Você e Eu (Bônus) - Felipe

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Bônus – Felipe

O que eu faço?

Meu casamento está por um fio, e eu nem tive culpa no cartório. Meu Deus, por que nada nunca dá certo? A decepção e mágoa estavam estampadas no rosto da Duda.

Aquela vadia da Luana vai pagar por isso. Eu sabia que ela não era boa pessoa, sempre soube. Não sei como Bernardo aguentou ficar com ela por tanto tempo.

Isso, Bernardo!

Disquei o número do telefone dele e passei a mão pelo rosto tentando me acalmar, ao terminar essa ligação eu iria atrás da minha mulher e explicaria tudo.

Ao menos eu espero que a Duda me ouça.

– Bernardo. – Ele disse do outro lado da linha.

– Cara! Merda Bernardo, eu nem sei por onde começar! – Disse nervoso, irritado, possesso de raiva.

– Opa, calma Felipe, se acalma e me diz o que aconteceu.

– A vadia da sua ex destruiu meu casamento! – Urrei.

– Como assim? Porra Felipe, para de gritar e explica essa merda direito.

Eu parei de gritar, mas comecei a chorar. A Duda era a minha vida, eu não poderia perdê-la. Não quando eu não tive nenhum tipo de culpa.

– A Luana veio até aqui, dizendo que sempre me amou, e do nada, do nada essa vadia me agarrou. – Solucei. – A Duda chegou bem na hora Bernardo, ela... O choro dela, o seu olhar, isso tá fodendo a minha mente cara.

– A Luana fez isso? – Seu tom de voz era contido, e isso só me deixava saber que Bernardo estava com raiva. – Eu vou falar com a Duda, ela vai te ouvir.

– E se ela me deixar? – Eu morreria. – E se ela não acreditar em mim?

– Ela não vai te deixar. – Afirmou.

– Eu vou matar aquela vadia! – Gritei entre soluços.

– Se preocupa só com a tua mulher cara, da Luana, cuido eu.

– Tudo bem, eu... Eu vou pra casa, preciso ver ela. – Eu precisava abraçá-la.

– Felipe, eu espero mesmo que você não tenha feito nada de errado. Eu vou confiar em você, porque é meu irmão, mas se eu descobrir que você fez merda e machucou os sentimentos da Maria Eduarda, cara, eu não respondo por mim. – Assim como eu, Bernardo faria qualquer coisa para proteger a Duda, eu admirava a coragem dele.

– Eu juro Bernardo, eu jamais faria algo que a machucasse, jamais, ela é a minha vida, o meu fôlego.

– Eu confio em você. Agora vai lá e pega a sua mulher de volta.

Desliguei o telefone aliviado, respirei fundo, juntei minhas coisas, e corri até o carro. Eu precisava conversar com ela, e tinha que ser agora. O único problema é que eu não sabia onde ela poderia estar. Decidi ligar, mas o seu celular só dava caixa postal. Resolvi ligar para Gabi, sua melhor amiga e fiel escudeira.

– O que você quer Felipe? – Putz, pelo visto ela já sabia do ocorrido.

– Gabriela, eu preciso saber onde a Duda está.

– Eu não vou te dizer, seu idiota. Como você pôde?

– Gabi, eu juro, eu juro pela minha alma que eu não fiz nada. E eu preciso explicar isso pra minha mulher, será que você pode ajudar um cara desesperado.

– Felipe, ela tá muito magoada, eu não sei se devo te dizer onde ela está.

– Por favor, Gabi, por favor! – Eu implorava, pois a necessidade de encontrar a Duda era maior que qualquer outra coisa no mundo.

– Tudo bem, eu vou te dar um voto de confiança, mas ai de ti quebrar esse voto. Eu te espanco! – Eu sorri aliviado. – Ela está no hospital, provavelmente em alguma cirurgia.

– Merda, merda, mil vezes merda!

– Boca suja! – Me repreendeu. – Uma vida está sendo salva por causa dela.

– Eu sei disso, mas normalmente essas cirurgias demoram horas. – Comentei frustrado.

– Bom você já sabe onde ela está. Eu preciso desligar, tenho um paciente para atender agora.

– Obrigado Gabi!

– Ok, ok, tchau!

Eu iria até o hospital, e esperaria até o horário que ela pudesse vir embora.

Maria Eduarda é uma cirurgiã pediátrica, muitos pais e médicos pediatras a recomendavam para qualquer tipo de cirurgia envolvendo os pequeninos. Ela é uma mulher bonita, meiga, doce, inteligente, além de  ser independente financeiramente, ela sonha em fazer nossa família crescer, mas nada disso impede e faz com que ela deixe de lado sua profissão. Duda é a mulher que eu sempre desejei, nos casamos cedo, e graças aos céus, eu nunca me arrependi. Ela é a mulher que tem o meu coração em suas mãos, e ela pode fazer o que quiser de mim.

Fiquei sentado durante horas na sala de espera, até que por fim, a vi saindo da ala de cirurgia e indo falar com uma família. Parece que as notícias não foram muito boas, assim que ela começou a falar, o casal se abraçou e a mulher parecia que iria chorar a qualquer momento. Ficaram um tempo conversando até que ela me viu. Seu rosto fechou na hora e eu desejei que o chão se abrisse para eu me enfiar dentro. Ela me censurava e eu podia ver isso estampado em seu rosto. Trocou mais algumas palavras com o casal e logo depois veio em minha direção, eu fiquei paralisado, não conseguia nem me mexer e nem tirar os olhos dela. Comecei a me preparar para um grande tapa quando ela desabou, começou a chorar na minha frente e toda vez que tentava parar, chorava mais ainda. Eu queria morrer ao ter que ver ela desse jeito.

Minha pequena Duda, essa vadia suja da Luana vai me pagar. A envolvi em meus braços e comecei a afagar sua cabeça, não sabia o que fazer, só queria que ela parasse de chorar.

– Eu quase a perdi hoje. – Ela estava falando de sua paciente. – Foi por pouco. Eu não consegui aguentar e o Fernando me tirou da sala de cirurgia. Eu não deveria ter aceitado operar aquela criança depois que eu vi você...

– Shii meu amor. – Beijei sua testa, e segurei sua cintura com força. – Acredita em mim, nada aconteceu, eu vou explicar tudo. Mas nada, nada aconteceu Duda.

– Eu... Eu só quero ir pra casa. – Sua voz saiu abafada, pois seu rosto estava em meu peito, enquanto suas mãos, que antes estavam amassando seu jaleco, agora agarravam minha camisa com força.

Eduarda foi se trocar e pegar o restante das suas coisas. Voltamos para casa em silêncio. Eu sabia que ela ainda estava triste, o que me deixava cada segundo que se passava mais nervoso.

Ela entrou na frente, enquanto eu ainda estacionava o carro na garagem. Ao entrar em casa, encontro-a sentada no sofá, ela estava esperando uma explicação e eu daria a ela todas que fossem possíveis. Eu contei para ela tudo, desde o começo, não omiti nenhum detalhe e logo após terminar, a escuto suspirar cansada.

– Amor, acredita em mim. – Pedi. – Eu nunca mentiria pra você.

– Eu acredito Felipe, eu acredito. – Sorriu docemente.

Puxei-a para os meus braços e a beijei com toda gana possível. Ficamos assim por minutos, horas, não sei bem quanto tempo se passou, nos amamos ali mesmo, no sofá, e quando eu achei que ela estava dormindo ela vira-se de frente para mim, e sorri, contente, satisfeita.

– Eu te amo. – Digo.

– Eu também te amo papai. – Ela diz com um sorriso enorme no rosto.

Sério caramba? Será que é isso mesmo que eu estava pensando?

Levantei-me do sofá e fiquei de frente para ela, meus olhos arregalados, um sorriso despontando em meus lábios. Segurei seu rosto com as duas mãos.

– Eu vou ser papai? - Pergunto emocionado.

– Sim! – Gargalhou com lágrimas de felicidade no olhos. – Eu estou grávida!

Você e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora