Capítulo 15

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Carol

Paguei a corrida ao táxi e fui andando até a casa da mãe do Pedro. As casas eram um pouco parecidas, mas eu reconheci de longe o jardim tão bem cuidado da casa da mãe dele.

Foram necessários dois toques na campainha para que eu visse ele de pé na minha frente, Pedro estava lá sem camisa, com a bermuda levemente caída fazendo com que a barra da sua cueca azul aparecesse, e o seu cabelo não estava naquele topete impecável de sempre, estava bagunçado.

Seus olhos estavam vermelhos e inchados, e seus cílios estavam molhados. Ele com certeza tinha andado chorando, e não era para menos, descobrir que sua mãe tem câncer não estava na lista de notícias ruins, estava na lista das piores notícias que você poderia receber.

Ele ficou me olhando nos olhos por longos segundos sem dizer nada, e eu não conseguia desviar meu olhar do dele, pois era como um imã, um maldito imã que prendia nossos olhares.

Eu... –Dissemos juntos.

E então eu me calei, pois eu queria ouvir o que ele tinha a dizer. Na verdade eu queria o abraçar e dizer que tudo ficaria bem, e que eu estaria ali para o ajudar a lidar com aquilo.

–Eu estava com saudades. –Ele disse e meu coração quase saltou do meu peito de tão forte que começou a bater. Minhas mãos suaram e eu senti meu rosto enrubescer.

–Pedro eu...

–Carol? –A mãe dele chegou na porta e eu a olhei, não sei se era coisa da minha cabeça ou se ela realmente parecia mais magra. –Querida que saudades, não nos vemos desde o último almoço. –Ela me puxou para um abraço forte. –Por favor, entre. Eu estou tão feliz que você veio.

–Eu estou feliz de está aqui dona Laura. –Sorri sem jeito enquanto ela andava na frente e Pedro ao meu lado.

–Vem, o almoço não está pronto mas tem um lanche pra gente. –Caminhamos até a cozinha.

–Você já sabe? –Pedro sussurrou ao meu lado.

–Sim. –Eu disse o olhando rapidamente, com dor estampada na minha face.

–Você não deveria está na escola, mocinha? –Ela virou para mim e se encostou no balcão.

–Não. Sim. Quer dizer, mais ou menos. Eu quis ver a senhora hoje. –Eu disse sorrindo.

–Sério?! –Ela perguntou e eu assenti. –Você não sabe como isso me deixa contente. –Ela sorriu largamente e começou a colocar comida na mesa, minutos depois estávamos os três sentados e comendo coisas que engordam.

–Como está as pessoas da igreja? –Perguntei tentando me concentrar em outra coisa sem ser o olhar do Pedro em mim.

–Você sabe, as mesmas pessoas, os mesmos eventos... Ah, e o filho do pastor foi para os Estados Unidos, conseguiu bolsa em Yale. –Ela me atualizou.

–Ainda bem, quanto mais longe ele estiver, melhor. –Pedro disse e por dentro eu sorri.

–Por que, menino? –Dona Laura  perguntou.

–Não gosto dele. –Pedro deu de ombros.

Terminamos de comer e fomos para a sala.

–Querida, você já sabe né? Por isso veio aqui? –Dona Laura disse do nada.

Eu poderia fingir que não sabia de nada, eu sempre fui mestre nessa arte de fingir. Mas não com eles. Parecia que eu era transparente para o Pedro, pois ele me conhecia bem demais, e a mãe dele, bom, eu nunca conseguiria mentir para ela.

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