Capítulo 13: Ereshkigal.

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Ás vezes Yulla achava que estava ficando louca. Todas os dias, quando estava quase anoitecendo ela via a mesma mulher na floresta, a mesma mulher de cabelos ondulados e tão dourados como ouro puro. Ela encarava Yulla entre as árvores e as vezes chegava até mesmo a sorrir para ela.

Yulla, que era uma menininha de 7 anos não entendia muito bem as coisas da vida e nem o quão mau e traiçoeiras as pessoas podem ser.

Ela já chegou a acenar muitas vezes para aquela mulher, e a mulher sempre acenava de volta e fazia o mesmo gesto com as mãos que Yulla tentara repetir inutilmente.

Então, quanto mais ela ia crescendo, menos ela via a mulher e mais ela tinha pesadelos. Só existiam alguns momentos em que ela não tinha pesadelo: quando, antes de dormir, ela passeava pela floresta.

Aquilo foi se tornando cada vez mai costumeiro, já que os pesadelos estavam se tornando cada vez mais piores e ela queria se livrar deles.

Uma vez em questão, em uma de suas caminhadas, ela viu algo diferente, e foi nessa época que seus pais a deram como louca e resolveram a entregar para a deusa. Ela estava andando pela floresta em uma noite comum, com os pés descalços e usando uma camisola branca super fina, até topar com algo que nunca havia visto antes.

Era um ser alvo, tinha cabelos compridos e prateados como a lua, parecia ser feminino, pois tinha seios nus e cheios, suas unhas eram grandes e estavam manchadas de vermelho. ela usava uma saia branca que também estava suja com um liquido vermelho. seu tórax estava cheio de símbolos negros e cicatrizes.

Yulla paralisou quando teve aquela visão. Não tinha forças sequer para gritar, o medo tomou conta de seu ser que nem sequer respirar se atrevia. A criatura alva levantou o rosto para admirar a lua cheia, seus cabelos balançavam de acordo com a brisa fraca. pareciam ser tão leves quanto algodão.

Ela parecia estar em um costumeiro ritual, pois fechou os olhos e e começou a falar em uma língua que Yulla não conhecia naquela voz bizarra e amedrontadora.

Parecia que ela havia sentido que seu ritual estava sendo profanado, pois virou exatamente para o lado que Yulla ainda estava paralisada. A garota tentou gritar, mas não conseguiu, e aqueles olhos amarelo fogo encararam o seu com curiosidade e irritação.

Quanto mais a coisa se aproximava, mais Yulla tinha a certeza de que iria morrer. Isso até um grupo de cavaleiros, mandados pelo seu pai para lhe encontrar toparam com ela, fazendo com que a coisa sumisse e não fosse avistada por eles.

Aquela memória ainda estava fresca na mente de Yulla, fresca a ponto de se assustar com o toque de Cam nas suas costas a fazendo gritar de susto.

Ela o encarou como se tivesse visto a coisa em pessoa outra vez. Cam levantou uma das sobrancelhas sem entender o motivo do susto e tirou as mãos das costas dela.

- Estava apenas tentando te aquecer, ok? Você está mais fria que um morto. - Ele a observou bem. - E parece branca como um morto também. Você não parece nada bem.

- Ficar acorrentada dentro de um lugar minúsculo não faz com que uma pessoa fique muito bem. - ela desconversou.

- É algo a mais.

- Não quero conversar sobre isso.

- Então eu estou certo.

- Está, está super certo. - ela revirou os olhos, mas seu coração pulou com o medo de que ele descobrisse sobre aquilo só pelos simples fato de olhá-la.

A porta da carroagem é destrancada com violencia por um dos caminhantes, enquanto outro aponta uma besta improvisada na direção deles, na verdade na direção de Cam porque eles não acreditavam naquela pacifidade toda dele. Ele não costumava agir com calma, principalmente estando preso.

Os caminhantesOnde histórias criam vida. Descubra agora