Capítulo 1 : Nos braços do pesadelo.

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   Ouvir aquele silvo arrepiou todos os pelos do corpo de Camel. E seu corpo e espírito rebelde só agiu de uma forma: ele correu em direção ao silvo.

   Quanto mais ele se aproximava, mais o silvo aumentava e com o passar dos segundos ele começou a ouvir som da batalha dos caminhantes. Ouviu o seu superior gritar para que os outros se mantessem firmes e que não tivessem medo.

    Mas medo de que?

   Logo a pergunta de Camel seria respondida.  Pois no momento em que ele alcança em vista o acampamento ele vê os caminhantes em um circulo da morte, um de costas pro outro. Olhando sem parar para vários seres sinistros de pelos brancos grossos,  em pé com duas patas, meio corcundas e com garras e dentes enormes e afiados.  Eles estavam bastante concentrados em cada movimento dos homens.

   Camel não gostou nem um pouco daquilo e resolveu se esconder atrás de uma árvore.  Ele respirou fundo, a adrenalina crescendo em seu corpo.

   Ele pegou uma das flechas em sua aljava e a alinhou no arco. Prendeu a respiração, girou o corpo a 180° e atirou a primeira flecha perto das costelas de um dos monstros. Este urrou de dor se contorcendo enquanto os outros olharam ao redor procurando o responsável por aquilo.

   A distração fora o suficiente. O suficiente para que os caminhantes atacassem os monstros com suas armas rústicas: arco e flecha, machadinhas e espadas.

   Camel correu na direção deles, mas o seu líder fez um gesto para que ele não se aproximasse mais, o que o deixou confuso.  Ele parou contrariado. O líder moveu os lábios sem emitir som algum.

   Se esconda. Foi o que o movimento de seus lábios significava. Camel fez uma cara seria e seu líder uma mais séria ainda antes de atacar um dos monstros.

   Apesar de ser bastante rebelde, o jovem obedeceu as ordens e se afastou dali procurando um lugar para se esconder. Não tinha muita ideia para qual lugar ir, só se afastou o máximo que pode. Ele sabia que os caminhantes conseguiriam acha-lo se quisessem. 

   Ele só parou quando já estava cansado. Se ajoelhou no chão e deixou os braços cairem ao lado do corpo derrubando o arco na neve. Nem sabia quanto tempo havia passado em sua correria e nem queria saber, aqueles monstros o deixaram atordoado,  ele nunca havia visto coisa parecida. Sua respiração estava descontrolada e ele tentava organizar isso.

   Foi então que naquele momento,  instintivamente,  ele olhou para o lado esquerdo, em direção ao rio congelado e viu uma imagem graciosa.

   Uma mulher de cabelos dourados e pele alva estava passando a mão nos cabelos ondulados,  sentada a margem do rio e olhando para o mesmo. Usava apenas uma toga de linho branco o que deixou Camel intrigado, ela demonstrava não sentir frio algum.  Ela olhou para trás como se pudesse ler seus pensamentos e deu um sorriso leve e doce.

   - Ah, Olá Camel. Finalmente você resolveu vir me ver.

   Camel olhou com desconfiança para ela e ela sorriu outra vez.

   - Não seja tão duro com os outros.  Sente-se aqui do meu lado. - e bateu a delicada e frágil mão direita no seu lado o convidando com esse gesto.

   - Eu por acaso lhe conheço de algum lugar? - Camel apenas deu alguns passos em sua direção.

   - Não,  mas eu conheço você muito bem.  Você sempre lutou por tudo e contra tudo.  Sempre foi um garoto muito rebelde.

Os caminhantesOnde histórias criam vida. Descubra agora