Carol
Era uma farsa, a minha vida sempre foi uma farsa, eu sempre coloquei a minha máscara de garota feliz e perfeita para sair na rua, a garota que meus pais queriam que eu fosse, mas eu já estava cansada, estava cansada de levar a minha vida daquele jeito, estava cansada dos meus pais imperfeitos querendo que eu fosse perfeita, eu estava cansada de carregar uma culpa desde a infância, e eu estava mais cansada ainda de deitar de noite em minha cama e os meus demônios não me deixarem dormir, sempre me lembrando do fracasso que eu era.
Minhas sessões de terapia parecia que não adiantava, para mim era constrangedor dizer as pessoas que eu tinha sessões de terapia todo mês, nem mesmo Elisa e Bruna sabiam disso, na verdade elas não sabiam muito sobre mim pois eu nunca fui uma pessoa que me abria facilmente, eu tinha medo das pessoas acharem que eu era louca, ou dizer que era apenas drama, a única pessoa que sabia coisas que ninguém sabia sobre mim era a minha psicóloga.
Mas agora eu me sentia tão sufocada com meus próprios problemas, e eu sentia que aquilo estava me consumindo, me matando por dentro, literalmente, não sabia até que ponto eu aguentaria mais.
- Carol, você ouviu o que eu disse? - Maicon falou tirando-me dos meus devaneios.
- Ahn? - Ele revirou os olhos.
- Vou levar a Elisa para uma festa hoje à noite na casa de um amigo, chamei a Bruna e agora você, você vai né? - Ele perguntou e eu pensei por alguns segundos. Uma festa? Eu não estava muito em clima de festa. Mas eu nunca estava, porém ir para festas era uma forma de ficar longe de casa, então é claro que eu iria.
- Sim! - Falei e me sentei no sofá da minha casa.
- OK! Vou passar aqui de noite para irmos, te mando o horário por mensagem. - Ele se levantou.
- OK, vou indo nessa! - Falei me despedindo dele, quando Maicon saiu pela porta da sala minha mãe entrou e o olhou com indiferença, mas não disse nada até que ele saísse.
- Pode me dizer o que aquele cara todo tatuado estava fazendo aqui? - Ela perguntou me fuzilando. - Esse é o tipo de pessoas que você tem como amigos Carolina?
- Mãe, esse é o namorado da Elisa! - Eu disse bufando e me levantando.
- Não acredito que a Elisa namore um cara como esses... Deus! As pessoas não respeitam mais suas classes sociais. - Revirei os olhos e sair, deixando ela sozinha na sala.
Minha mãe era tão mesquinha, tão fútil e esnobe que me dava agonia. Ela não me permitia ficar na cozinha conversando com os empregados, não me permitia nada com gente de classe inferior a nossa, ela era ridícula e às vezes aquilo me enojava, eu não entendia como alguém como ela que se dizia seguir a Jesus e todos os domingos ia pra igreja era tão esnobe daquele jeito.
***
Eu estava lendo um livro trancada no meu quarto quando o celular alarmou me avisando que era hora de me arrumar.
Tomei meu banho, coloquei um vestido preto básico e fiz uma maquiagem simples, porém caprichada no lápis de olho preto que era minha marca registrada.
Orei para que meus pais não me vissem saindo de casa e deixei um bilhete dizendo que dormiria na casa da Elisa, meus pais nunca souberam que eu frequentava festas, eu sempre dizia que iria dormir com as meninas para ir nas festas, não me sentia bem em mentir para eles porém, se eles soubessem me deixariam de castigo até meus trinta anos.
Demorei um pouco esperando Maicon na esquina, mas quando ele chegou Bruna já estava no banco de trás tirando foto.
- Wow! Tá gostosa hein! - Bruna disse quando abri a porta do carro me fazendo revirar os olhos e lhe mostrar o dedo do meio.
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ONE MORE THING
Teen FictionA vida de Carol sempre foi uma farsa, ela sempre sorria quando por dentro queria chorar, e sempre se calava quando na verdade queria gritar. Carol não conseguia se abrir nem para suas próprias amigas mais, ela se sentia só mesmo estando rodeada de g...