Capítulo 4

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Tinha chegado cedo demais ao consultório do Dr. Cardoso,  então peguei uma revista enquanto estava sentada na sala de espera. Devido ao nervosismo daquele dia nem sequer tomava atenção á revista, simplesmente a folheava. Suspirei várias vezes olhando a porta da sala de atendimento, teria que esperar ate que acabasse a consulta antes da minha, mas a ansiedade era muito grande.

__ Senhorita Ursula  deseja  tomar um chá ou um café ?

__Obrigada!- Olhei rapidamente para o som daquela voz feminina e sorri.__ Aceito um café, sim.

Anita era a recepcionista do consultório, era uma moça bastante simpática. Alta, com cabelo louro curto e maquilhagem forte, à primeira vista não era a pessoa que esperávamos ver numa recepção de um consultório de psicologia, mas tinha realmente a personalidade indicada para o cargo. Era atenciosa e bastante intuitiva.

__ Não se preocupe,entra já daqui a uns minutinhos. – Anita declarou enquanto lhe entregava um copinho de plastico com café.

__ Eu sei ! – Suspirei, enquanto colocava a revista na mesinha e peguei no copo dando um gole de imediato.__ Estou só um pouco apreensiva.

__ Compreendo! È sempre muito complicado a espera em consultórios.

__ Sim verdade,- Sorri  sem graça. __ Em qualquer um.

Depois de algum tempo de conversa a minha ansiedade diminuiu, até a porta se abrir e o Dr. Cardoso chamar o meu nome. Respirando fundo  duas vezes ,me levanto  , indo direto ao  sofá castanho para  onde o Dr. Cardoso apontava  antes de fechar a porta atras dele.

__ Então, Senhorita Ursula ,  em que  posso ajudar?- Ele se senta numa poltrona em frente a ela.

__ Sabe ...estou um pouco perturbada ultimamente com os sonhos que ando a ter.- Dr. Cardoso deveria ter uns sessenta anos  e o sorriso terno que exibia me colocava um pouco  mais á vontade.

__ Conte-me esses sonhos.- Com ar profissional, ele pega na caneta e seu bloco de apontamentos , a  encarando atento a tudo o que fosse dito.

__ São sonhos sem nenhum sentido. - Respiro fundo  nervosa esfregando as maos uma na outra .__Quero dizer...não tem um principio, meio ou  fim, simplesmente me aparecem imagens soltas.

__ Continue! – Insistiu Dr. Cardoso

__Começo por me ver sozinha numa floresta densa e escura, - Clareando a garganta eu  o olho  hesitante . __  De repente ouço rosnados à minha volta,  imagens de sangue surgem antes  mesmo de  eu ver...  presas horriveis e dentes afiados.

__ Hum...estou a ver. - Dr. Cardoso fica pensativo por uns momentos . __E sente medo Ursula?

__ Um pouco...- Respiro fundo .__ Mas sinto que estou a ser protegida por algo ou alguém também.- Balanço a cabeça ao  notar que parecia um pouco confuso. __ No último sonho que tive estava rodeada por uma luz brilhante enquanto segurava algo nos meus braços, como se eu  tambem protegesse  alguma coisa .

__ Ursula! - DR. Cardoso , depois de alguns apontamentos , pousa a caneta em seu bloco e sorri , me analisando. __ Como vai a sua vida amorosa?

__ Não tenho nenhuma, por isso vai bem. - Quase que bufo as palavras , dando  conta disso , de imediato sorri  mantendo uma postura tranquila .Sabia que esta pergunta viria. A maioria dos  psicólogos usavam a teoria de Freud  que dizia que a sexualidade, por  vezes poderia ser  a  origem de  alguns problemas psicológicos.

__ E não sente falta de ter um companheiro? Um homem que lhe de segurança, atenção...carinho? – Ele insiste nesse assunto, começando de novo a rabiscar  algo no papel branco  do seu  bloco de capa negra em cima dos joelhos.

Livro 6- Destinada a DoisOnde histórias criam vida. Descubra agora