Você e Eu (Bônus) - Luana

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Bônus – Luana

Eu realmente não acredito que estou me prestando a fazer algo assim. Até que nível eu tenho que descer para que o Bernardo tome a decisão sensata de voltar para mim? Quantos dos seus amigos vou ter de seduzir para tentar produzir o mínimo de ciúmes? Sério, eu não aguento mais. Apesar de não ter mais saco para isso, Marcela – minha melhor amiga de toda a vida –, me disse que esses ataques não teriam efeito, e que eu deveria começar a seduzir os amigos mais próximos dele.

Os seus irmãos.

Juntas, em meu apartamento, fizemos a lista que consistia em apenas três nomes:

André Alves, dono de uma empresa de segurança, ex-militar, moreno, alto, sério na medida certa e muito, muito sarado. Totalmente meu tipo.

Felipe Samuel Andrade, nerd, casado com uma santinha do pau oco, dono de uma herança incontável, um gatinho totalmente pegável. É, ele faz o meu tipo, apesar do físico não ser lá essas coisas.

Hugo Benicio Valentim, assessor de Bernardo, tem uma boa conta bancária, um pouco acima do peso, um pouco baixo demais. Não faz nenhum pouco o meu tipo, então ele será minha última alternativa.

– Então, por quem devo começar? – Perguntei enquanto lambia a colher de brigadeiro.

– Hm, o cara que com certeza ia cair na sua isca facilmente é o gordinho, mas eu tenho minhas dúvidas.

– É melhor fazermos um sorteio, o nome que eu tirar, vai ser. – Disse decidida.

Colocamos o nome dos três no papel, e colocamos dentro de uma caneca vazia, Marcela balançou tanto a caneca que era impossível saber onde o nome de quem estava. Puxei um papel e com o coração acelerado abri e li o nome do meu alvo:

– Felipe.

– Putz, o mais difícil. – Disse Marcela enquanto se jogava em cima da cama. – Ele vai ser mais difícil porque é casado.

– Mazinha, homens casados não passam de cafajestes. Eles são os mais fáceis.

– É, pensando bem, nenhum deles resiste a uma pressãozinha.

Nessa mesma noite, traçamos o nosso plano de ataque, que seria posto em prática no dia seguinte.

Felipe trabalha com Bernardo na MAG Mídia, então seria fácil seduzi-lo e Marcela ia fazer o possível para que Bernardo nos flagrasse. A tática seria acusar Felipe de assédio, fingir que ele estava me forçando a fazer o que eu não queria, enquanto a minha desculpa seria de que eu apenas estava lá à procura de Bernardo.

Entrei na sala de Felipe sem nem bater, e o seu semblante era de total surpresa. Ele estava no telefone, aproveitei então, e caminhei decidida até ele. Estava com uma saia que deixava pouquíssimo para a imaginação, e os primeiros botões da minha camisa estavam abertos deixando o contorno dos meus seios à mostra.

Ele ainda falava ao telefone, enquanto eu girei a sua cadeira para ficar de frente para mim, seus olhos estavam arregalados, o nervosismo que emanava dele me divertia. Maria Eduarda deveria estar me agradecendo, pois hoje teríamos a prova se Felipe era fiel a sua amada esposa, ou não.

– Te ligo depois. – Colocou o telefone no gancho.

– Oi. – Sussurrei perto de sua boca.

– Luana, o que faz aqui? – Me empurrou. – E vestida assim?

Idiota, ele estava me rejeitando.

– Eu vim ver você. – Passei a mão em seu peito.

– Você bebeu? – Segurou meus pulsos. – Por que você parece estar fora de si.

– Não Felipe, eu não bebi. – Me soltei. – Eu só demorei muito tempo para perceber os sentimentos que eu tinha por você.

– Você tá maluca! Só pode. – Tentou se levantar da cadeira, mas eu consegui ser mais rápida e sentar em seu colo.

– Eu sempre fui apaixonada por você, só demorei muito tempo para admitir isso.  – Expliquei colocando uma perna em cada lado da sua cintura. – Demorei tempo demais para perceber. – Puxei as suas mãos para os meus seios.

Felipe era um idiota sem noção, ele me empurrou com força e se não fosse eu me agarrar em seu pescoço, eu iria cair de bunda no chão. Pude ouvir a porta se abrir, puxei rapidamente minha saia para cima e agarrei Felipe e o beijei, esfregando meu batom vermelho em sua boca que não abria de jeito nenhum para me receber.

– Meu Deus do céu! – Ah não. Não era Bernardo quem estava ali.

– Duda?! – Felipe me empurrou, e eu caí no chão.

Felipe correu até a sua esposa que esvaia em lágrimas, ele tentava abraçá-la, mas ela não permitia, ele passava as mãos pelo cabelo deixando-os bagunçados, estava nervoso, não sabia se explicava a situação, se chorava junto com ela, se voltava e me expulsava, ele estava totalmente fora de si.

– Duda, amor, meu amor, por favor, eu posso explicar.

– NÃO! Eu não acredito que você foi capaz de fazer isso comigo. – Gritou em prantos. – Como você teve coragem Felipe? Como?

Enquanto arrumava as minhas roupas e limpava o batom do rosto, eu senti uma pontada de culpa. Eu realmente não esperava que ela nos encontrasse desse jeito. Será que eu acabei de destruir um casamento?

– Meu amor, eu juro, eu juro que nada aconteceu. – Felipe tentava explicar sem sucesso.

– Eu não quero conversar com você agora. – Soluçava. – Eu quero que você me deixe em paz! – E saiu correndo, aos prantos.

Felipe se virou para mim, e a forma com que me olhou era de puro ódio.

– Olha o que você fez garota! – Rugiu. – Sua cadela! Você destruiu meu casamento!

Dei de ombros, peguei minha bolsa e fui em direção a porta. – Me liga quando você se divorciar. – Mandei um beijo no ar e bati a porta atrás de mim, com força.

Merda.

Deu tudo errado.

Não era minha intenção protagonizar todo esse drama. Porque Bernardo não apareceu? Por que a Eduarda tinha que visitar o maridinho justo nesse momento?

Eu preciso saber o que a Marcela fez para que tudo desse errado.

O que me consola no momento é que nem tudo estava perdido e eu ainda tinha duas tentativas.

Próximo da lista: André Alves.

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