Carol
Saímos de quatro horas da manhã, de acordo com dona Laura quanto mais tarde nós saíssemos mais curta seria a viagem, por isso ela preferiu pegar o primeiro vôo pela manhã.
Quando chegamos no aeroporto de Porto Alegre, tomamos café e alugamos um carro. Foram quase duas horas que Pedro dirigiu até a casa dos avós em Gramado, perdi as contas de quantas vezes cochilei no carro.
Quando nos perdemos pela milésima vez, dona Laura ligou para alguém pedindo para nos encontrar em algum ponto, pois não sabia mais chegar, Pedro bufava impaciente e eu já estava ficando irritada também, mas não demonstrei. Óbvio que não.
– Eu te avisei Carol, isso aqui só é o começo da nossa longa e chata viagem. – Pedro disse quando chegamos na casa da vó dele, era um sítio, e a casa tinha uma decoração rústica maravilhosa.
– Pedro, não diz isso na frente dos seus avós. – Falei baixinho e dei uma cotovelada leve nele.
– Esse aí já nasceu ridículo assim mesmo minha filha. – A vó dele disse e eu rir.
– O que é isso, vó? Me difamando para a menina. – Ele disse fingindo estar irritado. – E o que é isso Carol? Dando corda pra minha vó me difamar.
– Não leve a sério o que ela fala. – O vô dele disse sorrindo. – O teu primo já está chegando com a noiva dele.
– E finalmente tu trouxe a tua namorada, né meu filho. – A vó dele disse e eu comecei a rir.
– Sim, já era tempo. – Pedro disse antes que eu falasse qualquer coisa, olhei para ele estranhamente e em seguida para a mãe dele que também parecia confusa. Preferi não desmentir ele na frente dos avós, mas eu não tinha gostado daquela brincadeira nem um pouco.
– Querida, eu espero que tu não se importe em dormir no mesmo quarto que o Pedro, pois como o nosso outro neto também vem, não temos quarto o suficiente para todos. – A vó dele disse e eu morri por alguns segundos mas logo me recuperei, e Pedro me olhou com medo do que eu iria falar.
– Não me importo. – Engoli seco e sorri.
Quando fomos para o quarto, fechei a porta e o olhei ferozmente, como se eu quisesse estrangular ele, e era mesmo o meu desejo naquele momento.
– O que deu em você? Dizer que somos um casal? É claro que sua mentira só poderia dar em merda Pedro. E pode se preparando para dormir no chão, porque quem inventou isso foi você. – Falei brava mas tentando não gritar.
– Me desculpa, tá legal? – Ele levantou a voz e eu me assustei.
– As pessoas vão te ouvir, seu idiota. – Eu disse com raiva dele. – Se é pra mentir, pelo menos saiba mentir. Dá pra me explicar essa palhaçada agora? – Ele se jogou na cama com os braços pra trás e suspirou.
– Esse primo meu que está chegando Carol... Ele é um pé no saco. Desde que eu me lembre ele sempre competiu comigo, e sempre ganhou. Eu sempre me sinto um inútil quando estou perto dele. – Fui até a cama e me sentei ao lado dele o ouvindo atentamente. – Eu não vou te contar a história do meu pai porque provavelmente minha mãe já te contou, já que agora vocês são uma espécie de melhores amigas, né? – Ele riu fraco. – Ele sabia de tudo o que meu pai fazia comigo e minha mãe, e fazia questão de esfregar na minha cara o quanto a família dele era perfeita. Ele competia comigo para ver quem tinha o melhor pai, e é claro que não era eu. – Pedro revirou os olhos. – E meus avós sempre colocavam ele lá no alto, e depois que ele se formou em direito é o orgulho da família. Quando disseram que ele estava chegando e com uma noiva, eu pensei essa é a minha oportunidade de pelo menos ganhar dele com a garota. Todo mundo te acha incrível Carol, ter uma garota incrível como namorada com certeza faria o meu primo perder uma vez na vida.
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ONE MORE THING
Novela JuvenilA vida de Carol sempre foi uma farsa, ela sempre sorria quando por dentro queria chorar, e sempre se calava quando na verdade queria gritar. Carol não conseguia se abrir nem para suas próprias amigas mais, ela se sentia só mesmo estando rodeada de g...