Aquelas criaturas tinham um jeito engraçado de comemorar algo, isso Cam tinha que admitir. Parecia que todos tinham uma dança coreografada, era algo fantástico e bonito. Ele sorriu enquanto bebia o néctar que Yulla tanto falara para ele naquela tarde. Ela lhe contara tudo que havia acontecido, o problema com Sefiron e o resgate dos seres sagrados.
– Como você pode ter tanta certeza que eles são seres sagrados?
– Eles me disseram. – Yulla deu de ombros como se aquela resposta fosse a coisa mais simples do mundo.
Ele a observou por alguns instantes.
– Eles disseram a você? – ele falou com um certo deboche na voz e ela notou e riu.
– Cam, meu amigo, as coisas nem sempre são complicadas só porque achamos que são complicadas. – ela encostou a cabeça no ombro dele. – olhe bem para eles, foque sua atenção neles, sinta o que eles representam, se concentre...
Cam fez o que ela falou. E depois de alguns segundos concentrados que ele percebeu e foi então como se sua mente tivesse sido aberta, ele estava entendo tudo que eles estavam falando. Era como se falassem a mesma língua que eles durante todo aquele tempo e ele era surdo demais para ouvir. Ele sorriu, tinha muita coisa nova na vida dele agora. Muita coisa diferente para ele entender.
– É impressionante. – ele comentou ainda embasbacado.
– É não é? – ela falou com entusiasmo. – isso é a linguagem universal. Fomos muito bobos para entender, não estávamos prontos para essa revelação, mas agora podemos alcançar a deusa, nós podemos Cam. – ela deslizou a mão pelo braço dele e pegou sua mão a apertando. Ele puxou a mão de volta. – está tudo bem com você?
– Está. Está sim. Só estou um pouco cansado. Muitas aventuras em dois dias.
– O que está escondendo de mim Cam?
– Não estou escondendo nada, por que estaria escondendo alguma coisa para você?
– Você está agindo de forma estranha, os outros caminhantes olham pra você de forma diferente... o que mudou enquanto eu estive fora?
Cam sabia que não poderia adiar aquela conversa, então teve que falar logo de uma vez.
– Sefiron perdeu seu cargo como líder dos caminhantes por motivos óbvios...
– Sim, isso é muito bom visto que ele era um cretino. Mas o que isso tem haver com você?
– Eu sou o novo líder dos caminhantes. – não teve enrolação alguma nas palavras dele.
– Você o que? – Yulla arregalou os olhos e afastou seu corpo do de Cam. Aquilo só podia ser algum tipo de brincadeira idiota.
Ele se virou para olhá-la de frente.
– Eles precisavam de outro líder.
– Poderia ser qualquer outro, um caminhante de verdade, você não é mais um caminhante. – ela arfou.
– Eu tenho um dever com eles...
– Você tem um dever comigo.
– E vou cumpri-lo. A levarei até a deusa e ela cuidará de você. Você ficará bem Yulla. – ele tentou tocá-la, mas ela desviou o rosto.
– Não ficará não. – Yulla falou com os olhos cheios de lágrimas e saiu dali como um raio.
Cam cogitou em segui-la mas um dos protetores peludos pegou em seu ombro com firmeza o impedindo.
– Ela precisa ficar só, por um momento. – a voz gutural saiu de seus lábios grosseiros.
Cam respirou fundo e sabia que ele estava certo.
Naquele momento, a festa havia acabado para Cam. Ele saiu na direção oposta à que Yulla havia saído.
Ele tinha que relaxar.
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Nota do autor:
Continuem acompanhando a história de Yulla e Cam.
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Os caminhantes
Adventure🏆 6 indicações ao ADA2018 ; Vencedor do Prêmio Wattys2017, categoria: Os originais. CAPA FEITA POR: @stephen_curryGP Obra registrada. PLÁGIO É CRIME. Lei nº 9.610, de 1998. #4 em aventura no dia 21/11/17 **Sem revisão** Esquecid...