Capitulo 27

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CAROL

Enquanto eu estava na estrada rumo ao aeroporto para voltar ao Rio de Janeiro, minhas mãos estavam suadas e eu estava muito apreensiva.

Pedro queria uma resposta, eu o disse que ao voltar da viagem daria a resposta, mas eu não tinha a resposta. Na verdade eu tinha a resposta, mas não tinha certeza.

A única coisa de que eu tinha certeza era que eu o amava, mas não conseguia tomar a minha decisão, pois Pedro não era o mesmo por quem eu tinha me apaixonado, no fundo eu tinha medo de me arriscar.

Eu já tinha me magoado tanto, por tantos motivos, e no momento em que Pedro estava começando a me fazer chorar eu estava começando a conhecer a verdadeira felicidade, eu não queria voltar para o fundo do poço de novo.

Mas pensando bem, quem tinha me mostrado a felicidade tinha sido Pedro, ele que tinha me tirado do fundo do poço. Mas como alguém que me tirou de lá poderia me levar pra lá? Não tinha lógica eu não dar mais uma chance ao Pedro, a nós dois, ao nosso amor... Nós merecíamos uma segunda chance, uma terceira, e uma quarta, merecíamos todas as chances. Eu estava decidida, voltaria para o apartamento de Pedro, voltaria com o Pedro. Pois se nós dois juntos éramos um perigo para a sociedade, nós dois separados éramos perigo para nós mesmos.

Os ares no aeroporto até mudaram, e eu embarquei feliz por saber que ao chegar em casa estaria nos braços do Pedro.

***

Desembarquei no aeroporto do Rio de Janeiro às 10h30min AM. Eu queria sair dali correndo e dizer ao Pedro que estávamos juntos, e que se dependesse de mim não iríamos nos separar nunca mais.

Tinha alguns familiares dos meus colegas da faculdade no aeroporto para matar a saudade. Sorri desejando que o Pedro tivesse ali.

Despedi-me dos meus colegas e fui arrastando minha mala numa pressa grande pelo aeroporto.

-Carol! -Ouvi uma voz conhecida atrás de mim, e quando virei vi Caleb vindo em minha direção.

-Caleb! O que está fazendo aqui?! -Perguntei surpresa.

-Eu vim te buscar. -Ele disse e eu não tive outra reação, a não ser franzir o cenho.

-Poxa Caleb, não precisava! -Eu disse sem graça, eu realmente não queria que ele tivesse ido me buscar.

-Eu também vim fazer uma coisa, eu precisava ser o primeiro a te reencontrar. -Ele disse tirando as mãos do bolso.

-Pra que?

-Pra isso. -Ele disse e me beijou, ao invés de fechar os olhos, só consegui arregalar os meus olhos surpresa. Por mais que eu tentasse afasta-lo de mim eu não conseguia, pois ele estava me segurando forte demais e deixando meus braços imóveis. Ele estava me sufocando é aquele beijo estava me dando náuseas. Foi então que eu mordi a boca dele e ele grunhiu me soltando.

-Você está louco?!-Eu disse desesperada por ter sido beijada à força, de antes eu não sentia raiva do Caleb, eu tinha passado a sentir naquele momento.

-Carol minha boca está sangrando! -Ele disse com uma expressão dolorosa.

-Isso é pouco para você! Nunca mais me beije sem a minha permissão Caleb! -Eu disse cega de raiva.

-Desculpe, eu achei que...

-Achou que o que?! Em que momento eu fiz você pensar que tinha intimidade o suficiente para me beijar?!

-Me desculpa Carol, por favor, não sei o que eu estava pensando. -Ele disse e eu apenas dei as costas e me dirigir para a saída em busca de um táxi.

Dei o endereço do apartamento de Pedro ao motorista e ele me levou até lá.

Eu ainda tinha as chaves, por isso não o chamei.

Entrei no apartamento o é não tinha ninguém lá, procurei Pedro por todos os lugares da casa, mas não achei. Acabei me frustrando um pouco, mas sentei no sofá da sala e fiquei o esperando.

Não demorou muito para que eu ouvisse a porta sendo destrancada. Levantei-me em um movimento rápido e fiquei de pé com um sorriso largo esperando-o entrar.

Ele abriu a porta, mas não me viu, estava de cabeça baixa. Trancou a porta mais uma vez, e então virou e nossos olhares se cruzaram. Meu sorriso continuava largo em meu rosto, mas foi desfeito quando Pedro ficou parado me encarando com uma expressão indecifrável, talvez ele estivesse surpreso, ou até confuso por eu estar ali.

Depois de alguns segundos em silêncio ele falou, mas continuou no mesmo lugar.

- O que está fazendo aqui? -Ele perguntou.

- Eu voltei! -Sorri mais uma vez, mas ele não retribuiu.

-Eu estou vendo. -Ele disse tão rude que senti uma tristeza me inundando. Ele andou até o sofá e se sentou, não me abraçou, foi como se eu fosse um móvel daqueles em meio à sala.

-Por que está assim?- Perguntei cabisbaixa. Ele demorou um pouco antes de soltar um suspiro cansado e responder.

-Não entendo porque está aqui. Você terminou comigo, lembra?-Ele disse com sarcasmo.

-Eu pedi um tempo, e você aceitou! -Eu disse começando a me incomodar com o jeito frio que ele estava me tratando.

-Não me lembro de você ter perguntado se eu estava de acordo com esse tempo. Você simplesmente disse que viajaria e que pensaria.

-E você concordou! - Esbravejei.

-Não me lembro. -Ele deu de ombros e voltou a olhar para qualquer lugar, menos para mim.

Eu queria o mandar ir para a merda, queria gritar com ele e chamá-lo de tudo o que não presta, mas eu não conseguia. A única coisa que aconteceu foi escorrer uma lágrima grossa dos meus olhos.

-Porque você está agindo assim? Porque de repente parece que eu não te conheço mais? -Perguntei lutando para não me descontrolar.

-Eu também não te conheço mais.

-Eu não estou dando motivos para você, mas você está dando motivos para mim. -Eu disse muito magoada.

-Sabe o que é Carol? -Ele se levantou e levantou a voz, então eu recuei. -Nesse tempo que você decidiu dar, eu pensei, pensei muito durante esse tempo longe de você. E adivinha? Cheguei à conclusão de que eu não sou dependente de você, e cheguei à conclusão de que eu não quero me prender a alguém pelo resto da minha vida. -Ele cuspiu as palavras na minha cara. Eu não acreditava. Não podia acreditar que aquelas palavras estavam saindo da boca do Pedro.

-Você está brincando? -Eu disse quando meus olhos se encheram de água e eu só consegui enxergar um borrão.

-Estou com cara de quem está brincando? -Ele disse e as minhas lágrimas começaram a cair copiosamente.

-Não chora! Pelo amor de Deus não chora! -Ele gritou. -Você quis isso, você que decidiu me fazer de palhaço, ficando não sei quantos meses longe de mim. Achou que eu iria ficar sentado te esperando pelo resto da vida? Não, Carol, não! -Ele gritava muito próximo a mim, e eu não conseguia dizer nada, só chorar. Então eu me afastei de perto dele, peguei minhas coisas e sair, sem olhar para trás, sem me despedir e sem dar um último beijo como fazíamos das outras vezes.

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