Três meses, três meses já havia se passado desde o inesquecível e feliz banho no rio. E Yulla tinha a certeza que os sentimentos que ela sentia por Cam não eram mais os de gratidão e admiração, estava se tornando algo a mais.
Seu coração pulava quando o via e ela quase sempre prendia a respiração quando ele se aproximava.
Mesmo com tudo isso, o seu corpo ainda estava com problemas em reagir bem à proximidade com o Coração da deusa, apesar dos momentos engraçados ao lado de Cam e ( ela não queria admitir) ao lado de alguns experientes caminhantes, seu corpo sofria cada dia mais, tanto que nos últimos tempos ela não conseguia sequer caminhar já que seus ossos e terminações nervosas pareciam estar destruídos.
Ela sabia que já fazia um mês que estavam dentro dos domínios da deusa, mas não falou para Sefiron, pois sabia que ele forçaria com que a viagem fosse apressada e ela não teria força para aguentaria mais, os únicos que sabiam disso era ela e Cam, em quem ela confiava ali. Ela chorara em seu ombro sobre a revelação da coisa em relação a morte de seu reino. Estava tudo perdido ali e ela não teria mais um lar para morar quando se recuperasse.
Yulla havia revelado a Cam o primeiro contato que ela havia tido com a "coisa" quando ainda estava no reino de seu pai. E quando ela perguntou o que Cam havia feito com a coisa ele resolveu não revelar, porque aquilo estava o matando por dentro, no entanto Sefiron insistiu em falar sobre aquele assunto com ele e ele não pode evitar.
Então eles resolveram se encontrar em um lugar distante do acampamento, quando Yulla já estava dormindo. Sefiron se virara para ele naquele breu em que seu rosto era quase indistinguível naquela escuridão e dissera em seu tom sério e amedrontador:
– Cam, você sabe que haverão consequências por você ter usado aquele utensílio mágico, não sabe? Eu não tenho o costume de usar aquelas runas antigas, e nem quero aprender como usá-las, mas eu entendi o que você pronunciou antes de jogar na deusa. E eu vejo claramente que você se preocupa com a garota em um enorme excesso.
Cam revirou os olhos.
– Eu me preocupo com ela porque ela não merece sofrer por coisas que ela não tem nada haver, não existe excesso nisso.
– Você ainda acha que a garota é normal? Mesmo sabendo que ela tem o dom de nos guiar até a deusa? E o que ela fez para parar aquilo também não conta como algo inédito, sendo que nem nós caminhantes tivemos essa capacidade?
– E quem pode garantir que ela está nos levando até a deusa? Esse seu fanatismo insuportável?
– Não brinque com coisas sérias criança. Você, mais do que ninguém, sabe que a verdade é que ela está morrendo por estar mais perto do Coração da deusa.
– Então por que não estamos sendo atingidos por isso também?
Sefiron permaneceu calado.
– Seu silencio é uma resposta bem convincente.
Cam se afastou dali pisando firme, sem ser impedido por Sefiron e seus sermões de respeito aos mais sábios. Cam sabia que Yulla estava morrendo, não era nem um idiota pra não perceber aquilo, ele só não queria admitir que estava realmente acontecendo.
Não se perdoaria se ela morresse, ele se sentiria culpado até o fim dos seus dias, porque se ele não tivesse a salvado na estrada ela não teria naquele sofrimento ainda maior...
Seu coração se contorceu de dor ante a ideia de que ela estava morrendo bem na sua cara.
E ele não poderia fazer nada a não ser aguardar o fim.
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Os caminhantes
Adventure🏆 6 indicações ao ADA2018 ; Vencedor do Prêmio Wattys2017, categoria: Os originais. CAPA FEITA POR: @stephen_curryGP Obra registrada. PLÁGIO É CRIME. Lei nº 9.610, de 1998. #4 em aventura no dia 21/11/17 **Sem revisão** Esquecid...