Capítulo 2 - Bernardo

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Capítulo 2  Bernardo

O que foi aquilo?

Eu acabei de me oferecer para ir à casa da minha sócia? Que merda eu estou fazendo?

– Perfeito, vai ser um ótimo jantar. Prometi a sua mãe que o faria se sentir em casa, e lhe alimentar faz parte do trato. – Disse Guilhermina interrompendo meus pensamentos.

– Acho que a minha mãe não se lembra que eu tenho 28 anos e por morar anos sozinho sei muito bem me virar.

– Você saiu de casa muito cedo, por isso ela deve sentir sua falta.

– Para ser bem sincero, eles me empurraram para fora de casa bem cedo, eles não têm direito de reclamar. – Minha expressão se tornou séria.

Quando eu estava voltando para cá, meus pais se separaram, e ambos saíram do Brasil, minha mãe foi para Londres e meu pai vive em Nova Iorque. Minha vida é aqui, minha carreira é sólida aqui.

– Calminha rapaz, nunca fale assim de quem colocou você no mundo, ninguém é perfeito Bernardo, seus pais não são perfeitos, eu não sou e você também não. É claro que você tem uma parcela de razão, de se sentir magoado e frustrado, mas eles ainda são seus pais, e amam você, estando divorciados ou não. Conheço você desde bebê Enri, seus pais não foram um porto seguro para você, mas não quero que você faça o mesmo quando se fixar e pensar em ter uma família. Quero seu bem, como se eu fosse a sua avó. – Passou a mão em meu rosto, tirando um pouco do meu cabelo da testa, assim como uma avó faz quando você é criança.

– Bom, eu preciso ir, tenho mais uma reunião. A Anna irá passar o endereço da Giullie para você.

– Ah não, não. Foi apenas uma brincadeira. Não posso me juntar a vocês hoje, combinei de encontrar alguns amigos para o futebol. – Menti, o futebol é amanhã, mas a minha relação com o pessoal da empresa deve ser estritamente profissional. É o correto.

– Oh, certo. Combinamos em outro momento. Tchau querido. Até amanhã. – Guilhermina, me abraçou e beijou minha bochecha.

– Até amanhã. – As acompanhei até a porta e esperei que ambas saíssem da sala de reunião e entrassem no elevador.

Ficamos eu, Hugo e André.

Hugo é meu assessor, me ajuda nos negócios desde que terminei a faculdade, e André é meu chefe de segurança pessoal. Depois de algumas ameaças que a minha concorrência me fez, achei importante ter alguém para cuidar da minha segurança, nunca é preocupação demais. O Brasil não é o país mais seguro para se viver e não quero correr risco sendo tão jovem. Sua equipe também cuida dos meus pais desde que a empresa era presidida por seu pai Xavier, o cara trabalhou na SWAT, sei que posso confiar neles.

– Mais um negócio fechado, mais um primeiro dia em uma nova empresa. E mais dinheiro na sua conta bancária. – Hugo soltou aquela risada diabólica que ele tem, mostrando todos os dentes com seu contentamento.

– Você é ganancioso e gordo Hugo, não tem nada mais para pensar além de ganhar dinheiro? – André gostava de tirar Hugo do sério, era um hobby para esse dois ficarem enfrentando um ao outro. Logicamente, Hugo nunca poderia vencer André em uma batalha física, mas com as palavras ele era bom. Uma discussão verbal acontecia entre eles diariamente.

Era engraçado.

Enquanto ambos discutiam um com outro, fui até uma das enormes janelas e acompanhei o movimento contínuo logo abaixo, nas ruas largas do centro da cidade.

Trocar os ares vai me fazer bem. Trabalhar com novos companheiros e uma nova diretoria vai ser interessante.

Falar da minha família não era mais um tema agradável. Graças aos meus pais, fui educado desde cedo, e todos os dias, se possível 24 horas por dia era me dito que eu assumiria o império das indústrias Gomes. Terminei o ensino médio aos 16 anos, entrei na faculdade logo em seguida e me graduei em Economia, e logo após fiz minha pós e doutorado na Irlanda, fiz alguns MBA’s de Marketing Estratégico e Comunicação, sou um rato de laboratório, eu sei, toda a minha vida foi em torno de estudos, aos 24 anos abri a minha primeira empresa e após um ano, onde muitas empresas estão falindo, a minha prosperava e crescia. Ganhei dinheiro fácil e resolvi abrir outras logo em seguida. Derrubei muitos concorrentes e me tornei rico, sem a ajuda do meu pai. A imprensa sempre lançava nos jornais “Juntamente com seu Pai e as Indústrias Gomes, Bernardo Gomes se tornou um dos mais jovens milionários do país e fora dele”.

Você e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora