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Levantei-me para receber o meu pai e senti-me um pouco envergonhado por ele me ter visto com Anabelle daquele jeito.





- Pensei que viesses mais logo, pai. - abracei-o.

- Não, vim mais cedo, assim descanso durante o dia. - sorriu e olhou para trás de mim.

- Deixa-me apresentar-te a Anabelle, uma amiga da faculdade que por acaso é tua admiradora. - disse rindo.

- É um prazer conhecê-lo senhor Tomlinson. - apertou a mão do meu pai.

- O prazer é meu.

- Eu adoro os seus artigos, eles inspiram-me muito para seguir o meu sonho de ser psiquiatra. - o meu pai sorriu-me.

- Obrigado por isso, depois podemos conversar melhor Anabelle.

- Claro, iria ser uma honra, agora acho melhor ir embora.

- Quê? Não, fica Anabelle. Daqui a pouco almoçamos, não precisas ir já embora.

- Eu acho melhor Louis, tens muito que conversar com o teu pai e eu não quero estar a incomodar.

- Não incomodas, sabes disso. - disse-lhe e ela assentiu mas não mudou de ideia.





Depois de a levar à porta e de trocarmos um beijo rápido, voltei para dentro vendo o meu pai já sentado no sofá à minha espera.





- Não queres comer nada antes? - perguntei.

- Não, eu comi numa pastelaria quando vinha para cá. Agora, senta aqui e conta-me porque te apanhei aos amassos com aquela moça e não com a Katerina. - só o facto dele pronunciar o nome dela fazia o meu coração disparar de raiva e tristeza e abandonar toda a pouca alegria com que consegui viver nas últimas horas.

- Nós terminámos na sexta-feira, ela traiu-me. - fui direto e deixe-me desabar no sofá.

- Conta-me tudo.





Contei tudo que aconteceu desde que a faculdade começou, o meu pai era um ótimo ouvinte e não havia ninguém melhor para conversar acerca da minha situação. Eu estava um caco por dentro enquanto por fora tentava demonstrar que estava tudo bem, mas não estava e nem estaria tão facilmente.





- Eu sei que o jeito é aceitar e tentar seguir a minha vida, pai. Mas... - suspirei e limpei os olhos que ameaçavam chorar - O que mais me custa é saber que eu sempre tentei ser tudo para ela, ser o melhor, ser algo indispensável na vida dela. Eu não me arrependo de nada que fiz, eu voltaria a fazer o mesmo, mas custa ver a pessoa com quem esperava ter um futuro, abandonar-me para viver algo incerto. Ele não a merece pai.

- Eu sei que não te arrependes de nada, mas já pensaste que tudo que tu fizeste por ela serviu para a preparar para o mundo?

- E para outra pessoa, pelos vistos. - rebati e ele apertou o meu ombro amigavelmente.

- O que eu quero dizer é que sem ti a Katerina não conseguia pensar adiante, ela apenas vivia o agora, mas quando tu mudaste a vida dela ela conseguiu pensar no futuro e passou a desejar outras coisas. Não estou a dizer que tiveste culpa nisso, apenas aconteceu, tu fizeste o que tinhas de fazer e ela ganhou asas para decidir se ficava ou se partia. Ela decidiu partir.

- Achas que eu errei em sempre me preocupar com ela e fazer de tudo para que ela estivesse bem?

- Não, fizeste o certo. Foste a segurança e a âncora dela por muito tempo, mas as situações, o ambiente, o contexto, mudam as pessoas.

Nana, who are you? 2 || L.T. ||Onde histórias criam vida. Descubra agora