Você e Eu

Você e Eu (Bônus) - Rodrigo

Bônus – Rodrigo

Hoje resolvi tirar o dia para mim, para aproveitar e descansar. Não que eu esteja realmente cansado, até por que eu sou um completo vagabundo, afinal, sou milionário, tenho dinheiro para esbanjar até não poder mais, quando não quero, não vou trabalhar e quando vou, não preciso fazer muita coisa, por que tenho pessoas que façam por mim. Mas hoje eu quero uma diversão mais calma, sem música alta, bebidas alcoólicas que nunca acabam, e mulheres, quero distância disso.

Pelo menos por hoje.

A minha vida social é muito agitada. Vou a festas de domingo a domingo. Tenho uma mulher para cada dia da semana, sou rico, e tenho um corpo e rosto de causar inveja. As mulheres caem em cima de mim, como quando caem em cima de uma bolsa de marca quando está em liquidação, sou desejado e muito popular.

Eu não me orgulho de ser assim, mas é mais fácil. Eu gosto da fama de badboy milionário rodeado de mulheres. Mas não tenho a intenção de ser assim para sempre. Já estou ficando velho, e o desejo de me tornar pai vem se intensificando. Eu fui tudo o que o meu pai é - arrogante, prepotente, mesquinho e exibicionista -, mas essa vida tem me cansado e quando eu tiver um filho, não quero ser como o meu pai foi pra mim, e como eu sou hoje, eu quero mudar, quero ser diferente, e para isso eu preciso começar me redimindo com a única mulher que eu já amei.

Giulliana.

Eu acabei ferrando tudo há alguns anos atrás, ela era tudo pra mim. A mulher que eu precisava ter ao meu lado, linda, generosa, carinhosa e feliz. Ela alegrava o meu coração diariamente, me tornava um homem bom, e o que eu fiz? Eu estraguei tudo!

E o real motivo, foi por dinheiro.

Meu egoísmo para com ela me corrói até hoje, e sei que depois que ela se foi, eu me tornei um homem cada vez mais errante.

Eu era mais jovem, cabeça fraca, fiz amizades com pessoas erradas, que conseguiram me ganhar na lábia. Eles haviam combinado de fazer uma festa no meu apartamento, só para os amigos e eu aceitei, porém, a Giullia – ainda a chamo assim – não poderia ir, pois estava de viagem à Itália.

Tinha muita bebida, muita mulher bonita, e eu, acabei bebendo mais do que eu realmente deveria, meus "amigos", apostaram alto dizendo que eu não ficaria com a garota européia que estava fazendo intercâmbio aqui no Brasil, eu já estava mais que bêbado e entrei na onda, fazia tempo que eu não tentava usar de charme para conquistar ninguém, Giullia foi a minha primeira namorada e as outras meninas com que fiquei e vieram antes dela foram fáceis de conseguir e sem importância.

Tentei usar de charme, mas a Elizabeth - esse era o seu nome -, ela fazia-se de difícil, e aquilo me incentivou a investir com artilharia pesada, ninguém poderia me rejeitar, ainda mais na frente dos meus amigos. Eles estavam filmando tudo de um canto, e eu não dava nem atenção. Trovei fiado, incentivei, a toquei, me aproximei e esfreguei meu nariz em seu pescoço sentindo o cheiro forte do seu perfume, e ouvi-a ofegar e aquilo foi à carta de entrada para a perdição, nos beijamos ardentemente no meio de todos ali presentes, a levei para o meu quarto e concluí o que nós havíamos começado.

Acordei com uma dor de cabeça terrível e senti um corpo quente colado ao meu, sorri e constatei que a noite e a aposta estavam ganhas, a acordei com beijos e toques provocantes, ela me sorriu e saltou em cima de mim.

– Bom dia, garanhão. – Falava com um sotaque europeu carregado.

– Bom dia, gostosa. – Agarrei-a pela nuca, e inverti as nossas posições. – Quer repetir o que fizemos durante a noite?

E que noite, a morena tem presença, muita presença.

Antes que ela pudesse me dar alguma resposta, ouvi um forte pigarro, e uma tosse. Não havia sido ela, nem eu, então resolvi procurar quem poderia estar se intrometendo no meu quarto e em uma hora bem interessante. Olho ao redor e me deparo com uma situação totalmente constrangedora e aterrorizante.