capítulo 19

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Carol

Meu aniversário tinha chegado, e com ele o tão esperado 18 anos. Onde eu iria poder dirigir, fazer faculdade e ser independente.

Quando abrir os olhos sonolenta, vi uma bandeja recheada de coisas gostosas e ao lado tinha um bilhete.

*Minha eterna criança, meu bebê de 18 anos, não quis acorda-la tão cedo hoje, mas fiz questão de preparar seu café da manhã. Bom, não literalmente, mas garanto que as panquecas eu mesmo fiz com muito amor para você. Meu desejo era passar o dia todo ao seu lado hoje mas você sabe que o trabalho me chama. Se divirta, chame suas amigas, faça o que quiser, apenas se divirta. Eu te amo minha princesa. Xoxo, Daddy. *

Aquele gesto conseguiu substituir todos os presentes caros que ele já tinha me dado.

Peguei a bandeja e a primeira coisa que coloquei na boca foram as panquecas, estavam maravilhosas.

Peguei meu celular e não tinha mensagens das minhas amigas nem do Pedro, por alguns segundos bateu um desespero: Será que eles tinham esquecido?

Nunca liguei para aniversário, sempre quis que as pessoas esquecessem o meu aniversário, mas aquele aniversário era diferente, eu estava diferente, e eu não era a mesma Carol de antes. A única coisa que eu não tinha mudado era o meu orgulho, e eu não ligaria para as pessoas implorando por um "feliz aniversário"

Mas tive uma grande surpresa na hora do almoço, as meninas entraram pela cozinha cantando parabéns para mim. Quase infartei com o susto, mas valeu a pena.

Bruna segurava um bolo pequeno com o símbolo do rock e Elisa segurava cinco balões cada um era uma letra do meu nome.

–Não acredito que vocês lembraram! –Eu disse quando estávamos terminando de comer.

–Acha que nós iríamos esquecer? –Bruna perguntou retoricamente.

–E o Pedro? O que ele te deu? –Elisa perguntou.

–Pedro não sabe que hoje é meu aniversário. –Abaixei a cabeça.

–Como assim você não contou?! –Ela perguntou surpresa.

–Sei lá...– Dei de ombros. –Mas não importa, vocês estão aqui comigo, sempre estiveram no meu aniversário. –Sorri. –Vocês vão hoje para a festa que o Pedro vinha falando esses dias? –Perguntei. 

–Eu não. Irei resolver as últimas coisas da minha viagem quando eu sair daqui e não sei que horas volto.

–Eu vou, não perco por nada.–Bruna disse.

–Ainda bem, não queria ir sozinha com o Pedro, não sou fã de festas e ele provavelmente vai beber com os amigos.

Aquela festa era muito esperada por Pedro.  Ele estava muito animado para ir a festa, ele tinha me dito alguns dias antes que estava prestes a sumir, ou fazer alguma loucura... Porque não aguentava mais ver o sofrimento da mãe. Aquilo me partia o coração, eu tinha vontade de arrancar toda a dor que ele estava sentindo, porque aquilo também me matava.
Então, Pedro mais do que todos, precisava de um lugar para esvaziar a mente. E àquele era o principal motivo para eu querer ir.

A mãe dele estava reagindo bem ao tratamento, aos remédios e etc... O tratamento estava indo muito bem, mas ela já tinha cortado o cabelo muito curto, e a cada dia que eu a via ela tinha menos cabelo.
Ela me dizia o quanto aquilo era doloroso, não a parte de ter todo seu cabelo caindo aos poucos, mas a parte em que ela se via uma mulher com câncer.

Ela sempre foi uma mulher forte, determinada e com a vida toda planejada, e nunca imaginou que um câncer faria ela mudar todos os seus planejamentos de vida, palavras da mesma.

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