CAROL
O meu dia tinha sido extremamente cansativo. Eu tinha ido para mais uma sessão do tratamento da dona Laura pela manhã e depois Pedro e eu tínhamos ido para o supermercado, pois a geladeira não tinha mais nada.
Estava sendo um pouco difícil conciliar estudos e morar com o Pedro. Nós não éramos casados, mas era quase a mesma coisa. E por falar em casamento, Pedro nunca havia mencionado o assunto, talvez ele achasse que por nós morarmos juntos, não precisaríamos nos casar. Mas eu esperaria até o fim do meu curso, se ele não pedisse, eu conversaria com ele seriamente.
Mas eu não queria pensar nisso naquele momento. A minha vida estava incrível.
Pedro pediu para que eu voltasse as minhas sessões de terapia, hesitei inicialmente e disse a ele que estava tudo bem, eu estava ficando boa sem precisar ir para sessões. Então ele disse em forma de suplica –Deixe-me ajuda-la Carol, eu imploro, quero me certificar de que está tudo bem com você.
Então eu aceitei voltar ás sessões, até mesmo para o meu bem, no fundo eu gostava de contar tudo a minha terapeuta, e agora mais madura e cheia de responsabilidades eu precisava ter alguém para contar as minhas coisas já que minhas amigas tinham tomado seus rumos e não costumávamos mais nos ver como antes. Eu sei, eu tinha o Pedro, e eu também sei, sempre soube que podia confiar a ele até meus segredos mais profundos e obscuros, mas era bom ter outra pessoa a quem contar.
–Você está me ouvindo, gatinha? –Pedro tirou-me dos meus devaneios. O olhei com a testa franzida fingindo está irritada pela interrupção.
Eu estava na mesa estudos que tinha se tornado na verdade uma prateleira grande em toda a parede da janela. Eu tinha pedido para ele colocar aquilo ali, pois eu sempre gostava de estudar de frente para a janela com o vento frio da noite batendo em meu rosto, e da janela do quarto dele era ainda melhor, pois eu tinha uma vista incrível da cidade maravilhosa.
Pedro naquele momento, se encontrava sentado em cima da cama, estava com o violão na mão e um caderno ao lado, a caneta se encaixava perfeitamente em sua orelha.
–Pedro eu estou tentando estudar.–Revirei os olhos.
–Eu sei, me desculpe.
–Faz meia hora que eu tento estudar e você aí com esse som!
–Estou tentando compor uma música pra você, grossa!–Ele disse e largou o violão.
–Você não pode está falando sério.–Virei a cadeira para olha-lo melhor.–Você está falando sério?! –Eu não acreditava que ele realmente seria capaz de compor uma música para mim.
–Claro que estou falando sério, já tenho o começo da música. Mas não irei mais continuar, você é um pouco mal agradecida.–Ele disse e se levantou indo em direção a porta, dessa vez ele que fingia está irritado, mas eu o conhecia perfeitamente para saber que ele não era um bom ator.
Corri até ele e fiquei entre a porta impedindo sua passagem.
–Você não pode está falando sério.–Eu disse com um sorriso divertido nos lábios e ele revirou os olhos.
–Eu estou falando sério Carolina! Dá para sair da minha frente? Tenho um jogo para assistir.
–O que você compôs para mim?–Eu disse ignorando totalmente o pedido dele de sair do quarto.
–Não é exatamente para você.–Ele disse e não pude evitar a decepção em meus olhos.–Na verdade, é sobre você.–Ele disse e meus olhos brilharam.
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ONE MORE THING
Fiksi RemajaA vida de Carol sempre foi uma farsa, ela sempre sorria quando por dentro queria chorar, e sempre se calava quando na verdade queria gritar. Carol não conseguia se abrir nem para suas próprias amigas mais, ela se sentia só mesmo estando rodeada de g...