A Verdade Dói

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>> Manuela on <<

Me assustei quando vi meus pais, perguntei o que estavam fazendo ali.

- Viemos conhecer nossa neta. - Eles disseram e eu fui em direção à eles e os abracei. Apesar de tudo que aconteceu eu sentia falta deles, o que sou hoje devo aos dois.

- Eu senti falta de vocês. - Eu disse.

- Viemos conversar com você. E te contar algo, não podíamos mais esconder, você merece saber da verdade. - Minha mãe disse e abaixou a cabeça.

- Vamos lá pro meu quarto. Aqui tem muita gente. Vou só avisar o Christian. - Eu disse e me encaminhei até onde Christian estava com a Estela e uns amigos próximos.

- Amor seus pais vieram? - Ele perguntou.

- Por incrível que pareça sim. Eles querem conversar comigo, vou lá pro quarto. - Eu avisei.

- Tudo bem. Vai lá. - Ele disse me dando um selinho e fui em direção ao meu quarto junto com os meus pais.

Chegando lá sentamos no pequeno sofá que tinha ali.

- O que vocês tem pra me falar? - Perguntei quebrando o silêncio.

- Primeiramente a gente quer pedir desculpa por sumir esse tempo todo. Não queríamos atrapalhar sua nova vida e a gente teve medo de você guardar algum tipo de mágoa por nós termos escondido a verdade. - Meu pai disse e minha mãe concordou.

- Vocês estão querendo dizer sobre esconder a verdade sobre o meu casamento? - Perguntei pois eu não estava entendendo onde eles queriam chegar com aquilo.

- Filha, na verdade estamos falando de outra coisa. - Minha mãe disse.

- O que mãe?

- Nós não somos os seus pais biológicos. - Eu simplesmente gelei na hora que meu pai disse aquilo, e achei que fosse brincadeira.

- O que vocês estão falando? - Eu disse aumentando meu tom de voz.

- Filha calma. Vamos explicar - Minha mãe disse.

- Explicar o que? Agora eu não sei nem quem eu sou de verdade e vocês querem explicar? - eu disse indignada.

- Filha, nós salvamos você. - Meu pai disse.

- Me salvaram do que??

- Seus pais biológicos são assassinos. - Minha mãe disse.

- Como é que é? - Eu disse e fiquei raciocinando por um momento.

- A sua mãe era minha melhor amiga na escola. Ela sempre escondeu a verdade de todos menos de mim, quando ela conheceu o seu pai, os dois viviam da mesma coisa. Eles matavam as pessoas que faziam o mal pra eles ou pra outras pessoas. Mas aquilo era muito perigoso pois eles criaram inimigos mortais. Quando seus pais se casaram eles estavam sendo ameaçados por um outro assassino. Sua mãe descobriu que estava grávida depois de um tempo e entrou em desespero pois a primeira pessoa que o inimigo deles iria querer matar era você em forma de vingança. - Ela disse e eu permaneci em silêncio.

- Eu e sua mãe já estávamos juntos e sua mãe é estéril, nosso sonho era ter um bebê. Seus pais acabaram nos propondo que você ficasse conosco e que nós não contássemos a verdade pra você. A história com o pai do seu marido é verdade, mas não aconteceu quando sua mãe estava grávida. Aconteceu quando você tinha 5 anos de idade. - Meu pai completou.

- E vocês dizem isso com a maior naturalidade do mundo? - Eu perguntei e naquele momento senti ódio deles.

- Minha filha, se você ficasse com eles, agora não estaria viva. O inimigo de seus pais até hoje procura por você, mas não faz idéia de que está casada e com uma família formada. Ele acha que você parou em algum orfanato e de lá foi pra outro lugar. - Minha mãe disse chorando.

- Vocês me enganaram. Pode ter sido pro meu bem, mas deviam ter me falado antes. - Eu disse chorando e abaixei a minha cabeça colocando entre minhas mãos tentando conter as lágrimas que caíam.

- Nos perdoe. Nós criamos você com todo o amor que tínhamos. Nós amamos você como uma filha. - Meu pai disse e me abraçou, não retribui pois aquilo era demais pra raciocinar e fingir que estava tudo bem de uma hora para a outra.

- Nós não tivemos mais contato com seus pais, eles preferiram assim pois ficaram com medo de o inimigo de seu pai saber seu verdadeiro paradeiro. - Minha mãe disse limpando suas lágrimas.

- Esse "inimigo" tem um nome? - Eu perguntei.

- O nome dele é Cardoso. É um apelido pois ninguém sabe seu verdadeiro nome. Seus pais mataram o filho dele, ele prometeu a morte e até hoje vaga em busca de vingança.

- Meus pais estão vivos? - Eu perguntei encarando a minha mãe.

- Certamente sim, eles são muito espertos. Não seriam pegos com tanta facilidade e se fossem, saberiam como escapar.

- Preciso encontrar eles. Preciso saber mais sobre minha origem. - Eu disse me levantando.

- Manuela, é arriscado! Você acabou de ter uma filha, isso não é brincadeira. Seus pais acabaram com muitas vidas, são amados por muitos por fazerem isso por uma causa nobre, mas também são muito odiados. - Meu pai disse se levantando e vindo em minha direção.

- Eu só preciso saber. - Eu disse e sai do quarto deixando pra trás aqueles que eu acreditava que eram meus pais de verdade.

Eles me viram crescer, me ensinaram o que era certo e o que era errado. Mas mesmo assim me entregaram ao primeiro que apareceu dizendo que eu casaria com o filho dele. Hoje estou feliz, mas poderia ter acontecido o contrário e agora eu estar infeliz, presa ou algo do tipo.

Minha vida é uma mentira.

Assim que desci as escadas limpei rapidamente as lágrimas que estavam em meu rosto e tentei dar o sorriso mais verdadeiro que eu podia, meu mundo tinha caído há alguns momentos atrás, mas eu precisava estar de pé enfrentando tudo.

- O que aconteceu?  - Christian perguntou sério.

- Nada. Está tudo bem. - Eu disse e peguei a Estela no colo, ela era tão linda. Por um momento esqueci tudo o que havia acontecido há uns minutos atrás e caminhei lentamente com ela até fora de casa. Fiquei debaixo de uma cobertura que tinha e uma cadeira. Ficavam próximos à piscina.

Comecei a pensar na minha infância e em tudo que tinha acontecido. Meus pais me privaram de muitas coisas e quando me casei com Christian, achei que fosse pelo fato de eu ter que ficar bem pra depois me casar com ele. Mas a verdade era que meus pais tinham medo de que eu fosse pega por esse tal "Cardoso". Eles tinham medo de que ele me matasse.

Agora entendo o porque de minha mãe ficar acordada me esperando dormir primeiro e me acompanhava em todos os lugares que eu fosse. Queriam conhecer todos com quem eu falava que não eram muitos. Entendo porque a escola era perto da minha casa e que eles se preocupavam com 5 minutos de demora. Finalmente tudo se encaixou. Nunca imaginei ser uma filha adotiva.

Eu só queria saber de onde vim, saber quem são meus verdadeiros pais. Isso vai colocar em risco minha vida, mas eu não vou deixar de saber de tudo que ainda não sei por medo.

Não agora!


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