Gritos estrangulados ecoaram pelos corredores do castelo, ninguém a vista para saber do que se tratava. Várias pancadas também foram ouvidas e o baque surdo de corpos caindo no piso liso e frio.
Ereshkigal andava debochadamente pelo corredor manchando-o com o sangue que estava impregnado em seus pés. Ela lambeu os dedos das mãos sujando seus lábios e penetrando sangue em sua boca, ela continuou olhando para a frente, não era apenas seu objetivo matar os guardas...
A deusa viu a sacada do terceiro andar no castelo, calculou bem e correu em sua direção, quando chegou perto o suficiente pulou na borda e se jogou para fora dali. Agora era só procurar a saída para o mundo carnal e ela estaria livre.
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Os antigos caminhantes não aparentavam ter a mesma loucura que Laifet tinha, eles eram bastante calmos e respondiam a todas as perguntas que os outros faziam. Rafahel vez ou outra olhava para Yulla, para se certificar de que ela ainda estava lá e isso estava começando a irritar Cam. Nem sabia ele que os motivos de Rafahel era muito diferente do que ele imaginava que seria.
Yulla estava atenta a toda a narrativa, sentada em um tronco aquecida pela fogueira feita a sua frente e enrolada em uma espécie de cobertor fascinada com a história contada quando Cam se sentou ao seu lado.
– Então, Laifet está bem preso? – ela perguntou sem se virar para ele.
– Está. Nós fizemos o que você pediu, o enrolamos na corda embevecida com aquela poção que você milagrosamente ensinou a fazer e ele continua lá, paralisado, como se estivesse em outro mundo, olhando pro nada. Bizarro. – ele bebeu um gole do chá que Rafahel lhe entregou, tinha um gosto refrescante no começo, mas um pequeno amargor no final.
Cam olhou para Yulla e abriu a boca uma ou duas vezes. Ela sorriu achando graça na situação.
– Se quer tanto fazer essa pergunta, faça logo.
– Como conseguiu fazer aquilo? Eu sei que você conseguiu não ser tão atingida por aquela coisa há alguns meses, mas como fez para libertar aquele... poder para derrotar Laifet?
Yulla deu de ombros.
– Magia?
– Não brinque comigo Yulla.
– Eu não estou brincando. – ela riu. – mas não foi só por isso que você veio perguntar para mim, o que mais tem martelando a sua cabeça?
– Por que o tal Rafahel não para de encarar você e você o encarar de volta?
– Ah, agora chegamos ao ponto esperado. – ela falou calmamente.
Cam bufou.
– É só uma pergunta normal.
– Não é não. Você está com ciúmes. – ela sentenciou.
– Isso é ridículo. – ele falou sem olhar para ela.
– Não, é apenas um sentimento normal. – ela olhou para ele com afeto. – não se preocupe senhor líder dos caminhantes, eu não quero nada com ele. Ele apenas está preocupado comigo. Sinto que eles se sentiam atormentados durante todos esses anos convivendo com Laifet.
– Quem não ficaria? Aquele cara é um lunático.
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Laifet tremia e suava descontroladamente. Seus lábios estavam entreabertos e o lábios superior estava cortado do soco que o jovem líder caminhante lhe deu quando ele ofereceu a imortalidade em troca de sua liberdade.
Estava preso em um quarto fechado no local onde descansava, tiraram todos as coisas ali, e ele ficou no canto do recinto.
Os seus braços e pernas estavam dormentes e o seu abdômen doía, porém, mesmo com tudo isso ele ainda estava com sua boca descoberta, então ele poderia falar o que queria.
– Dominius parntos, dominius levitah dominius, le ref Ereshkigal, le Libertatem. – ele esperou alguns minutos, mas nada aconteceu.
Pelo menos nada perto dali.
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Yulla ria tanto que suas bochechas doíam, Rafahel estava contando algumas aventuras de sua adolescência, Cam olhava para ele desconfiado e bastante atento. Não acreditava de forma alguma que ele queria apenas proteger Yulla, ela que era muito ingênua para perceber que ele se interessara por ela.
Rafahel estava no ápice de sua narrativa com todos bem atentos nele, quando pareceu ter sentido algo, assim como os seus que pararam de sorrir e olharam ao redor. Rafahel olhou para a jovem com preocupação e assim fizeram os outros. Ela não gostou nada daquilo, pois segundos depois estava se sentindo desorientada e com um zumbido em ambos os ouvidos. Ela fechou os olhos e abriu várias e várias vezes balançando a cabeça e as vezes dando leves batidas.
Ela viu Rafahel e Cam se aproximarem dela e discutirem entre si sobre algo que ela não conseguia escutar de forma alguma o que poderia ser. Eles olharam para ela e Cam examinou o rosto dela com cuidado e voltou a discutir algo com Rafahel. Ela percebeu que sua visão começar a ficar nublada e pegou no braço de Cam falando algo para ele que ela mesma não podia escutar.
Depois disso a escuridão a consumiu.
Quando Yulla apagou, Cam olhou mais uma vez para Rafahel pedindo ajuda com o olhar até o outro o olhar preocupado e dizer:
– Precisamos ir agora, caso contrário ela morrerá.
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Uma nuvem de poeira negra cobriu a saída daquele plano do Sheol. Os guardas que ali se encontravam ficaram sem enxergar um palmo da sua frente. Quando viram o que estava em sua frente já era tarde demais pois Ereshkigal já estava arrancando os seus corações.
Sem que ela precisasse pegar na maçaneta a porta de pedra vermelha se abriu. A sua saída daquele mundo estava quase próxima, agora só faltava mais um plano do Sheol para pegar seu cajado, sair de lá e ter sua vingança.
A nuvem de poeira atrás de si se dissipou quando passou pela porta descobrindo mais de 100 corpos grotescos, demoníacos e mortos.
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Os caminhantes
Adventure🏆 6 indicações ao ADA2018 ; Vencedor do Prêmio Wattys2017, categoria: Os originais. CAPA FEITA POR: @stephen_curryGP Obra registrada. PLÁGIO É CRIME. Lei nº 9.610, de 1998. #4 em aventura no dia 21/11/17 **Sem revisão** Esquecid...