Capítulo 10 - Bernardo

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Capítulo 10 – Bernardo

Passei a tarde toda trabalhando com a Giullie e a equipe que estava nos ajudando. Subimos para uma sala de reuniões para acomodar toda aquela galera para debater, discutir e analisar antigas peças publicitárias da empresa e a sua concorrência. Giullie de início se mostrou um pouco tímida na frente do pessoal, meio acuada, mas logo consegui fazer com que se enturmasse mais e tomasse a frente do projeto.

Porque será que ela age assim? Afinal, essa é a equipe dela, o andar dela. A líder do time é ela. Preciso saber o que aconteceu.

Infelizmente, vez ou outra, eu tinha que me afastar para atender alguém da administração, mas a minha cabeça estava lá, naquela sala de reuniões pensando no que poderia estar acontecendo e como ela estaria se sentindo com o grupo lá em cima.

Preciso passar menos tempo ao lado dela, ela está ocupando a minha mente por quase o dia inteiro. O Bernardo de alguns dias atrás, jamais iria discutir com uma mulher e sair para fazer compras para o cachorro dela, ou melhor, nosso, vejam, até isso eu já fiz, adotei um pulguento e sarnento de um vira-lata só para agrada-la, e ainda por cima se desculpar por algo que não teve culpa. Jamais. Pelo contrário, ele sairia batendo a porta e só voltaria a falar com a mulher no momento em que ela viesse cheia de manha para cima dele e estivesse disposta a ser perdoada se lhe proporcionasse um gostoso e suado sexo.

Como pode alguém mudar tanto em apenas três dias? Eu sinceramente não sei a resposta, mas eu sei que estou tentando ao máximo agradar a uma mulher maluca que eu conheço há menos de uma semana.

Quando voltei para a sala de reuniões marcava 18h15min no meu relógio e a sala já estava vazia. Resolvi descer novamente e ir até a sala da Giullie verificar se ela ainda estava no prédio. As baias já estavam quase todas vazias, fui até a porta e dei uma batida de leve, e óbvio, não esperei ela autorizar a minha entrada e já fui entrando.

Encontrei-a organizando e limpando a sua mesa.

– Tá fazendo hora extra? – Perguntei, implicando com ela.

– Graças a Vossa Senhoria, hoje não foi necessário. Obrigada pela força que você me deu. Foi de grande valia. – Seu sorriso tímido apareceu em seu rosto, e seus olhos brilharam um pouco. Continuou com a limpeza na mesa, agora passando álcool em gel pelo tampo, teclado, mouse e etc.

– Porque tá limpado isso aí? Derramou alguma coisa? – Questionei.

– Na verdade não. É importante manter as coisas organizadas, pois se preciso de algo, encontro com facilidade, e quanto ao resto da limpeza é para evitar os germes que se proliferam. – Deu de ombros e continuou a limpar.

– Você tem TOC, Giulliana? – Arrisquei e na mesma hora ela ficou tensa. Levantou seu rosto e me olhou, seus olhos estavam em conflito, sua respiração era superficial.

Acho que toquei em um assunto delicado.

Me aproximei da sua mesa e imediatamente ela estendeu a mão como um “Pare” e gritou: - NÃO! Não, não se aproxima. Preciso respirar.

Ela estava me assustando, e eu estava ficando nervoso com a situação. Não sabia como deveria agir e muito menos como reagir.

Nunca lidei com algo assim. Aliás, nunca lidei com algo que não fosse para o beneficio das minhas empresas. Mas com ela...

– Giullie, eu não quis... – Tentei me desculpar, mas ela me cortou.

– Nunca mais diga isso. Nunca! Eu não sou louca, não tenho nenhum tipo de transtorno. Apenas gosto de ordem e limpeza, tenho algumas manias, mas isso não faz de mim uma pessoa transtornada.

Você e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora