Capítulo 15: Nas margens do rio...

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    Os pássaros já cantavam alto quando Yulla acordou. Estava com a cabeça encostada em algumas mochilas macias dos caminhantes onde eles guardavam suas ervas medicinais. Ela esfregou os olhos, procurou por Cam e não o encontrou aos arredores.

    Já haviam se passado 10 dias desde que ela enfrentara Ereshkigal. Suas forças vitais estavam enfraquecidas, seus olhos mortos e avermelhados, seus lábios ressecados não importasse o quanto ela os hidratasse, e os caminhantes temiam que ela morresse antes que chegassem até a deusa.

    Yulla gemeu de dor. Sefiron a olhou em pânico achando que ela estava nas ultimas.

    –Onde Cam está? - ela pergunta com a voz quase inaudível.

    – Saiu, para dar uma volta.

    Ela se esforçou ao máximo para se sentar e depois um esforço maior ainda para se levantar.

    – Eu preciso vê-lo.

    – Você não vai andar por aí, não nas condições em que se encontra.

    Ela pegou a lança de Cam que estava encostada na carruagem se sentindo mais revigorada para andar e virou as costas para Sefiron.

    – Se tentar fugir nós a encontraremos! - Sefiron gritou o aviso.

    – Como se eu me importasse. - Yulla sussurrou.

                                                                                              ***

    Como Yulla andava lentamente, ela demorou e muito para achar Cam. Seus ossos doiam como se estivesse rachando e suas articulações ardiam como fogo, no entanto, com todo aquele esforço gritante, ela localizou Cam dentro do rio.

    Ela se aproximou mais da margem do rio até perceber que as roupas de Cam estavam lá.

    Ele está banhando nu? Ela ficou envergonhada com a ideia.

    Cam notou a sua presença e se afastou mais das profundezas do rio, quanto mais ele se aproximava mais o corpo dele emergia das aguas, logo a água estava cobrindo somente metade do corpo dele.

    – Veio dar um mergulho?

    – Estava procurando por você. - ela tentava ao máximo não olhar para o abdomen de Cam.

    – E encontrou. Mesmo assim, veio dar um mergulho?

    – Eu não conseguiria me manter dentro da água e logo me afogaria. Estou muito fraca.

    – Não fraca o suficiente pra ficar me procurando. E além do mais eu posso te ajudar. - ele se aproximou da margem, Yulla virou o rosto, seu rosto estava ardendo e ela sabia que estava vermelha como pimenta.

    – Não. - ela se manifestou envergonhada. Nunca ficara próxima com um homem nu, na verdade, nunca ficara próxima demais com qualquer homem além de Cam naqueles últimos tempos.

    Cam se aproximou dela, ela sentiu seu hálito quente, e as gotas de seu cabelo molhado caiam no rosto dela. Ela o olhou em pânico.

    – Creio que não seja uma boa ideia. - ela comentou sem tirar os olhos dos olhos azul profundo de Cam. Seu coração batia tão forte que doia.

    – Deixe de besteira. - Ele começou a desatar o vestido dela.

    – O que está fazendo? - os olhos dela se arregalaram.

    – Você não pode se banhar com roupas...

    – E por que não?

    Cam riu da cara que ela fez.

    – Por que não teria outra coisa para vestir enquanto suas roupas secassem. - ele puxou o vestido dela pra baixo de uma vez só e ela deu um grito de susto.

    Ela imediatamente cobriu os seios fartos com o braço esquerdo enquanto a mão direita cobria seu sexo. Não acreditava que aquilo estava acontecendo. Cam a ajudou a tirar seus sapatos apertados.

    – Não se envergonhe de sua nudez. - ele falou quando se ergueu novamente. - e não tenha medo de mim, eu não vou atacar você. Os caminhantes não dormem com mulher alguma, é um voto de castidade.

    – Mas você não é mais um caminhante.

    Ele sorriu.

    – Fecha essa matraca para não acabar mais ainda com suas forças limitadas.

    Ele a segurou pela cintura de lado, a guiando até o rio. O toque das mãos quentes de dele a fez se arrepiar. A água refrescante molhou as pernas dela, e logo depois os quadris e quando percebeu já estava com os seios cobertos pela água.

    Ela começou a sorrir feito criança, aquilo era tão bom que ela havia até se esquecido naqueles últimos dias, nem sequer se lembrava das suas dores físicas.

    – Viu? Não precisa temer mal algum. Seu corpo precisava disso.

    – Está dizendo que eu estava tão mal cheirosa assim?

    – Você sabe que não. É que a água é o elemento que faz com que fiquemos mais conectados com a deusa. Ele é o elemento da vida, que faz com que as coisas existam...

    – Ok, eu já entendi. - ela soltou a mão de Cam e mergulhou a cabeça naquelas águas puras.

    Logo Cam sorriu e mergulhou também.

Os caminhantesOnde histórias criam vida. Descubra agora