Incômodos

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Hoje, Holver. 20:27. Segunda-feira.
Cinco dias depois.

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Logo no início, percebia que lacrimejava enquanto lia. Os relatos poderiam ser verdadeiros ou não. Ele estaria usando de palavras letais, por vias claras de comoção, para barrar nosso foco? Mesmo havendo noções pessimistas, Miguel estaria cuidando do meu irmão, para que, pelo menos, não sofra com pesar? Eram incógnitas possíveis. A porcentagem estava altamente desregulada naquele momento. Para mim, ela se interessaria por respostas tanto quanto, mas tudo se inverteu com a revelação posterior.


Agora, sinto resquícios de aflição. As fortes dores nos músculos constantes, incomodam ao extremo. Não estou conseguindo raciocinar corretamente. Porém, mesmo nauseado e apreensivo, confio nos médicos. Mesmo vazio e inócuo, acredito que em algum momento próximo, melhorarei. A sala está escura, fria, cheira a álcool, atino para além das vidraças da porta pelas luzes do corredor, algumas pessoas de branco passam apressadas. Eu tento me acalmar. Tento não imaginar que estou paralelamente naquele lugar. Mas o que está memorado, dos meus pensamentos não somem.

Necessito respirar. Faço.

Até o Limite por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora