Capítulo 28

56 1 2
                                    

PEDRO

Meu coração doía tanto, falar tantas coisas que eu não queria falar doía muito, mas doía mais saber que Carol tinha se interessado por outro, era o que eu temia desde o ínicio e aconteceu. Eu estava tão certo de que ela voltaria para mim depois de tudo, mas foi tarde demais, e quando cheguei no aeroporto ela estava muito bem aos beijos com o Caleb.

Foi como uma facada ver ela com ele, depois de tudo... Depois dela dizer e jurar que não tinha nada com ele. Mas foi ainda pior ver ela na minha sala como se nada tivesse acontecido, ela quase me implorou para voltarmos, ela achava que eu não sabia que ela tinha algo com outro cara. Eu nunca imaginei que a Carol fosse dessas, quanto tempo será que ela mentira pra mim se eu não tivesse a rejeitado? Talvez a vida inteira.

O que ela via nele que não via em mim? Eu era o amor da vida dela, ela já tinha me dito isso várias vezes, e ela era o amor da minha vida. Mas ela escolheu outro, ela preferiu está nos braços de outro. Talvez eu não fosse mais o amor da vida dela, e talvez ela não tivesse mentido quando me disse. No momento em que ela me disse eu realmente poderia ser o amor da vida dela, mas então chegou outro amor na vida dela. Poderia ser egoísmo, mas eu realmente esperava de coração que Caleb nunca fosse o amor da vida dela.

***

Quando eu não aguentava mais ficar naquela sala sentindo o cheiro do perfume dela que tinha grudado de um jeito no recinto, eu fui para o bar da esquina. Não foi uma boate, foi um bar mesmo. Daqueles que as pessoas amarguradas​ e de corações partidos vão.

Eu pedi de doses, mas as doses não pareciam ser o suficiente para curar um coração ferido, então eu comecei a pedir garrafas e mais garrafas até acordar no dia seguinte sem saber quem estava na minha cama e como eu tinha chegado nela.

–Bom dia... –A garota ao lado sussurrou. Confesso que ela era bonita, mas a voz era fina e fanha. Ela estava deitada mas eu podia perceber que era alta. Tinha os cabelos lisos e loiros na altura dos ombros, os olhos eram verdes escuro e ela era bem magra.

Demorei um pouco para a responder, eu estava tentando lembrar de qualquer coisa da noite anterior mas eu não conseguia, só conseguia lembrar de ter chegado ao bar com vontade de tomar todas.

–Qual é seu nome?! –Perguntei sem intenção de ser rude, mas acabei sendo.

–Gabi, e você é o Pedro. –Ela disse se levantando e vestindo a roupa.

–Me desculpa Gabi, mas eu não consigo lembrar de nada.

–Não esperava que fosse lembrar, você estava muito bêbado!  –Ela riu. –Mas eu vou te dar um resumo de como viemos parar na sua cama... Eu fui para o bar depois do trabalho e sentei ao seu lado, você começou a falar muito sobre uma garota... Caramba como era o nome dela mesmo... –Ela tentou lembrar.

–Carol?

–Isso! Você falou muito dela, você achava que estava falando para mim, mas estava falando só. Depois de você chorar, se apresentou e pediu para pagar uma bebida, e eu aceitei. Depois de algumas bebidas você disse que morava perto do bar, então a gente caminhou até o seu apartamento. Você estava cambaleando um pouquinho por conta da bebida, mas eu também estava bêbada então aquilo não importou. Começamos na sala e terminamos aqui.

–Nossa... –Eu disse um pouco rouco. –Olha eu sinto muito se fiz você pensar outra coisa... Mas eu não estou disponível.

–Sua namorada te traiu.

–Não precisa esfregar na minha cara. Mas isso não importa, sou eu que não quero me envolver com ninguém agora. –Eu disse.

–Vai parar de pegar mulher só porque sua namorada te deu um fora? –Ela riu.

–Sim...Quer dizer, não! Escuta aqui, quem pensa que é pra se meter na minha vida?

–Não estou me metendo. E não se preocupe não, não sou mulher que gruda em homem e que implora por uma chance, muito menos sou mulher de relacionamento. A gente teve uma noite e tenho que confessar foi ótima! Mas acaba por aqui. Tchau garotinho! –Ela terminou de se vestir e pegou algo na bolsa.

–Espera aí, você me chamou de garotinho? –Perguntei incrédulo.

–Sei lá... Chamei?

–Eu acho que chamou, né!

–Tanto faz. –Ela deu de ombros e me deu um papel com alguns números. –No caso de você precisar de mim. Tchau, Pedro! –Ela disse e se retirou.
Pelo menos eu não precisei mandar ela embora.

Olhei mais uma vez para o papel com o número dela por alguns segundos e depois joguei para o ar, caindo de costas na cama novamente.

Carol você me arruinou, literalmente. Eu não conseguia nem ficar com mulher nenhuma mais, era como se eu estivesse traindo, mas traindo quem?
Eu? Você? Nós? Minhas lembranças? Eu não sei, eu nunca soube. Mas eu me sentia um traidor.

Depois de tomar um banho e acordar de verdade, fui correr na praia.
Uma vez eu fui correr com a Carol, e depois a gente tomou um banho de mar, ou melhor, eu tomei um banho de mar e ela ficou olhando. Ela sempre teve medo de entrar no mar e eu nunca entendi, eu devia ter perguntado mais sobre ela quando estávamos juntos.

Corri com o Gabriel muitos quilômetros, sem falar nada, ele estava começando a ficar pra trás.

–Pedro! –Ele tentou me alcançar mas era como se a voz dele tivesse muito distante e eu tivesse que correr mais. Até que ele me alcançou e me lançou ao chão.

–Caralho hein! O que é?

–O que aconteceu? Você está bem.

–A minha namorada me traiu e pretendia continuar mentindo pra mim, a minha mãe está morrendo com um maldito câncer, eu estou tendo uma abstinência de álcool, eu não consigo pegar nenhuma mulher sem me sentir culpado por uma merda que eu não sei... A minha vida está uma droga, mas sim Gabriel, está tudo bem.

–Espera aí, a Carol te traiu?

–Foi o que eu disse né, ela me traiu! –Me levantei limpando a areia do meu corpo.

–Você viu, ou ouviu falar?

–Gabriel você é um imbecil! Eu vi, com meus próprios olhos. E eu não quero falar disso, tá legal? –Falei e fui em direção oposta.

–Pra onde você vai?

–Beber. –Eu disse e fui comprar bebida e levei para casa.

Enchi a cara mais uma vez. Dessa vez dentro de casa, talvez eu estivesse virando o meu pai. Talvez eu não prestasse mesmo e fosse fazer a Carol sofrer, igual a minha mãe, então o destino separou eu e a Carol por ela ser uma pessoa tão boa e não merecer sofrer.
Mas a minha mãe era uma pessoa boa e mesmo assim...

Peguei uma garrafa de vodka vazia e joguei em direção a parede com muita raiva. Eu precisava me livrar do fantasma que era a Carol na minha vida, ou talvez eu não quisesse.

A minha mente parecia minha inimiga, era como se tivesse um anjo de um lado e um demônio do outro. Eu estava surtando.

ONE MORE THINGOnde histórias criam vida. Descubra agora