Capítulo 9 – Giulliana
Depois de muito implorar, insistir, me ajoelhar, lamuriar e atordoar, Bernardo deve ter ficado muito, muito possesso comigo. Mas, pensa bem, um pequeno filhote de vira-lata estava abandonado no meio da praça, ele deve estar se sentindo triste, acuado, amedrontado, pobrezinho, a única coisa que pedi para Bernardo fazer é que chamasse alguém para que ficasse cuidando do Cake, pelo menos até voltarmos do serviço hoje à tarde.
Pequeno Cake, ninguém tenta te entender como eu.
No fim, depois de toda essa discussão que sucedeu a adoção do pequeno Cake, Bernardo cedeu e ligou para André, um bonitão que anda com ele para cima e para baixo, pedindo que sua irmã mais nova viesse cuidar do “Vira-Lata com nome de bolo”, palavras de Bernardo.
Confesso que às vezes, quase nunca, ele me irrita com essa sua arrogância, mas acabo não falando nada, porque no momento que eu falar, ele nunca mais vai chegar perto de mim, por medo. Admito que sou um pouco esquentadinha. Quase nunca me calo quando vejo que as coisas estão erradas, ou quando tentam colocar a culpa em mim de algo que eu não fiz. Eu fico furiosa! Quando tentam bater de frente comigo, eu faço a pessoa se cansar de discutir, não baixo a bola nunca, e sei que isso me prejudica muito pessoalmente.
Mas ainda não consigo me controlar tão bem.
Alguns meses atrás estava trabalhando com a conta de um grande cliente, porque além da Comunica ser uma editora, é também uma grande agência de Publicidade e Propaganda, com setores para Relações Públicas e Marketing. Yasmim, minha arquirrival de infância quis tomar a conta do cliente de mim, a todos os custos, inclusive boicotando o meu trabalho. Ela estragou literalmente tudo, o meu prazo era de apenas quatro dias para apresentação das peças para o cliente e para diretoria sênior, e eu não tinha mais nada, porque as peças simplesmente desapareceram do meu escritório, fiquei esses quatros dias, trancada literalmente dentro de casa, pensando em uma nova proposta, enquanto ela usufruía de todos os recursos e equipe que precisava na Comunica para me derrubar nessa campanha.
Devo dizer a vocês, que graças a Deus ela não conseguiu.
Mas depois da apresentação ela simplesmente chegou a mim e disse: Essa história ainda não acabou eu vou te derrubar, não importa como. E foi aí, que eu perdi a cabeça, não literalmente, lógico, porque se fosse, hoje, eu não estaria aqui relatando isso para vocês, mas eu voei em cima dela, e com toda certeza a cara dela levou uns bons tapas e a cota de cabelo que ficou entre os meus dedos, já me deixava bastante feliz.
Giulliana 1 x 0 Yasmim.
A pergunta que não quer calar: Por que eu não a demito? Porque a minha avó namorou o avô dela, e prometeu no túmulo dele que cuidaria e forneceria tudo que a Yasmim precisasse. Se ela tem pais? Sim, tem. Por que não cuidam dela? Por que são pobres e interesseiros e gostam da mordomia que a filha proporciona.
Eu juro que depois desse acontecido, eu tenho feito diversos tipos de exercícios para controlar o meu temperamento, e por incrível que possa parecer, está dando certo.
Deixei Bernardo levar o Cake para sua casa, e fui direto tomar um banho na minha. Estava suada, e devia estar fedendo, então um banho era muito importante nesse momento. Me dei ao luxo de ficar um pouco mais do que o necessário embaixo do chuveiro. Meus músculos já estavam começando a relaxar, e então resolvi que o planeta iria ficar feliz se eu parasse de ficar desperdiçando água e saísse logo dali. Me arrumei com calma, pois ainda tinha um tempinho, hoje iria usar uma camisa branca, com um laço preto como gravata, e uma saia de um tecido tipo oxford preta e rodadinha. Um peep toe preto e uma bolsa branca.
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Você e Eu
Lãng mạn*Obra foi postada até o final. Porém agora não está mais completa. Mesmo assim, espero que ainda tenha interesse em ler e quem sabe adquirir o livro. Prestigie a autora, comentando e votando nos capítulos disponibilizados. Copyright © 2014 Glauce Va...