Você e Eu (Bônus) - Guilhermina

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Bônus – Guilhermina

Hoje é o meu último sábado aqui no Brasil.

Logo depois da festa, estarei partindo para a minha terra, a minha Itália, a minha Florença, a maior capital e maior cidade da região da Toscana e da província homônima. Como eu sinto falta! Estabeleci uma pequena editora lá e isso me motivou a voltar.

Vim para o Brasil, quando o meu filho Matteo resolveu fazer uma segunda lua de mel com a sua esposa Vitória logo após o nascimento de Giulliana. Eles estavam indo para Vancouver, Giulliana já estava com dois anos e então me pediram para ficar com ela durante duas semanas, e jamais negaria, sempre amei Vitória como minha filha, e quando ela concebeu aquela pequena princesa, após a morte prematura do meu marido, eu me senti completa novamente.

Era tarde da noite quando recebi  a ligação fatal. Não foram as autoridades que me ligaram. Foi ele, aquele monstro. Ele havia me dito que o avião particular em que Matteo e Vic estavam teve uma falha mecânica e explodiu no ar. Os destroços foram encontrados no Oceano Atlântico, mas os corpos ou o que sobrou deles, nunca foi encontrado. Meu filho e sua esposa morreram por falha minha, eu jamais vou conseguir ter uma consciência tranquila. Eu sei quem os matou e o porquê os matou, por pura vingança.

Quando mais nova, namorei um belo rapaz brasileiro que estava morando na Itália, ele era tudo que eu sempre sonhara quando mais jovem, o príncipe encantado dos meus sonhos, o meu primeiro amor, e a primeira pessoa que eu realmente odiei e desejei a morte. Minha família sempre fora rica, e quando todos me diziam que ele só estava comigo por interesse eu não quis acreditar. Mas no fim, eu descobri que era a verdade e agradeço muito a Deus por ter descoberto isso antes de aceitar o pedido de casamento dele. Desde então, a minha vida nunca foi a mesma. Ele nunca me deixou em paz. Quando me casei com Lodovicco, um belo homem italiano, eu acreditava que jamais poderia ser feliz, mas eu errei muito feio. Todo o amor que achei ter sentido algum dia por Carlos Alberto Goulart, não foi nem meio por cento do quanto amei e ainda amo Lodovicco. As ameaças e as perseguições cessaram após me casar. Mas depois de anos, ele voltou a me atormentar e a atormentar a minha família. E isso nunca cessou.

Giulliana ficou sobe minha guarda após a morte de seus pais, e eu me doei por completo para essa pequena menina inocente. Me mudei de vez para o Brasil, pois queria que ela vivesse onde nasceu. Ergui as minhas empresas, trabalhei muito, lutei muito para que nada faltasse para a minha pequena. Conheci Anna, e ela foi o meu pilar nos momentos mais difíceis da minha vida. Giulliana, foi crescendo, se tornando adolescente, se apaixonou no ensino médio por algum garoto de aparelho, foi para a faculdade, se tornou mulher e se apaixonou por um homem. Que alguns meses depois, acabei por descobrir ser filho de Carlos Alberto.

Nunca aceitei o relacionamento dos dois, não poderia aceitar, jamais aceitaria. Mas Giullie dizia amar Rodrigo. Deixei então que ela se tornasse madura e construísse seus próprios caminhos. Não preciso dizer que o caminho que ela escolheu foi sofrido e doloroso. Quando ela descobriu as traições de Rodrigo, ela perdeu o brilho que tinha. Se tornou distante, construiu um muro em seu coração e se afastou das pessoas. Nunca disse nada a respeito do Alberto ter tido influência na morte dos seus pais. Sei que se um dia eu contar, eu vou a ter perdido.

Se passaram três anos desde então, Giullie se tornou uma mulher forte, linda e incrivelmente doce, sempre eufórica e muito maluca – essa parte ela puxou de mim – ,além de muito bem humorada.

E pela primeira vez, após esses três anos, eu vi ela demonstrar interesse por alguém. Ela  estava começando a se apaixonar por Bernardo, seu novo sócio, filho de grandes amigos meus. Giulliana era discreta em relação ao que estava sentindo. No último almoço que tivemos, percebi o ciúmes que sentia de Bernardo quando ele olhava em direção a sobrinha de Anna. Também pude presenciar com grande alegria o quase beijo dos dois dentro da piscina. Estou tão contente, tão satisfeita por ela estar amando.

Tivemos algumas discussões durante as últimas duas semanas. Infelizmente, a diretoria sênior resolveu convidar os Goulart para a minha festa. Meu voto foi o único contra e Giullie não conseguiu aceitar esse fato. Espero que ela fique bem durante essa festa, farei o máximo para fingir que não os conheço.

Me despedi dela na festa, e o seu semblante me trazia dor e agonia. Estava triste e meu coração estava apertado por ter que deixa-la. Anna tentava me tranquilizar, dizendo que cuidaria dela, e realmente, eu me senti mais segura após ouvir isso.

Me despedi de alguns amigos e de Bernardo, intimando-o a cuidar bem da minha neta, e torcendo com todas as minhas forças que ele tomasse uma posição logo e invadisse o coração de Giulliana de vez.

E assim foi, parti rumo a Itália, para tentar me reencontrar como mulher, mãe e avó.

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