Reunião

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>> Manuela on <<

O desespero foi a única coisa que senti naquele momento. Procurei minha filha em todos os cômodos da casa. Chegou um dos empregados dizendo que tinha ligado para Christian e que logo ele chegaria.

Pensei em como isso tudo é culpa minha, minha filha não tem nada a ver com o que meus pais fizeram no passado, mas eu tenho uma ligação querendo ou não.

De repente recebi uma mensagem e lá continha um endereço. Eu não sabia onde ficava aquilo e logo em seguida recebi outra mensagem.

" esteja nesse endereço às 16h de hoje ou nunca mais verá a estrela que é a única coisa que ilumina sua vida medíocre "

Eram 14h15 da tarde, Christian chegou e eu me acalmei contando o que havia acontecido e ele estava tão preocupado quanto eu. Estava sendo difícil, mas ele pediu que eu me arrumasse para que pudéssemos ir até onde o endereço ordenava. Fiz o que ele pediu e logo estávamos à caminho, de uma certa forma eu tinha pressentimentos muito ruins sobre o que poderia estar acontecendo. Mantive a calma por alguns minutos mas logo comecei a chorar enquanto Christian dirigia seguindo o GPS. Ele parou o carro no canto da estrada quando me viu entrando em desespero novamente.

- Manuela. Olha pra mim! - ele disse e eu o olhei, os olhos dele estavam avermelhados como se estivesse segurando suas lágrimas também e eu o abracei o mais forte que pude.

- E se fizerem algo com ela Christian, ela é muito pequena... qualquer coisa que... - ele me interrompeu.

- Nós vamos consegui entrar em um acordo, eu prometo. - Ele disse e eu limpei minhas lágrimas assentindo o que ele havia dito. Estava tudo correndo bem até pararmos em um certo ponto da estrada e o GPS dizia para que o carro virasse para a direita, mas tinha muitas árvores no local. Não parecia uma estrada. Christian desceu do carro pra ver o que encontrava por ali e eu esperei no carro. Logo ele veio e entrou no carro.

- Aquilo é uma estrada, só está camuflada. - Ele disse acelerando em direção à mata. Adentramos com uma certa dificuldade mas logo chegamos ao destino. Era uma casa bonita com um jardim grande, mas aparentava estar abandonada há muitos anos. O que me assustou um pouco.

Christian trouxe uma arma sem eu ver, era para a nossa segurança caso precisasse. Assim que chegamos até a porta, a mesma se abriu e eu entrei junto com Christian.

- Claro que o maridinho não deixaria você vim sozinha não é mesmo? - Uma voz ecoou pela sala e olhei um homem alto, aparentando ser mais velho, vestia um terno e estava com um sorriso irônico no rosto.

- Assim como você disse. Sou o marido dela. - Christian respondeu sério.

- Por favor, me acompanhem. - Aquilo estava me deixando assustada. Eu só queria pegar a minha filha e ir para a minha casa. Chegamos até uma sala que aparentava ser uma sala de reuniões, a mesa estava lotada com algumas pessoas e inclusive Jane e Saulo. Meus antigos "pais".

Jane começou a chorar quando me viu, aquilo me abalou mas mantive a postura e me sentei na cadeira que o homem havia apontado. Christian se sentou ao meu lado e olhava atentamente todos que ali estavam.

- Manuela. Viemos esclarecer algumas coisas. - O homem que havia me recebido na casa disse. - Aliás, meu nome é Osvaldo. - ele disse e logo um outro homem denominado John disse.

- Seu nome tem um preço alto sabia garotinha?

- Do que está falando? - Eu perguntei séria.

- Seus pais não eram simples assassinos. Lamento dizer isso, mas eram os melhores. - Osvaldo cuspiu as palavras.

- Eu não sabia da existência deles. Não tenho nada a ver com o que eles fizeram. - Eu disse e automaticamente olhei para Jane e Saulo que abaixaram a cabeça aparentando estarem tristes. Aquilo não me comoveu.

- Sabe, o pai do seu marido fazia parte de tudo isso.

- O que meu pai fez? - Christian disse com uma certa fúria no falar.

- Ele também fazia uns trabalhinhos sujos. A máfia dele era mais discreta. - John disse.

- O meu pai tinha uma máfia? - Christian perguntou.

- Tinha não. Tem. - Osvaldo falou e gargalhou.  - Mas temos que admitir que não é uma das melhores.

- Não sei qual a finalidade disso tudo, quero a minha filha. - Eu disse aumentando meu tom de voz. Já estava sem paciência para tudo isso.

- A finalidade é você ficar ciente do sangue que corre em suas veias. - Fiquei calada esperando Osvaldo continuar. - Seus pais eram nossos amigos, nossos melhores amigos. - Osvaldo falou olhando para John que apenas assentiu o que ele disse. Então Osvaldo continuou. - A máfia antes era um trabalho que não afetava a nossa amizade, mas aí eles resolveram jogar sujo.

- O que fizeram? - Perguntei.

- Acharam que o dinheiro poderia comprar tudo e isso os corrompeu. Acabamos nos desentendendo e viramos inimigos, nossas máfias cresceram e tudo encaminhava com a divisão que havia entre nós. Eu não queria me meter em nada que tivesse o dedo deles mas eles não conseguiram entender essa regra. Mexeram com a minha família por pura provocação e acabaram com a minha vida por tamanha infantilidade. - Fiquei pensando no que ele havia dito.

- Quem eles mataram? - Perguntei

- Minha filha e a minha esposa. Na minha frente. - Osvaldo falou com a dor estampada em seu rosto.

- Fizeram o mesmo comigo e com Cardoso. - John disse e me lembrei que Jane e Saulo disseram que Cardoso era o inimigo mais forte de meus pais.

- Cardoso... - Eu disse pensativa.

- Certamente eles te falaram sobre o Cardoso. Não foi nada legal o que eles fizeram com ele mas isso não está em questão. Todos nós queríamos vingança, e dar o troco neles. Assim achávamos até sabermos que você havia sumido, de primeiro momento eles agiram como se fosse um sequestro mas é claro que burros nós não somos.

- Como descobriram que eu estava com eles? - Eu disse olhando para Jane e Saulo.

- Muitos contatos. Alguns detetives. Câmeras de seguranças. E localizamos o seu endereço. Descobrimos também sobre o seu casamento forçado imposto por esses otários que deram você em troca de uma dívida. - John disse dando um tapa na cabeça de Saulo.

- Meu pai sabia de quem ela era filha? - Christian perguntou e segurou a minha mão logo em seguida.

- Mas é claro. E como ele sabia que seria uma boa ter ela tão perto para que ele conseguisse fazer qualquer coisa, acabou aceitando o "trato". - Osvaldo disse fazendo aspas com as mãos.
- Vocês me dão nojo. - Eu disse olhando para Jane e Saulo.

- Por favor não nos odeie. - Jane disse e Saulo apenas abaixou a cabeça.

- Está abaixando a cabeça por que seu covarde? - Eu disse levantando e batendo minha mão na mesa. Christian me segurou tentando me acalmar logo em seguida.

- Brigas de família mais tarde por favor. - Osvaldo disse e John gargalhou. - O que importa mesmo e entramos em um trato.

- Qual o trato? - Eu perguntei pensando em Estela.

- Você tem uma grande fortuna e nem sabe disso não é? - Não respondi nada, apenas o encarei de forma séria.

- Podemos localizar seus pais através disso. - John disse e por um momento raciocinei, olhei para Jane e Saulo e em seguida para Osvaldo.

- Quer dizer que eles estão vivos?

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