Capítulo 1 - Giulliana

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Capítulo 1 – Giulliana

Atrasada.

 Meu guarda chuva quebrou tal qual meu carro no meio da avenida, possibilitando um pouco mais do congestionamento rotineiro da grande cidade. Meus cabelos estavam desgrenhados e colados no meu rosto devido ao forte vento e a chuva que caía fininha e se infiltrava nas minhas roupas. Chamei o guincho faziam mais de vinte minutos, e já estava amaldiçoando a todos que buzinavam para mim me insultando, mas a minha maldição maior era para o cara que deveria estar me ajudando a sair dessa cilada há uns vários minutos atrás. OH! Graças a Deus, ele chegou. Entreguei as chaves do carro, anotei meu número de telefone, endereço, e tudo mais que fosse necessário em um pedaço de papel que arranquei da minha agenda e entreguei para o rapaz do guincho.

– Olha! Todas as informações necessárias estão anotadas nesse papel, não posso ficar, tenho um compromisso de vida ou morte exatamente... – Olhei para o relógio que marcava 09h10min – Agora! Qualquer coisa me liga. Na verdade, melhor não, estarei ocupada, eu ligo pra você.

– Pode deixar Dona, sua caranga está em boas mãos. – Falou apontando para o carro.

 Abri a boca pasma por esse ser horripilante e estranho na minha frente falar mal do meu amado carro, mas desisti ao lembrar-me do horário.

 O escritório ficava a algumas quadras dali e eu já havia ligado para a minha avó avisando o porquê de estar atrasada, ela já estava ciente, mas eu não poderia perder uma reunião que o status no Outlook, estava tachado de Importante e que ainda por cima a categoria era vermelha.

 O melhor a fazer do que esperar um táxi, nesse dia caótico era... Correr.

 Nunca precisei correr tanto para chegar ao meu local de trabalho. Aliás, eu nunca corri para lugar algum, na verdade, estou mentindo agora, quando eu não tinha carteira de motorista, eu corria para não perder o ônibus, várias vezes, mas ainda assim, sou sedentária e exercícios físicos não fazem parte da minha rotina, tudo bem que a minha genética colaborou para que eu não ligasse para isso, afinal, me alimento como uma desesperada e não tenho problemas com o meu peso. Mas apesar disso tudo, eu gosto de andar de bicicleta, o que não vem ao caso agora.

 Meu coração estava acelerado e minha respiração era entrecortada.

 Entrei como um jato pelo enorme e exuberante saguão, parando apenas por um momento para cumprimentar o chefe da segurança, o Seu Davi. Um homem robusto e forte devia estar beirando os 50, mas poderia ser considerado um galã, além de muito simpático e atencioso.

– Bom dia, senhorita Giulliana. – Se levantou de sua cadeira e fez uma careta ao ver o meu estado lastimável.

– Só se for pra você Davi. Desculpe, mas tenho que correr, sabe como é atrasar, não faz o meu estilo. – Lancei uma piscadinha para ele e sorri.

 Eu subiria as escadas se a reunião que já devia ter iniciado há um bom tempo não fosse no décimo andar. Apertei os botões de todos os elevadores enquanto passava as mãos pelos cabelos a fim de dar um jeito e amenizar um pouco a minha aparência desagradável. Ao ouvir aquele som que todos os elevadores fazem ao chegar ao seu local de destino, as portas se abriram e eu saltei para dentro, apertando fixamente no botão do décimo andar.

– Sobe. – Falava a suave voz gravada da moça do elevador.

 Parecia uma eternidade, o elevador parou em quase todos os andares. Isso é um complô contra a minha pessoa. Estão tramando para me derrubar! Como se isso fosse realmente verdade lancei um olhar mortal para todos que entravam no elevador e me encaravam reparando nas minhas roupas e meu cabelo frisado e úmido. Com toda e absoluta certeza minha versão má não assustava nem um peixe.

Você e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora