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Observei a mulher à minha frente. Ela tinha cabelos pretos, pele clara e olhos azuis. Ela era linda. 



- Tu és a irmã do Michael, não é? - perguntei apenas para quebrar o silêncio.

- Irmã? Foi isso que ele te disse? - rebateu e estreitei o olhar confusa.

- Sim. - respondi e ela riu irónica.

- Tu quem és? - perguntou séria e cruzou os braços na frente do corpo. 

- Sou namorada. - ela soltou uma gargalhada sarcástica.

- És aluna dele? - aproximou-se um pouco de mim. Eu não sabia o que dizer, se respondia à verdade ou não. Mas se responder à verdade me fizer conhecer, finalmente, a família dele, então é isso que farei.

- Era, já não sou mais. 

- Vocês estão juntos há quanto tempo? - perguntou e estranhei todo aquele inquérito.

- Há quase cinco meses.  Desculpe, mas quem é você, afinal? - questionei com firmeza, não me podia sentir ameaçada por aquela mulher. 

- Stella Terry, esposa do Michael. - sorriu cínica e fiquei em choque.



Esposa? Como assim esposa? O Michael disse que era solteiro e agora aparece-me esta mulher dizendo ser esposa dele? 



- Não, não pode ser. - disse atordoada. - Ele disse que era solteiro.

- Lógico, se ele dissesse a verdade tu não irias querer nada com ele. Nós somos casados há 6 anos. - ela falou mas parecia-me bastante calma.

- Isso não é verdade, tu estás aí calma, se realmente vocês tivessem algo estarias a bater-me ou algo assim... 

- Eu só não faço isso porque sei muito bem o marido que tenho. Já não é a primeira vez que ele anda com uma aluna. Por que achas que ele está em LA? Nós somos de Nevada, ele foi expulso da faculdade de lá por namorar uma aluna. Eu perdoei e aceitei que ele viesse para cá enquanto eu continuava o meu projeto de investigação lá em Nevada, eu sou bióloga. - explicou - E ele faz a mesma coisa? - indignou-se. 

- Eu... eu não sabia. - suspirei sentindo as lágrimas banharem o meu rosto.

- Não te culpo. Eu bem desconfiava que ele tinha outra pessoa. Por isso vim mais cedo passar o fim de semana a casa, queria tirar as dúvidas. - respirou fundo e encostou-se ao balcão da cozinha visivelmente abatida.



Ambas tínhamos sido enganadas. Eu ainda não acredito que o Michael teve a coragem para me enganar assim. Mas estava mais do que na cara. Ele só me usava para sexo, por isso agora anda todo irritado com o meu resguardo, porque não podemos fazer nada. Agora entendo porque ele sempre negava apresentar-me à família e aos amigos, como ele iria apresentar uma namorada se ele tem uma esposa? Quando ela vinha passar o fim de semana com ele, ele tentava manter-se o mais longe e incontactável possível. Como eu não percebi tudo isso? Por que eu fui tão burra? 

Louis, Rayna e mamãe, sempre tiveram razão. Ele só me usava. Acho que nunca me senti tão enganada na minha vida, nem tão arrependida. Eu troquei um namoro com alguém que é, talvez, o amor da minha vida, por algo que não passa de uma fraude. 

Ficámos em silêncio, apenas o som do choro se fazia ouvir. Michael tinha brincado com a vida de duas pessoas, sendo que com uma delas já era a segunda vez que ele brincava. 

Nana, who are you? 2 || L.T. ||Onde histórias criam vida. Descubra agora