Rian
Quatro dias Depois
Nossa aposta foi feita sábado, hoje é quarta-feira, daqui a três dias vou finalmente sair dessa aposta chata.
Sério, eu não sei oque está acontecendo comigo, eu só posso estar enlouquecendo, tipo, só em quatro dias ele me fez ficar com vergonha, me fez "brincar" de pega-pega, na verdade o pega pega foi forçado, eu não queria brincar disso, dai ele pegou o meu celular e saiu correndo, eu tinha que pegar meu celular de volta e eu peguei, aquilo deixou minha máscara toda embaçada e ele teve que me levar até o quarto, e você acha que eu fui andando? Subi nas costas dele e mandei me levar, em quatro dias ele ja conseguiu tocar em mim, eu tento ser durão, mas com ele não eu não consigo, esse poste está conseguindo alguma coisa muito rápido, mas eu não posso perder, tenho medo do que ele pode pedir, esse poste pode ter cara de anjo, mas anjo na terra é anjo caído.
Eu: Leeyn, devolve as minha lentes de contato.-falei irritado.-já disse, odeio quando você pega as minhas coisas.
Leeyn: você fica mais bonito sem elas.-falou pulando na cama.
Eu: eu não quero ficar bonito.-corri pra perto dele e empurrei o mesmo na cama.-devolve logo.-me sentei no seu abdômen e tentei pegar a caixinha de lentes, toda vez que eu ia pegar ele colocava a mão pra outro lado.
Leeyn: por que você não quer ficar bonito?-falou desviando a mão.-você deva ser lindo por baixo dessa máscara, por que você não tira ela?
Nesses três dias também descobri coisas sobre ele, tem momentos em que nós dois estavamos conversando e ele ficava o tempo todo sorrindo e animado, mas...
Eu: não te interessa, devolve logo.-falei começando a socos no peito dele e tapas no braço.
Leeyn: certo, para de me bater.-me entregou a caixinha. Ia me levantar, mas Leeyn segurou minhas coxas e me prendeu ali.
...De repente ele fica estranho e não sorri mais, os olhos dele perdem o brilho e ele fica sério, a voz dele fica mais grossa, isso me assusta, pode acreditar, Leeyn consegue me dar medo quando está assim.
Leeyn: por que você não responde minha perguntas sobre você?-perguntou baixo se sentando, comigo ainda por cima do mesmo.
Eu: m-me la-larga, Leeyn.-falei tentando me levantar.
Essa era a primeira vez que eu ficava sozinho com ele desse jeito, na primeira vez que eu vi isso acontecer foi um dia depois da nossa aposta, e nós estavamos com os meninos.
Leeyn: me responda.-olhou nos meus olhos.
Eu: por favor me solta.-pedi baixo com voz de choro.
A expressão do Leeyn de sério foi pra preocupado, ele me largou rápido, parecia que tinha acabado de perceber o que fazia, me levantei e sai correndo do quarto, queria ficar sozinho. Fui para trás da escola, me sentei num canto e comecei a chorar, minha cabeça estava doendo e eu tremia.
Alan: Rian, você está bem?
Eu: não.-Alan suspirou e sentou ao meu lado.
Alan: quer conversar?
Eu: por que o Leeyn fica daquele jeito de repente?-perguntei limpando umas lágrimas.
Alan: o Leeyn tem perturbação de identidade dissociativa, é uma perturbação mental caracterizada por pelo menos dois estados de personalidade distintos... e ele não gosta de falar sobre isso.
Eu: eu fiquei com medo, me trouxe memórias não muito boas, depois daquele dia eu não deixei ninguém encostar em mim... e tipo... ele me abraça as vezes ou pega na minha mão, eu já estava me acostumando com isso, mas hoje...foi diferente.
Alan: ele pode ter te assustado, mas não fez isso por mal.
Eu: não, tudo bem, eu só... sabe, naquele dia eu estava saindo da escola e os mais velhos me chamaram, eles estavam na frente do beco, mas eu fui, eu sou um idiota, eles...eles taparam minha boca e quando ninguém mais poderia me ouvir, me soltaram, me obrigaram a fazer coisas que eu nem sabia o que eram, doía demais, dois deles não queriam fazer, mas os outros chamavam eles de covardes e xingavam os mesmos, até os dois perderem a paciência e fazerem.-falei deixando umas lágrimas cairem.-eu não desmaiei, senti tudo, eu só não queria ter que olhar... quando tudo acabou eles saíram e me deixaram lá, os dois que não queriam, tiveram coragem de olhar só meus olhos e pedir desculpa, dizendo "eu tinha que fazer isso"... eu me vesti e fiz toda a minha força pra sair, quando você chegou eu fiquei com medo, mas eu não conseguiria fazer nada, então só deixei você me levar, quando percebi que estavamos na minha casa fiquei tão aliviado, não conseguia parar de chorar, minha mãe não entenderia se eu dissesse o que aconteceu. Ela diria que a culpa era minha.
Alan: é por isso que você não contou.
Eu: naquele dia eu percebi que não podia continuar assim.-falei com raiva.-e comecei a pensar na minha vingança.
Alan: sabia.-falou sorrindo.
Eu: se eu pedisse pra vocês me ajudarem... aceitariam?
Alan: sim, se você contasse, Andy e Cowen implorariam pra ajudar, Adrian, também só pra ver onde isso vai dar e o Dilan pode ajudar achando um lugar abandonado já que ele conhece bem lugares pra se esconder.
Eu: então eu vou pedir.
Alan: não precisa.-olhei pra ele confuso.-os quatro estão escondidos atrás daquela árvore desde que eu cheguei.-ouvi resmungos.
Adrian: como você sabia?-apareceu.
Alan: sabendo.-os quatro sentaram na nossa frente.
Andy: ok, nós ajudamos, mas você sabe onde eles estão? E quanto meninos são?
Eu: no total são seis, dois deles moram juntos perto da faculdade QCF, é lá onde estudam e não trabalham, um deles não faz faculdade e mora com os pais, mas eu sei uma balada onde ele trabalha, tem três q não fazem faculdade e moram juntos, não trabalham, os três são drogados, arrumam dinheiro roubando lojas de 1,99...eu tenho um plano, só preciso da ajuda de vcs.
Cowen: qual é o plano? E qual é o nosso papel nele?
Eu: eu preciso que o Dilan ache um lugar onde tudo vai acontecer, tem que ser um lugar que eu possa incendiar, você, Cowen, disse que consegue carros não é?-falei me lembrando.-eu preciso de um.
Cowen: ok.
Eu: Andy tem contatos, tem o contato de um médico legista?-ele assentiu.
Andy: para?
Eu: eu preciso de algumas coisas dele...
Andy: vou providenciar.
Eu: Adrian, você consegue máquinas de choque?
Adrian: consigo.
Eu: preciso de uma... também preciso de muita fita, gasolina e um esqueiro.
Alan: mas... e o plano.
Eu: eu vou tirar a máscara.-respirei fundo.-e chamar alguns deles, outros eu só vou deixar inconscientes e levar para o carro.-falei pensativo.-dai a diversão começa.
Andy: você vai mesmo tirar a máscara?-perguntou surpreso.
Eu: sim.-suspirei.-meu sonho é que eles vejam meu rosto enquanto eu me divirto, como eu tive que ver o deles.
Alan: eu acho que agora é melhor você ir falar com o Leeyn, ele deve estar se sentindo mal e fala logo que ele já conseguiu sua amizade.-falou baixo.
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Máscara
Roman d'amour-não é completamente medo de mostrar o rosto... é medo do que as pessoas vão falar ou fazer quando me virem novamente.-sussurrei a última palavra.