costelas. Eu não estava muito confiante.

- Qual é, acha mesmo que eu sou um deles? – rosnou ele, gemendo de dor depois. – Só preciso que tire isso de mim. Por favor.

- Não sei como fazer isso. – estávamos sozinhos no corredor, não podia confiar nele.

- É só puxar. Venha, eu te ajudo. – ele forçou um sorriso. Fui até ele e me agachei. Era pior de perto. Tinha uma mochila do seu lado. – Coloque a mão no cabo e...

Ele segurou a minha mão e levou até a faca. Meu cérebro voltou a funcionar. Todos os inimigos que já tinham nos atacado, trabalhavam com armas. Armas de verdade. Aquele homem tinha uma faca, feita por sulistas, em seu corpo. Ele era o inimigo.

Reinado // h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora