Emergência

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Hoje, Holver. 18:41.
Terça-feira. Seis dias depois.
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Após, ingerir o alimento, tomamos poucos goles da água. Render, seria o essencial. Estávamos prontos para partir em retorno ao vilarejo. Confiantes. Esperançosos. Nervosos. Talvez equivocados.

Nossa rota já estava traçada. Nosso trajeto, a se concretizar. Eu só tinha um objetivo e um desejo.


Espera. Não... Acaba de passar pelo corredor do hospital.

Isso não é real.

Me esforço com algumas dores amenas, na tentativa de alcançar o controle da cama articulada que está numa estante acinzentada ao meu lado direito. Há um frasco de plástico erguido por uma estrutura metálica, com um líquido transparente levando o conteúdo às minhas veias, neste mesmo lado, entre a maca e a estante de remédios, caixas frapês, alguns tecidos azuis e brancos como roupas médicas, tais quais o controle se despoja ao lado. Me esforço ainda mais, então paro quando fisga a região onde absorvo o líquido. Minha cabeça, acompanha. De volta à posição inicial, ouço computacionais batidas constantes num monitor ao lado esquerdo da maca, que ligam fios conectados ao meu tórax. Volto para a estante me virando lateralmente, noutra tentativa de alcançá-la com o outro braço. Mas algo não acontece.

Não sinto meu braço esquerdo.

Não consigo mover a mão esquerda.

Conjecturo o emergir do desespero.

Respiro. Acumulo estímulos, então me ergo e puxo a estante. Várias vezes. Até que o controle cair para baixo da cama. Quando largo a estante descontente, ela também cai. Brulmp!

Insensatamente emite um barulho voraz. Deito novamente.

Não demora até eu enxergar exatas quatro pessoas de jalecos brancos abrirem violentamente a porta. Vêm a mim. Mas não os vejo com nitidez. Seus rostos se tornam borrões, seus trajes, nuvens contínuas, suas vozes, sons agoniantes. Então, sussurro (algo) na esperança de ouvirem:

- Onde ela está?

Uma lágrima cai. Um sonhador adormece.

Até o Limite por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora