Capítulo 24 - Bernardo

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Capítulo 24 – Bernardo

Após a nossa saída do shopping, resolvemos encontrar Bruna. Jantamos em um barzinho aconchegante no centro. Passamos horas comendo, e ouvindo música que realmente agradava aos ouvidos.

No nosso caminho de volta para casa, Giullie me relatava a notícia que deixou seu pequeno mundo doce, com céu azul límpido em um mundo cinza e sem vida.

Seu fusca amarelo, com nome de marca de pirulito não tinha mais conserto, segundo o mecânico.

– Ele me disse que eu devo mandar desmontar a Lolla e vender as suas peças, os seus pequenos órgãos. – Disse com os olhos arregalados, e os lábios tremendo.

– Eu sei que queria passar esse carro para a sua próxima geração, mas acho que no fim ele tem razão Giullie. O carro é de que ano? Setenta?

– Sessenta e cinco! – Falou orgulhosa e com um leve tom de petulância.

– Então Giullie, são quase cinquenta anos de estrada! – Exclamei pasmo.

– Você não entende! – Esbravejou! – É um tesouro de família, é um bem precioso, se fosse seu, tenho certeza que daria o mundo para consertar esse carro. Mas nããão, você é um idiota sem sentimentos. – Cuspiu as palavras e cruzou os braços sobre o peito revoltada.

Bufei. – Você está sendo ridícula, sabia? Agindo como uma mimada! – Acusei.

– Que se dane! Sua opinião não me interessa mais. Quando seu coração gelado voltar a bater quente, caloroso e com bondade, amor e carinho, aí você pode tentar voltar a falar comigo. Por enquanto, eu quero que você e o mecânico, explodam.

– Muito maduro da sua parte agir assim.

– Qual é o problema em entender o quanto aquele carro significa pra mim? – Perguntou magoada.

– Nenhum, mas você pode ter outros milhões de carros, se quiser, levo você amanhã logo cedo em uma concessionária e lhe compro o carro que quiser! – Exclamei impaciente.

– Nem tudo envolve dinheiro! Só porque você é rico, não significa que precisa esbanjar a torto e a direito. A questão não é o dinheiro, e sim, o significado que esse carro tem pra mim e para a minha família. Aliás, você sabe o que é família Bernardo? Aposto que não. – A última frase foi dita em um tom de voz baixo, ela abaixou o rosto e começou a tirar uma sujeira inexistente da barra de seu vestido.

– Isso foi golpe baixo Giullie, e extremamente desnecessário. – Minha paciência já tinha ido para o espaço e não tinha previsão de volta.

– Que seja! Se você tivesse algo de valor, com grande significado, o que não inclui dinheiro nessa lista, e lhe dissessem que havia sido quebrado, destruído, queimado ou qualquer outra coisa que causasse um dano ao objeto, você ia sentir o mesmo que eu.

– Tudo bem Giulliana, eu entendi. – Suspirei frustrado. – Vou lhe ajudar a pensar em algo para fazermos em benefício à Lolla. Eu prometo. Certo?! – Peguei a sua mão e apertei, em sinal de apoio e compreensão.

Fizemos o restante do percurso em silêncio, era palpável o desconforto e tristeza que emanava dela. Então, resolvi dar um tempo para ela colocar seus pensamentos em ordem.

Chegamos ao nosso prédio tarde, passava das onze horas e Giullie rejeitou a minha proposta de dormir em sua casa, acho que ela ainda está magoada e resolveu me punir um pouco mais.

Merecido.

Deixei-a em frente a sua porta e me despedi lhe dando um beijo carinhoso em sua testa, e como se ela fosse fugir, a abracei com força.

Você e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora