Capítulo 25

53 1 10
                                    


PEDRO

1 mês. 

Exatos trinta dias atrás Carol estava indo embora prometendo que voltaria mas não voltou, não me ligou e nem mandou notícias.

Mas eu também não tinha ligado procurando saber dela. Afinal de contas ela queria aquele tempo para ela, ela precisava de um tempo para ela. Lembro-me dela dizendo em alto e bom som: Eu preciso de um tempo longe de você.

Embora doesse para cacete ter ela longe de mim, ela quase tinha implorado para eu deixa-la ter um tempo só para ela. E no fundo eu acreditava que ela só queria um tempo mesmo, sabe? No fundo eu acreditava que ela voltaria para mim, e quando eu acordasse seu cabelo meio castanho claro, meio loiro estaria na minha cara, e meu braço estaria dormente por ter passado a noite com ela em cima dele.

Eu estava sentindo tanto a falta daquela menina, não sabia que na vida era possível sentirmos tanto a falta de alguém, e que doesse tanto não está ao lado de alguém. Mas Carol mostrou que é possível sim, e ela me mostrou da pior forma possível, sentindo a falta dela.

Eu queria ligar, eu queria ir até ela e pedir, implorar para ela deixar de bobeira e voltar logo para casa, que era nossa casa, sempre foi. E não falo apenas da casa material, aquela feita de tijolos e cimentos que todos vocês sabem. Falo também do abraço, dos meus braços, que é onde ela mora. Mas eu não podia ligar e implorar para que ela voltasse, se ela queria um tempo, eu daria um tempo. Eu acreditava na promessa dela, e a esperaria até ela voltar, ou dizer que tudo estava acabado. Mas aí eu não aceitaria, não aceitaria Carol terminando tudo, colocando um ponto final na nossa história que estava apenas no primeiro parágrafo. 

Há um mês ela tinha pedido um tempo, e há um mês eu não tinha vida social. Era estranho, porque eu estava tão acostumado com a Carol na minha rotina, na minha vida, que eu não sabia fazer mais nada sem ela, ou talvez as coisas apenas não tivessem graça quando ela não estava.
Eu não entendia porquê Carol queria um tempo, certo, eu entendia que eu não estava sendo o melhor namorado do mundo, mas eu agia daquele jeito por medo de perde-la. Mas pelo visto, meu medo de perde-la estava fazendo com que eu a perdesse.

E pela 4ª noite de um sábado seguido eu estava no sofá, com o celular na mão e o número dela na tela junto com a foto. 

Uma parte de mim queira ligar, e a outra parte queria ser menos sufocante e deixa-la fazer o que quisesse.

Eu precisava sair daquela lama, talvez Carol estivesse se divertindo enquanto eu estava olhando para a foto dela durante horas. 

E se ela arrumasse alguém? Alguém mais interessante que eu? E se esse alguém fosse menos ciumento que eu e desse mais atenção a ela do que eu consegui dar? E se ela se apaixonasse por outro alguém? A ideia de não ter o amor dela para mim chegava a ser uma tormenta. O ar faltava e a sala parecia ficar menor a cada segundo. 

Eu precisava sair! Eu precisava de ar fresco. 

Peguei meu casaco e sair caminhando pela rua. 

CAROL

Já fazia um mês que eu e Pedro estávamos "separados". Eu tinha pedido um tempo a ele para sentir a falta dele, e eu estava sentindo, mas não era como se fosse impossível viver sem ele. 

Talvez fosse porque eu queria aquilo, e eu estava me divertindo sendo independente.

A verdade é que eu sempre sonhei em ser independente. Fazer 18 anos e ir morar só, viajar, enfim, ser independente. Nunca imaginei que eu faria 18 anos e iria morar com um namorado, não que não fosse bom e que eu não gostasse, eu amava. Mas quando eu fiz 18 anos eu não tive a oportunidade de ser independente, eu deixei de morar com alguém, para ir morar com outro alguém. E a minha visão de independência era morar sozinha e passar perrengue.

ONE MORE THINGOnde histórias criam vida. Descubra agora