Capítulo 30: O reencontro

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Sefiron andava atrás de Ereshkigal como um cãozinho atrás do seu dono. Estava tão fascinado que nem conseguia raciocinar direito, mas como poderia? Uma mulher bela, delicada e que o guiava para o lugar que ele mais ansiava ir e ele não ficaria encantado?!

Ereshkigal já estava farta das bajulações daquele humano imprestável. Já achava que fora uma péssima ideia chama-lo para segui-la, porém ele ainda poderia lhe ser útil. Ela poderia muito bem usá-lo como uma espécie de arma no futuro, já havia feito isso com vários outros caminhantes no passado.

– Gostaria de fazer uma pergunta, mas não sei se isso a incomodaria. – Sefiron quebrou o silencio.

A deusa revirou os olhos a sua frente. Movimentou a boca uma ou duas vezes para poder se pronunciar.

– Não se acanhe, faça a pergunta.

– Por que tem tantos símbolos nos braços e no rosto?

– Por que você tem tantas tatuagens no corpo?

O ex líder deu de ombros.

– É um meio de proteção.

– Você acabou de responder a sua pergunta.

– Magnifico. Então a senhorita deve saber que cada símbolo desse serve para vários tipos de proteção contra as forças das trevas e suas manipulações...

Ela deixou ele falando sozinho, nenhum dos símbolos que tinha tatuado no corpo dele servia para proteção corporal contra as trevas, na verdade não tinha serventia nenhuma além de decorar sua estrutura corporal, caso contrário ele teria expulsado Ereshkigal ao mais simples contato, assim como a pedra do rapaz. O idiota não era letrado de magia, seria mais fácil ainda usar seu corpo.

Ela só aguardaria o momento certo para manipulá-lo.

Ambos avistaram uma cabana bem elaborada e a deusa sorriu com satisfação.

Dominius parntos, dominius levitah dominius, le ref Ereshkigal, le Libertatem aquelas palavras e aquela voz ainda estava gravado na mente da deusa, ela tinha a certeza que aquilo havia vindo daquela cabana. Uma criatura humana estava presa ali pronta para servi-la mais uma vez.

Ela não precisou se aproximar da porta para a mesma se abrir. Ela ouviu o suspiro surpreso de Sefiron atrás de si e sorriu demoníacamente.

Lá estava ele, o mais fiel de todos os servos que ela já tivera: Laifet, ainda amarrado pelas cordas embevecidas. Ereshkigal girou sua mão no ar e as cordas se desenrolaram do corpo do imortal em questão de segundos.

Ele olhou para ela sorridente e se levantou.

– Por um instante pensei que não ouviria a minha prece.

– Está pronto para me servir outra vez?

– Eu sempre estive pronto. – falou cerrando os punhos.

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Cam se agarrava ao corpo de Yulla como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo. Ainda não se esquecera da última vez que quase a perdera e não queria que tudo se repetisse. Eles estavam sozinhos dentro da carruagem, Rafahel achou melhor dar um tempo para os dois e Cam agradecia mentalmente, ele percebera que o caminhante não queria nada de Yulla além de sua amizade e o seu bem.

Ela se mexeu em seus braços e ele saiu de seus devaneios. Ainda dormia, apenas procurava uma posição mais confortável nos braços dele. Ele encostou a cabeça na carruagem e fechou os olhos. Tivera um pesadelo na madrugada e buscava esquece-lo, não conseguia sequer pensar nas possibilidades daquele pesadelo se concretizar em verdade. Não queria nada daquilo. Nada.

Os caminhantesOnde histórias criam vida. Descubra agora